AS PESSOAS INCOMUNS E O SISTEMA PENITENCIÁRIO


Sim, já falei que o assunto estava abundando,  mas não resisti.  Não temos experiência na prisão de pessoas importantes, gente fina e altaneira, daí resultam situações – pra dizer o mínimo – esquizofrênicas. Os condenados do mensalão, incluindo parentes, amigos e correligionários querem – e estão certos – um cárcere com um mínimo de dignidade. Mas como querer, no Brasil, uma prisão com um mínimo de dignidade sem que isto seja um privilégio?

Seria realmente justo colocar gente como Jose Genuíno, a tal senhora dona do Banco Rural, Roberto Jefferson e demais envolvidos no tal processo, numa cela superlotada, infecta, sujeitos as condições desumanas e cruéis de todas as nossas prisões? No Brasil, para viver numa prisão, com um mínimo de dignidade só mesmo nos tais presídios de segurança máxima, onde todos, ou a maioria, dos “privilégios” não são permitidos. Pelo menos o cara fica preso sozinho numa cela. Jogados no ambiente igualitário dos nossos presídios essa gente sobreviveria?

Ah, dirão aqueles que querem que a justiça seja cumprida e que acham, corretamente, que não devem haver privilégios em razão da classe, ambiente social ou seja lá o que for. Tá, mas foram condenados apenas a prisão, não à uma tortura emocional, mental e física capaz de lhes levar a consequências imprevisíveis e irreparáveis. Afinal, não foram condenados a isso.

Mas e o resto? Aqueles pobres, despossuídos que entopem as nossas prisões? Foram condenados a toda espécie de tortura física, mental e emocional, capaz de leva-los a consequências imprevisíveis e irreparáveis?

Uma reforma decente do nosso sistema penitenciário, do qual muitos desses senhores foram, em outros momentos responsáveis, mas nada fizeram, levará muito tempo. E não se vislumbra no horizonte nada que indique existir em nossos governantes e legisladores qualquer atitude ou interesse  nesse sentido.

Até lá o que fazer com essas pessoas “incomuns” ao sistema? Jogamo-los aos leões ou damo-los alguns privilégios? Sinceramente não tenho respostas corretas, nem acho que a maioria tenha.

Mas seria bom – pelos menos - que os nossos políticos e dirigentes, que tantas loas tecem as maravilhosas conquistas sociais dos últimos governos,  quando forem visitar os colegas, a bordo de vans com ar condicionado, todos sorridentes, furando fila e o horário pré-determinado para as visitas, deem uma olhada na situação dos demais presos “comuns”. Vai que... né?


Aliás, o mesmo vale para o nosso maravilhoso sistema de saúde, o glorioso SUS, incluindo aí a sapiência exclusiva dos médicos cubanos (vamos incluir os que elogiam só no Facebook, sem ir, ao Mais Médicos) que refletissem melhor sobre as diferenças sociais também na hora de tratar da saúde e não só de ir pra cadeia. Entre o SUS e o Sírio Libanês, para onde sempre vão, convém dar uma voltinha em - pelo menos - um posto do serviço público. Nesse caso o “vai que” nem procede, mas poderia fazer um bem danado a saúde do povo brasileiro.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DE QUEM É ESSE JEGUE, ESSE JUMENTO NOSSO IRMÃO?

UM SONHO DE XOXOTA EM BARRA GRANDE

ABSTENÇÃO: PROTESTO OU DESINTERESSE?