PLANOS DE SAÚDE FAZEM O QUE QUEREM COM AJUDA DA JUSTIÇA
Saindo do marasmo habitual na fiscalização dos planos
privados de saúde a ANS anunciou punição para 26 operadoras, proibidas de
vender 246 planos a novos clientes. Mas a punição esbarrou na nossa “justiça”,
que acatou recurso das operadoras para que a ANS refaça os cálculos sobre o
número de reclamações dos consumidores, atendo-se a tecnicalidades, como
sempre.
O que os nossos magistrados não levam em conta é que as
operadores privadas ocupam, há 12 anos,
sim, mais de uma década, o primeiro lugar no ranking de reclamações do
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e que as demandas judiciais contra
os planos só fazem aumentar.
De dezembro de 2011 a março de 2012, por exemplo, 191
operadoras sofreram reclamações de 2,98 mil consumidores. Nenhuma foi punida
pela ANS. Esses números aumentam sensivelmente em períodos mais recentes, numa
prova inequívoca de que os serviços prestados só veem piorando. De março a
junho de 2013, o número de operadoras que sofreram reclamações foi de 523 provocadas por nada menos que 17,7 mil
consumidores, mas apenas 26 prestadores de serviços sofreram algum tipo de
punição.
É óbvio que alguma coisa está errada e que a fiscalização da
ANS é ineficiente, agravada agora pela ajuda da “justiça”.
Como forma de burlar a legislação e os direitos dos
consumidores, praticamente obrigados a procurarem o setor privado de saúde, já
que todo mundo sabe que o setor público não dá conta da demanda, as operadoras
começaram a dificultar o acesso aos planos individuais. Em alguns Estados já é
impossível associar-se individualmente. A pilantragem é simples: os planos
individuais tem os aumentos anuais regulamentados pela ANS. Ainda que generosos
não se comparam aos que podem ser feitos aos planos coletivos, que não estão
sujeitos a essa regulamentação. Não são poucos os casos em que forma
registrados aumentos na casa dos 40 por cento.
E os abusos não param por aí: além dos aumentos abusivos, o
que se vê é o crescimento das negativas de coberturas, rescisões unilaterais e
descredenciamentos de serviços, na maioria dos casos substituídos por outros de
qualidade inferior. As multas eventualmente impostas pela ANS muito raramente
são pagas. Seguindo a tradição da nossa “justiça”, os recursos infindáveis
transformam em letras mortas as punições impostas, postergando-as ao infinito
ou transformando-as em quantias irrisórias, depois de anos e anos de pendengas.
São 48 milhões de consumidores a mercê das operadoras, que
contam apenas com a proteção vacilante da ANS e da boa vontade eventual de
juízes a quem têm que recorrer cada vez mais em busca de um mínimo de qualidade
nos serviços contratados.
Vamos ver se “justiça” e a ANS desta vez conseguem alguma
vitória, ainda que chocha contra as operadoras
Veja abaixo os números do monitoramento trimestral da ANS:
DE DEZ/11 A MAR/12
|
DE
MAR/2012
A JUN/2012
|
DE
JUN/2012
A SET/2012
|
DE
SET/2012
A DEZ/2012
|
DE
DEZ/2012
A MAR/2013
|
DE
MAR/2013
A JUN/2013
|
191 OPER COM RECLAMAÇÕES
|
162
OPER COM RECLAMAÇÕES
|
233
OPER COM RECLAMAÇÕES
|
415
OPER COM RECLAMAÇÕES
|
480
OPER COM RECLAMAÇÕES
|
523
OPER COM RECLAMAÇÕES
|
NENHUMA PUNIDA
|
37
PUNIDAS
|
38
PUNIDAS
|
29
PUNIDAS
|
NENHUMA PUNIDA
|
26
PUNIDAS
|
2,98 MIL RECLAMAÇÕES
|
4,68 MIL
RECLAMAÇÕES
|
10,1 MIL
RECLAMAÇÕES
|
13,6 MIL RECLAMAÇÕES
|
13,3 MIL
RECLAMAÇÕES
|
17,7
RECLAMAÇÕES
|
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