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Mostrando postagens de maio, 2014

O USO DO MEDO NA PROPAGANDA ELEITORAL

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Nas últimas inserções partidárias o PT usou, há de se reconhecer com muita competência, alguns dos recursos que serão utilizados, com toda certeza, no decorrer da próxima campanha, baseados nas mais recentes descobertas da neurociência de que o eleitor em geral vota muito mais com a emoção do que com a razão. A peça, que ameaça os eleitores com a volta de uma hipotética situação de caos, tristeza e extrema pobreza, “uma volta atrás”, ao passado, quando os adversários do PT estavam no poder, verdadeira ou não, surtiu seus efeitos e incomodou a oposição, que – ciente dos possíveis prejuízos - buscou acolhida nos tribunais para que fosse retirada do ar. O medo é a emoção primária fundamental, a mais importante de nossa vida, capaz de influenciar com muita força as informações de quem as recebe. A afirmação, baseada também em estudos da neurociência, é do sociólogo espanhol Manuel Castells – autor entre outros de A Sociedade em Rede e Redes de Indignação e Esperança – Movi

SIM. EU VOU TORCER PELA SELEÇÃO

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Alguns conhecidos torceram o nariz. Como assim? Vou torcer, primeiro porque gosto de futebol e de esportes em geral e torço por qualquer atleta ou equipe nacional. Vibro com a seleção de vôlei, de basquete, torço pelos nossos atletas da natação e vibro até por uma tenista recém surgida, cujo nome nem sei, mas que está fazendo sucesso nesse esporte dito “elitista”. Torço porque acho que uma coisa não tem a ver com a outra, por mais esforços que governantes de plantão e demais desavisados façam para mistura-las. Torço porque me lembro da década de 70, quando lutávamos contra a ditadura e parecia impossível torcer pela seleção sem que isso significasse apoiar o regime. Na época governo e seleção pareciam irmãos siameses, com o então presidente de plantão, um amante do futebol, intrometendo-se inclusive na escalação, embora sem sucesso. Lembro das intermináveis reuniões onde esse assunto era discutido à exaustão e saíamos todos decididos a, quando muito, assistir silenciosos os jo

LADRÃO DE GALINHAS CHEGA AO SUPREMO

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Não, não é isso que você pensou. Mas nesta semana a Corte julgou um caso envolvendo o furto de duas (isso mesmo: duas) galinhas em uma cidade de Minas.   Causa perplexidade, pelo menos a mim, que a mais alta Corte do país pare para julgar um caso de tamanha importância (detalhes mais adiante). O que acontece com a nossa Suprema Corte? No momento em que o mais importante tribunal de um país debruça-se sobre a concessão de habeas-corpus para uma pessoas acusada de roubar duas galinhas, alguma coisa está errada, muito errada. E não para por aí. Em breve mais casos de alta relevância chegarão à Corte: Furto, em suma casa, de um ferro de passar, um carregador de celular, um fone de ouvido e uma chave de fenda, entre outros objetos do mesmo quilate. Valor da causa: R84,89 – E outro furto, este em um supermercado, de seis barras de chocolate, cujo valor da causa está estimado em R$31,80. As galinhas custam no máximo R$40,00. Já o Supremo custa ao país nada menos que

COMO SE COMPORTAR NUMA ELEIÇÃO EM DOIS TURNOS

Existe uma técnica ou uma estratégia, como queiram, para eleições em dois turnos, interessante se aplicada no caso das eleições presidenciais brasileiras. São duas as hipóteses, considerando-se a existência de três partidos e, numa delas, um franco favorito. Na outra, três candidatos, nenhum favorito. Na primeira os dois partidos que competem para ir ao segundo turno devem ter paciência e muito controle para atirar exclusivamente no favorito. Tomando cuidados com o seu competidor mais próximo, com ambos atacando exclusivamente o favorito é possível atrair pelo menos uma boa parte do eleitorado do terceiro colocado, para aquele que conseguiu ir ao segundo turno. Na outra hipótese, com três igualmente competitivos, a técnica sugere que cada um deve eleger apenas aquele que análises e pesquisas mostram com mais chances de ir para o segundo turno e, obviamente, tratar o outro com cuidado, contando assim com a possibilidade de vir a ser apoiado pelo eleit

A BARBÁRIE TOMA CONTA DA SOCIEDADE. PARA ONDE VAMOS?

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 O que está acontecendo no Brasil? Cabeças são cortadas com regularidade em presídios, pessoas são mortas a golpes de paus e pedras, apenas por serem consideradas suspeitas de terem cometidos crimes, ônibus são depredados e queimados as centenas, sem que se saiba sequer os motivos, assim como bancos, lojas e prédios públicos. Há até mesmo o inusitado caso de assassinato de pessoas com vasos sanitários, atirados em momento de fúria, de uma altura de 24 metros, em estádio do Recife. Em Foz do Iguaçu duas jovens, de 19 e 15 anos, executaram uma adolescente de apenas 13 anos, por conta de ciúmes de um namorado de uma delas. Pai, madrasta e amiga juntam-se para assassinar um criança de 11 anos por, aparentemente, questões de herança ou pior, pelo fato da criança ter se transformado num incômodo na relação. São apenas alguns exemplos de cenas que passaram a fazer parte do nosso cotidiano. A explicação, de vulnerabilidade social, usada a torro e a direito, não

DOMINGO RECEBO O VOLUME MORTO AQUI EM CASA . OH, CÉUS!

Depois de percorrer quilômetros e quilômetros de tubulações ele chega aqui, nas nossas torneiras no domingo. Pra ser franco nunca havia passado por minha cabeça receber nenhum volume morto, fosse lá do que fosse. Mas, entre explicações técnicas, muita demagogia e politicagem aqui estou eu prestes e me entender com esse tal de volume morto. Ainda não sei como me preparar adequadamente. Como será ele, levemente colorido, tipo assim, meio cinza? Terá um cheirinho diferente? Será que é bom pra pele, já que provavelmente, pelo menos é o que ameaçam especialistas surgidos aparentemente do nada, mas todos cheios de teorias sobre esse tal de morto, que possui, além de água propriamente dita, uma série de outros elementos, que ninguém sabe ao certo quais são, em   suas entranhas misteriosas? Junto com o volume morto me vem a consciência de que estamos vivenciando a guerra pela água. Declarada e bem viva. A legislação brasileira sobre o assunto, como em quase tudo ne

DE QUEM É ESSE JEGUE, ESSE JUMENTO NOSSO IRMÃO?

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Milhares de jegues estão sendo abandonados Brasil afora, basicamente no Nordeste, substituídos pela motos. Companheiro de longos e longos anos, puxador de carroça, arado, transportando pessoas, participando da vida do nordestino, protagonista de músicas famosas, vem sendo simplesmente abandonado, transformando-se num problema para as autoridades, causador de acidentes, muitos deles fatais, nas estradas por onde perambulam em busca de alimento. Agora, estão também ameaçados de ir para os matadouros, ideia alvoraçada de um promotor desocupado da cidade de Apodi, que quer incluir a carne de jegue no cardápio regional e sonha com a importação em grande escala desse que já foi símbolo nacional. O buraco, como sempre é mais embaixo. O problema no momento é o abandono. Recentemente, o Detran do Ceará se viu na obrigação de recolher os bichos abandonados e com isso diminuir os acidentes nas estradas. Não resolveu um problema e criou outro ao ver-se de repente responsável por

MARINA AJUDA OU ATRAPALHA EDUARDO CAMPOS?

No 13 o Fórum de Comandatuba, na Bahia, que reuniu cerca de 320 empresários, Eduardo Campos e Aécio Neves aproveitaram a oportunidade, principalmente pela ausência, inédita, dos ministros de Dilma, para cortejar o PIB brasileiro. Aécio, na opinião da maioria dos presentes, saiu-se melhor que Campos, que – segundo um dos líderes empresariais – “com Marina, ele toma muito cuidado no trato de certos temas para não feri-la ou contrariá-la”. Segundo reportagem de Pedro Venceslau, enviado especial do jornal Estado de São Paulo ao evento, “muita gente na plateia percebeu que Marina fazia ‘cara feia’ quando o tucano exaltava a boa relação com o ex-governador”.   Marina fez questão, inclusive, ao final do debate de ressaltar as “divergências profundas” entre Campos e Aécio, principalmente quanto ao reconhecimento dos avanços sociais do governo Lula, de quem ambos foram auxiliares diretos no primeiro mandato. Um empresário do ramo de alimentos, segundo Venceslau, e

AOS JOVENS (MARIO VARGAS LLOSA – TRECHOS)

            ... Os que frustrados pela falta de ação das lutas políticas em seus países em que predomina uma democracia medíocre e rotineira, tornam-se cínicos, desprezam a política e optam pela filosofia do “quanto pior melhor”, deveriam observar o   método de luta dos jovens venezuelanos, por exemplo, na Av. Francisco de Miranda, no centro de Caracas, onde rapazes e moças convivem há várias semanas, organizando debates, seminários, explicando aos transeuntes seus projetos de anseios para a futura Venezuela, quando a liberdade e a legalidade retornarem e o país despertar do pesadelo em que vive há quinze anos.             Os que chegaram à deprimente conclusão de que a política é uma tarefa imunda, de indivíduos medíocres e ladrões, que, portanto, é preciso virar-lhe as costas, venham para a Venezuela. Falando, ouvindo e aprendendo com esses jovens, comprovarão que a ação política pode ser também nobre e altruística, uma maneira de fazer frente à barbárie e derrotá-la