AS CONTRADIÇÕES DE EDWARD SNOWDEN E AFINS
Esquerdinhas de plantão e arautos desavisados da democracia
foram, são, unânimes em festejar as denúncias de Snowden e de Glenn Greenwald
do The Guardian, que revelaram os documentos da NSA, mostrando que os Estados
Unidos espionam o mundo inteiro.
Em primeiro lugar deixemos de lado a hipocrisia diante da
surpresa da notícia. Desde que o mundo é mundo todo mundo espiona todo mundo.
Na literatura e na vida real. O que mudou foram os métodos. Vamos atentar para um “pequeno” detalhe nessa
história toda: o que tem sido aberto são informações sobre os governos
ocidentais, basicamente os Estados Unidos. E os outros? Por acaso a Rússia, a
China, só para ficar em dois exemplos, também não espionam?
Calma já. Não se trata de justificar esse ou outro ato
qualquer, mas de colocar as coisas em seu devido lugar.
Quem é Snowden? Um espião. Pura e simplesmente um espião que
desertou, nada mais. Ingenuidade classifica-lo como um democrata ou um ingênuo
que estava trabalhando num serviço de espionagem e pensou que se tratava de uma
lanchonete do Mac Donalds. Um espião que vaza dados a seu bel prazer, com
direção calculada destinada a criar atritos entre governos escolhidos a seu
gosto. Podemos aproveitar as suas informações para refletir sobre a politica externa
(leia-se de espionagem) dos países ocidentais? Claro que sim, mas isso é outra
história.
Transformar Snowden em paladino das liberdades ou pautar a
política externa de um país a depender das informações divulgadas pelo seu
parceiro Glenn Greenwald é muito ingenuidade ou oportunismo.
É engraçado ver Snowden falar em liberdade na Rússia
governada por Vladimir Putin, um ex-agente da KGB que apoderou-se dos recursos
naturais russos para se transformar em um dos homens mais ricos do planeta. Que
se lixa para os prejuízos ao meio-ambiente, comandando uma exploração de
recursos naturais mais danosos do planeta, que mata e prende jornalistas,
homossexuais e qualquer um que fale mal dele ou se oponha, pacificamente ou
não, ao seu governo. E interessante saber como reage, intimamente, Greenwald
vendo que o seu maior parceiro na revelação dos dados secretos da NSA procurou
abrigo justamente em um país que é um dos maiores repressores de pessoas
compartilham da sua opção sexual.
O que está em jogo é, como perdão da repetição, apenas uma jogada ainda não esclarecida da
espionagem mundial. Snowden é um espião que fugiu com dados sigilosos do seu
país. Ponto. E está fazendo um jogo. Nada mais que isso. Gleenwald, como
jornalista, pode se aproveitar dessas informações para fazer suas matérias, mas
não pode se fazer de ingênuo no jogo, nem se travestir de paladino das
liberdades, nem fazer de conta que não está ajudando, quer queira quer não, no
jogo pesado da espionagem entre as superpotências mundiais como se dizia no
tempo da Guerra Fria.
Os demais governos, envolvidos ou não, na divulgação
seletiva das informações caberia ter certos cuidados nos seus arroubos
indignados. E verificar antes se não estão jogando pedras para o alto que depois
podem, simplesmente, cair nos seus próprios telhados de vidro. O mesmo vale
para os ingênuos amantes das liberdades, que podem apenas estar fazendo parte
de um jogo que nada tem a ver com democracia ou liberdade.
Ter os dados dos nossos computadores espionados é sem dúvida
ultrajante, mas vamos deixar de ingenuidades. Muito antes do meu e do seu
computador atrair as atenções da NSA estamos sendo espionados e classificados
por um número infindável de empresas interessadas em administrar e ganhar –
muito – dinheiro com isso – noves fora os delinquentes chinfrins de plantão – e
os nossos governos pouco ou nada fazem sobre isso.
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