A BARBÁRIE TOMA CONTA DA SOCIEDADE. PARA ONDE VAMOS?
O que está acontecendo no
Brasil? Cabeças são cortadas com regularidade em presídios, pessoas são mortas
a golpes de paus e pedras, apenas por serem consideradas suspeitas de terem
cometidos crimes, ônibus são depredados e queimados as centenas, sem que se
saiba sequer os motivos, assim como bancos, lojas e prédios públicos. Há até
mesmo o inusitado caso de assassinato de pessoas com vasos sanitários, atirados
em momento de fúria, de uma altura de 24 metros, em estádio do Recife. Em Foz
do Iguaçu duas jovens, de 19 e 15 anos, executaram uma adolescente de apenas 13
anos, por conta de ciúmes de um namorado de uma delas. Pai, madrasta e amiga
juntam-se para assassinar um criança de 11 anos por, aparentemente, questões de
herança ou pior, pelo fato da criança ter se transformado num incômodo na
relação.
São apenas alguns exemplos de cenas
que passaram a fazer parte do nosso cotidiano.
A explicação, de vulnerabilidade
social, usada a torro e a direito, não serve para esclarecer esses fatos e
comportamentos. Goste-se ou não do PT é evidente que houve, na última década,
uma melhoria, ainda que moderada, nas condições sociais. Além disso, muitos dos
envolvidos nas ações violentas são de classe média/alta, com “educação
superior” e bem de vida.
O tal de brasileiro cordial sumiu do
mapa. É verdade que o país sempre foi violento, ainda que por baixo da capa
cordial, terna e alegre, tão usada para a construção de um ideário de uma
sociedade dos trópicos. Mas, ao contrário do que se poderia supor, os traços de
barbárie social e perversidade, legados pelo nosso passado
colonial/escravagista não foram sequer atenuados. Estavam, na melhor das
hipóteses, apenas levemente adormecidos. Mas, permanece a pergunta, qual foi o
gatilho que os fez despertarem e ainda mais nessa escala, obviamente
exacerbada?
Tudo o que se esperava era
exatamente o contrário. Com a melhora nas condições de vida – sim, sei que há
ainda muito, muitíssimo a se fazer – já existe hoje toda uma geração formada em
um ambiente menos excludente, com acesso a bens de consumo e na escola, que -
por pior que seja - areja o raciocínio, abre novas perspectivas. O que se
esperava era – pelo menos – um certo progresso civilizatório, ainda que
incipiente.
Qual a resposta? Não sei. Tem gente
sugerindo que sociólogos, psicanalistas, psicólogos e afins se debrucem
imediatamente sobre o problema. Falta incluir os políticos e as autoridades em
geral. Candidatos e partidos políticos tem que incluir a questão,
preferencialmente sem demagogia ou soluções baratas, tiradas de mangas do
colete. A sociedade civil organizada também precisa refletir e propor soluções
para o problema que – diga-se logo – não é exclusivamente da competência das
polícias. Passa por uma reforma educacional, por questões econômicas, pela
reforma e modernização das polícias e, com certeza absoluta do judiciário. Isso
para ficar no mínimo. Se deixarmos tudo como está vamos para a barbárie e isso,
com certeza, não fará bem a nenhuma de nós.
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