OS MORTOS/VIVOS NAS REDES SOCIAIS



Comigo já aconteceu. Pelo visto é relativamente comum, mas não me acostumo, por exemplo, a receber um aviso do Linkedin, que um amigo meu, morto há quase um ano, que ser meu contato no aplicativo. Sinceramente não creio que valha a pena ter uma rede de relacionamento empresarial entre espíritos, por mais iluminados que sejam. Também, confesso, me causa certo constrangimento ser avisado pelo Facebook, que fulano faz aniversário hoje, quando eu bem sei que o dito cujo se aniversário festeja é entre os anjos, ou demônios, vai saber. No último aviso, só por curiosidade, fui na página do falecido e além dos votos de saúde, vida longa e outras impropriedades tinha também estórias comoventes e mensagens de familiares, todas mais ao menos num tom que insinuavam estarem elas sendo vistas pelo defuntado.

Mas agora tudo vai mudar e, em breve, um aplicativo, chamado de Eterni.me, vai permitir interações em redes sociais, fotos, e-mails e conversas em chats, fornecidos pelo usuário que – com a ajuda de inteligência artificial – poderá criar um avatar virtual da pessoa a ser acionado após a sua morte.


Dessa forma o avatar poderá continuar interagindo com amigos e parentes do morto, lembrando aventuras, fatos e até mesmo dando conselhos. “É como fazer um chat no Skype com o passado”, diz o serviço, para atrair clientes.

Segundo matéria publicada no Estadão, o Eterni.me ainda está em fase de desenvolvimento, mais já recolhe e-mails de interessados. Mais de 1,3 mil pessoas mandaram seu e-mail para o Eterni.me só nas primeiras 24 horas após o lançamento do serviço.

Nada contra com quem pretende se eternizar pelo menos nas redes sociais, mas no que me diz respeito estou fora. Já avisei aos familiares: não quero ser um morto-vivo das redes sociais. As senhas e demais instrumentos para acessarem a minha participação nas redes sociais já estão disponíveis para que acessem e encerrem as minhas participações quando for desta para melhor. Se quiserem guardar alguma coisa para as gerações futuras de familiares tomarem algum conhecimento das bobagens que postei, que façam cópias. Ou, no mínimo, deixem bem claro que tudo são coisas do passado e que o autor já se foi. E por isso também merece ser perdoado pela bobagens que prepertando.

Morto vivo nas redes sociais não quero não. 

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