Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura...” *

Sepultura parece ser o destino da última flor do Lácio, a julgar pelos resultados das provas do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. Em todo o Brasil nada mais, nada menos que 6 milhões, 193 mil e 565 estudantes fizeram o exame em 2014. E apenas, somente, unicamente, 250 (isso mesmo: 250 indivíduos, apenas) obtiveram a pontuação máxima. Já 8,5%, mais de meio milhão, tiveram nota zero. E mais ou menos a mesma quantidade, para empatar, conseguiram uma nota que atesta que são capazes de se expressar razoavelmente na flor do Lácio.

Trocando em miúdos o resultado é que o Enem lança rumo às escolas superiores e ao mercado de trabalho nada menos que 3 milhões, 452 mil, 543 sujeitos que mal sabem escrever e, por via de consequência, pensam mal.

Vale ressaltar que o resultado para os demais campos do conhecimento em que a avaliação é feita, não difere significativamente do resultado da prova de redação. Ou seja a turma vai mal em tudo.

Em análise feita pelo sociólogo, José de Souza Martins, professor da USP, para o jornal O Estado de São Paulo, fica claro o óbvio: as escolas são avaliadas por critérios de produtividade e não de qualidade. Isso fica mais claro quando se avalia os resultados do Enem tendo como referencia o índice de Nível Sócio-Econômico, o chamado Inse, das escolas. O desempenho dos alunos é sempre ruim nas escolas de Inse baixo, não importa se privadas, federais, estaduais ou municipais. E, é claro vai melhorando à medida em que o Inse  também melhora.

A conclusão é óbvia, salta aos olhos, menos dos burocratas que administram a nossa educação: os alunos de situaçãoo social melhor têm melhor desempenho  porque têm acesso aos canais de cultura (museus,, consertos, livros, revistas, se apropriam da inserção cultural dos pais).

Quando a comunidade se envolve, naquelas localidades onde, segundo José de Souza Martins, é “forte o sentimento de pertencimento e de valorização da escola pela comunidade” os resultados também são melhores. Ou seja, se a comunidade, entenda-se aí professores, pais e alunos não se movimentarem, efetivamente, em busca de uma melhor qualidade de ensino as coisas continuarão como estão: a última flor do Lácio indo pra sepultura, inculta e feia.

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