MARINA AJUDA OU ATRAPALHA EDUARDO CAMPOS?


No 13o Fórum de Comandatuba, na Bahia, que reuniu cerca de 320 empresários, Eduardo Campos e Aécio Neves aproveitaram a oportunidade, principalmente pela ausência, inédita, dos ministros de Dilma, para cortejar o PIB brasileiro. Aécio, na opinião da maioria dos presentes, saiu-se melhor que Campos, que – segundo um dos líderes empresariais – “com Marina, ele toma muito cuidado no trato de certos temas para não feri-la ou contrariá-la”.

Segundo reportagem de Pedro Venceslau, enviado especial do jornal Estado de São Paulo ao evento, “muita gente na plateia percebeu que Marina fazia ‘cara feia’ quando o tucano exaltava a boa relação com o ex-governador”.  Marina fez questão, inclusive, ao final do debate de ressaltar as “divergências profundas” entre Campos e Aécio, principalmente quanto ao reconhecimento dos avanços sociais do governo Lula, de quem ambos foram auxiliares diretos no primeiro mandato.

Um empresário do ramo de alimentos, segundo Venceslau, exemplificou a dificuldade de Campos ao falar sobre o trecho do discurso dele, no fórum, abordando a crise no setor do etanol: “Em vez de criticar o descaso de Dilma com o setor sucroalcooleiro e defender a redução do preço do etanol, ele ficou falando sobre a importância de existir um selo ambiental para o combustível”.

O grande desafio de Eduardo, além dos eventuais problemas com o empresariado, será tentar capturar o voto difuso que Marina obteve em 2010 e, obviamente ampliá-la com eventuais dissidências nas áreas do PT e do PSDB. O problema é que a votação de Marina foi resultado de uma confluência de eleitores bastante diversos, numa situação muito especifica, que pode não se repetir nessas eleições.  Na época reuniu os insatisfeitos com José Serra, eleitores tradicionais do PT insatisfeitos com o governo, principalmente aqueles mais a esquerda, além dos evangélicos. 

Resta saber que os “insatisfeitos” do momento ainda veem Marina e por tabela Eduardo Campos, como alternativa para o seu voto. Os evangélicos vão entrar divididos já que existe um candidato, o pastor Everaldo, da Assembleia de Deus, o grupo mais forte entre os evangélicos. Além disso vai ser preciso que eles identifiquem a “irmã”, que não é cabeça de chapa, como uma espécie de avalista de Eduardo Campos.

Para ter sucesso Eduardo Campos precisa necessariamente de votos em São Paulo, além de se tornar mais conhecido além do Nordeste. A seu favor existe a possibilidade de uma série de partidos, que tem interesse em um segundo turno para aumentarem o valor do seus respectivos passes, que possam colocar as suas máquinas partidárias para trabalharem a favor da sua candidatura.  E certo que o restante dos 30 partidos não têm interesse que o PT e o PSDB ganhem rapidamente. E aí pode estar uma brecha a ser explorada por Eduardo.

Se a jogada de unir-se a Marina teve o mérito de criar um surpreendente fato político, além do ganho de um discurso com ares de uma “nova forma de fazer política”, Campos enfrenta agora o desafio dessa busca dos eleitores do que se convencionou chamar de terceira via, com o agravante de que no Brasil, ela seja extremamente difusa. Além disso vai ter que suar a camisa para provar que Marina não será um empecilho na formatação e implantação de políticas econômicas que o país tanto precisa, mas que a sua vice parece relutar em aceita-las.

Uma coisa já parece certa, ainda que favorita, essa não será uma eleição fácil para Dilma.


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