FALTA D’ ÁGUA, FALTA DE CONSCIENCIA, FALTA DE CIDADANIA...

Está faltando água em São Paulo, com várias cidades, inclusive a capital, sob ameaça de racionamento.  Mas as pessoas continuam agindo como se nada estivesse acontecendo. A Sabesp e demais cias responsáveis pelo abastecimento não sabem se comunicar adequadamente para fazer com que a população se conscientize da necessidade de poupar para evitar o racionamento. Os governantes, em ano de eleição, evitam o “pânico” e vão empurrando o problema com a barriga, até que venha, finalmente, o racionamento. Mas o mais grave mesmo é ver as pessoas pouco se incomodando com o que possa acontecer e continue esbanjando água sem nenhum constrangimento.

Vou tomar emprestado, de Ignácio Loyola Brandão, trechos de sua coluna O Arco-íris da seca anunciada, publicada na última sexta-feira, no jornal Estado de São Paulo, para ilustrar o que vejo todos os dias pelas ruas dessa cidade.

Que futuro nos espera, que diabos pensa essa gente, que só pensa no próprio umbigo e se lixa para a comunidade. A questão da água ilustra como nos comportamos, ilustra bem como é a nossa forma de viver em sociedade, como ninguém, ou a maioria, pouco de importa com os demais, desde que as suas necessidades particulares sejam atendidas. É triste viver num país como esse. Reconto as histórias de Loyola, mas já vivi muitos desses episódios e recebi respostas em tudo semelhantes. Vamos a elas:

“Vinha pela rua, a empregada lavava a calçada, eu disse amavelmente:
Desculpe-me, a senhora nõa sabe que a água está sendo um problema?Ah! É?
Não tem chovido, precisamos economizar á agua.
E continua sem me olhar.
A senhora ouviu o que eu disse?
Ouvi
E...?
O senhor se meta com sua vida.

Outra:
Um senhor atirava o jato de água contra as folhas, conduzindo-as aos bueiros.
Por que faz isso?
O que? O que estou fazendo para irritar o senhor?
Mudei o tom, não percebi, devia ter me exaltado.
-     Primeiro, gastando água. Segundo, mandando as folhas para o bueiro, que vai entupir. E quando as chuvas chegarem vai ser aquela calamidade.
-       Quem é o senhor? Fiscal
-       Não.
-       Por que se preocupa com água? Está faltando?
-       Pode ser que falte, olhe a seca, o sol, o calor.
-       Quando faltar o problema é meu.
E mais uma:
No final do diálogo Laoyola adverte, mais uma vez,  uma outra senhora que varria a calçada munida de uma mangueira:
-       - ... a água pode acabar.
-       - Se acabar, meu patrão compra. Sabe quem é o meu patrão?
-       - Não
-       - Um ricão. Não se preocupe, aqui nunca vai faltar água.

Sexta feira é o dia municipal, em São Paulo, de lavar calçadas. Casas, prédios, mansões, casinhas, não importa o grana, o bairro, as posses, o grau de escolaridade. To do mundo munido de sua mangueira varrendo as calçadas e pátios. Com água potável. Os postos continuam lavando, sem constrangimento algum, carros e mais carros. A maioria alega ter poço artesiano. Então tá, vamos gastar.

Quem sabe, como diz Loyola o pessoal acredite mesmo, que se faltar água a gente traga o precioso líquido, como se dizia antigamente, da Bolícia, de Cuba, da Venezuela, dos países amigos....


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