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Mostrando postagens de março, 2015

O BRASIL E O PARLAMENTARISMO DE OCASIÃO

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Em meio a crise política e econômica que estamos vivenciando, o Brasil vive a sua terceira experiência parlamentarista, ainda que não institucionalizada. Com um governo fraco politicamente, o legislativo, sob o comando do PMDB, com a colaboração dos habituais aliados de ocasião, assumiu o protagonismo. Renan, Primeiro Ministro I Cunha, Primeiro Ministro II   Interesses à parte, a maioria deles não muito claros, o Congresso percebeu   que possui mais poderes do que vinha utilizando, ou que não eram do seu interesse. Propostas do Governo, que até pouco tempo tinham “força de lei”, são agora rejeitadas sumariamente, mexidas, transformadas.   A agenda de votação já não é mais decidida pela Casa Civil, como era até pouco tempo. A coisa chegou até mesmo ao ponto de ministros serem “demitidos” em plenário, como foi o caso recente do Cid Gomes., na Educação. A pergunta que fica é: seria esse o caminho para um maior equilíbrio entre os poderes? O probl

CHORO POR TI, POR MIM, ANGOLA QUERIDA.

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Na década de 90 fui, com uma equipe de cento e poucas pessoas, trabalhar em Angola, onde fiquei, em intervalos, por dois anos. Recém saída, formalmente apenas, de mais de um período de guerra, o país preparava-se para as suas primeiras eleições democráticas. Nunca havia estado em um país em guerra.   Ficamos todos chocados com o que víamos: mutilados por toda à parte, a escassez de tudo, a pobreza e principalmente com as crianças e jovens, pobres, famintos, sem perspectiva nenhuma de futuro senão a guerra. Acreditávamos em nosso trabalho. A paz, finalmente alcançada, as eleições livres, a democracia, a liberdade, a oportunidade de usufruir das imensas riquezas do país. A possibilidade de um futuro, sem sofrimentos, próspero, feliz. Jonas Savimbi Acreditávamos estar do lado certo. Sob a liderança de um líder feroz e intransigente, Jonas Savimbi, o “outro lado” nos parecia, e era, a representação do mal, de tudo que de pior poderia acontec

GENTILEZAS, O PT E AS MANIFESTAÇÕES (again)

Por conta de alguns posts, no Face, foi chamado, ainda que amistosamente(rss) de integralista (ô coisa velha), de anti-PT (não sou) e muito veladamente de direitista (admito, mais ou menos – rss) e classe média golpista (classe média sim, golpista não). Vou esclarecer, em palavras, já que não dá pra desenhar. Vamos por partes, o negócio de integralista nem vou comentar, que dizer não muito. Não vou ser gentil, com um bando de gente que – quando muito – participou de carinha pintada, sem apanhar da polícia, de passeatas pedindo o impeachment do Collor, ou da campanha das Diretas-Já e se julgam os maiores representantes da esquerda de todos os tempos. O integralista aqui foi da Ação Católica Especializada, uma organização de esquerda da Igreja Católica, militou na AP - Ação Popular, foi durante anos militante em tempo integral do PCB, do qual sai, na dissidência de Marighella, para compor, modestamente, os quadros da ALN – Ação Libertadora Nacional. Portanto,

"NÃO ATENDEMOS GAYS"

Embora seja coisa, digamos assim, de americanos, é bom prestar a atenção, pois ideias ruins tem pernas longas. O legislativo de Oklahoma, um dos mais violentamente conservadores dos Estados Unidos, está inventando um jeitinho muito especial de discriminar a comunidade gay, usando um subterfúgio religioso. Pela medida, ainda em discussão, empresas privadas e entidades governamentais estariam autorizadas a se recusar a prestar serviços aos gays com base em suas crenças religiosas. A lei, mais uma vez: toda atenção é pouca, permite, se aprovada, que qualquer pessoa - é bom repetir - qualquer pessoa, independentemente da empresa ou entidade governamental, possa dar as costas a indivíduos gays, bastando alegar que a sua religião assim o exige. A coisa ia andando bem, por assim dizer, até que uma deputada, Emily Virgin, resolveu apresentar, inteligentemente, uma emenda, aparentemente inofensiva para o projeto, mas capaz de revelar - claramente - toda a animosidade existente por trás do pro

EL PECADO DE INFORMAR EN LATINOAMÉRICA

Do Blog "Lo que pienso" de José Rafael Vilar ( Com permissão do autor ) El reciente informe de la SIP sobre la libertad de opinión en Latinoamérica desnuda la dificultad para informar verazmente en muchos países de la Región. Periodistas asesinados o exiliados desde Río Grande hasta la Patagonia; leyes que bajo el eslogan de "democratizar la información" lo que buscan es volverla afín al poder existente; uso discrecional y coercitivo de la publicidad pública para anular criticas; regulación creciente en dificultad de acceso para obtener información detallada y sensible del Estado; estigmatización de la crítica, son algunas claras manifestaciones de la coerción estatal sobre los medios de comunicación. Medidas y situaciones que, sin ser privativas de ninguna tendencia política o ideológica, se hace más manifiesta donde el Poder Central tiene mayor centralización. En distintas medidas y con distintos métodos (incluidas otros menos directos como la adquisición de med

UNASUL E OEA: OMISSÃO VERGONHOSA NO CASO DA VENEZUELA.

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São vergonhosas as atitudes da tal Unasul da vetusta OEA com relação à Venezuela. Foram rápidos em condenar o Paraguai, que apeou um dos seus presidentes respeitando as leis daquele país, sem prisões, sem sangue, sem mortos. Mas são lenientes e inacreditavelmente lentos em pressionar o Governo da Venezuela, não para cassar o seu presidente, mas pra criar um ambiente em que seja possível o exercício real da democracia, sem prisões, sem mortos, sem sangue. A Venezuela vive uma crise sem precedentes, que se o diálogo, verdadeiro entre o governo e as forças de oposição não for efetivamente travado, com respeito entre as partes, vai descambar numa violência sem solução. Só uma intervenção, honesta, sincera das potências, em favor desse diálogo e da normalização da democracia naquele país pode tirar o país da crise. Como chama a atenção, o   articulista José Rafael Vilar, do jornal La Razón, Maduro hoje é um prisioneiro em Miraflores, incapaz de reproduzir o carisma do seu mentos

IMPEACHMENT E AS DIVERTIDAS “COINCIDÊNCIAS” HISTÓRICAS

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  Agora, com a palavra impeachment na boca do povo, de “uns povo” a favor e de “outros povo” contra, é interessante observar como certos personagens, que estão direta ou indiretamente presentes nesse debate de hoje, estiveram, também, como protagonistas, em episódio do passado recente da nossa história, o impeachment do Collor. Impeachment pra lá, impeachment pra cá, escândalos financeiros, CPIs..., defesas e ataques exacerbados, manifestações contra e a favor, é divertido e didático, observar as semelhanças/dessemelhantes com o único episódio real de impeachment da nossa história e, como alguns personagens, de hoje, estiveram também no passado como protagonistas, ainda que em posições contrárias as de hoje no caso Collor. João Santana, que está no perfil biográfico traçado por Luiz Maklouf Carvalho – João Santana, um Marqueteiro no Poder , que comento mais adiante, foi um dos que ajudaram a detonar o processo de impeachment de Collor, com uma report

"CRISE FARÁ EXÉRCITO DERRUBAR MADURO"

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O autor da frase, antes que comecem, é o sociólogo alemão, Heinz Dieterich, Heinz: Venezuela em fase Termidor. mentor de Hugo Chávez e "idealizador" do tal socialismo do século 21. Segundo ele, se Maduro "não tomar medidas drásticas e corretas para resolver os problemas econômicos e de segurança, ele perderá o apoio dos militares chavistas, que vão tirá-lo do poder". Dieterich credita duas razões para a queda de popularidade de Maduro, que não resolveu os grandes problemas que afligem os venezuelanos: a economia e a segurança. Com uma inflação que chega a 60%, um "desastroso panorama que se repete no setor de segurança, dois terços da população já não acreditam de que isso é resultado da guerra econômica dos capitalistas e de Washington. Na prática, quase 80% já não acredita no discurso oficial de Maduro, como dizem as pesquisas sérias". A hipótese de uma intervenção militar, para apear Maduro da Presidência, Preocupado com os militares e

SP – AGORA ÁGUA POLUÍDA PARA TODOS. É A DEMOCRATIZAÇÃO DA PORCARIA.

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Finalmente uma coisa efetivamente democrática: vamos ter água poluída para todo mundo aqui em São Paulo.   Essa coisa maravilhosa chama-se Aquanel, é um parente do Rodoanel. Para quem não é de São Paulo explico: antes quem tentava chegar à cidade, vindo de uma determinada rodovia, tinha que, necessariamente, entrar por um determinado local, não importa qual fosse o seu destino final. Para evitar esse mundo todo de gente circulando pela cidade, foi construído o Rodoanel. É uma ligação entre as estradas que chegam a capital. Assim, as pessoas podem escolher, num determinado momento, a estrada que mais lhe convém, ou seja aquela cuja saída, ou entrada, é a mais próxima do seu destino final. A ideia é boa. E inspirou o tal de Aquanel. Ao contrário do que muita gente pensa, inclusive os que moram por aqui, a cidade toda não é toda abastecida pelo tal de Sistema Cantareira, o mais famoso. Temos o Guarapiranga, para a zona sul, o Alto Tietê   para a zona leste e a zona norte pe

A BASE SE REBELA E A OPOSIÇÃO SE ESCONDE

Escrevi em um post que, com a revelação da Lista do Janot, me parece, agora, cada vez mais certo. Argumentei que acreditava ser a posição "oposicionista" do PMDB e afins nada mais que um sistema de auto-preservação. "Sou poderoso, mas preciso também de proteção". "Não me envolvam em nada, que posso me rebelar ainda mais e os estragos serão enormes". Para mim esse é o recado. Como investigar e processar o presidente do Congresso Nacional e o da Câmara dos Deputados enquanto eles permanecem em seus lugares?  Como se comportarão esses e tantos outros personagens, com poder e influência no Congresso, durante essas investigações? Os primeiros sinais já estão sendo dados. Nesse momento, segundo informa o jornal A Folha de São Paulo, "o comando do Congresso Nacional prepara uma ofensiva casada no Senado e na Câmara contra a Procuradoria-Geral da República, responsável pelos pedidos de inquérito contra Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ). &

AFINAL PORQUE A BASE ESTÁ REBELADA?

Embora a oposição viva rindo à toa com as últimas atitudes do PMDB e dos partidos circunvizinhos, que impõem dia após dia fragorosas derrotas ao governo do qual se dizem aliados, o que realmente está por trás dessas rebeldia, que a oposição não vê ou faz que não vê? Na verdade o que temos é um outro assunto por baixo do pano. O governo precisa entender, essa é - pelo menos uma das mensagens - que precisa proteger, depende, desses seus aliados se quiser sobreviver à crise econômica e aos escândalos financeiros. Se não obtiverem a devida proteção, se não forem devidamente protegidos, paparicados e recompensados, vão tirar o corpo. É uma espécie de delação premiada, sem delação explícita, mas em busca dos prêmios, com certeza. A base, insisto, não quer apenas participação nas decisões do Governo. Quer participar para se proteger, debaixo do grande guarda-chuva governamental, mas também, acenando para a sociedade: não somos tão maus assim. Merecemos também a proteção de vocês. Mas d

MENSALÃO: NÚCLEO POLÍTICO FORA DA CADEIA

Atualmente, um ano e cerca de quatro meses após as primeiras prisões, o núcleo político, envolvido o esquema está fora da cadeia, cumprindo, quando muito, o restante da pena em regime aberto. O último que conquistou o benefício foi o ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, do PT São Paulo, liberado para cumprir o resto da pena em casa. Já foram autorizados a mudar de regime o ex-ministro José Dirceu, o ex-deputado José Genoino (PT), o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, Valdemar Costa Neto (PR-SP), Bispo Rodrigues e Pedro Costa (PP-PE e o ex-tesureiro do extinto PL, Jacinto Lamas. Em regime fechado, aqueles que receberam as maiores penas, estão, ainda: Marcos Valério (operador do esquema do mensalão); Simone Vasconcelos (ex-funcionária de Marcos Valério); Cristiano Paz (ex-sócio de Marcos Valério); Ramon Hollerbach (ex-sócio de Marcos Valério); Kátia Rabello (ex-presidente do Banco Rural); José Roberto Salgado (ex-dirigente do Banco Rural) e Vinícius Samarane (ex

NOTÍCIAS ECONOMICAS: AÍ QUE MEDO!

Folhear as páginas de economia dos jornais pode levar os leitores aos consultórios psicanalíticos, tomados de pânico e tristeza avassaladores. Nem os anúncios dão refresco, com preços assustadores e - acreditem - uma enormidade de avisos de recall. Só, por exemplo, o de quinta-feira, 5 de março: - Em manifesto, indústrias e sindicatos se unem por mudanças na economia. - Irritação com pacotes do Governo - Resultado positivo do mês não reverte a tendência de queda no setor industrial. - Dólar encosta nos 3 reais - Brasil perde para México posto de maior fabricante de veículos na AL - Petrobras eleva desemprego no País - Mais etanol na gasolina - BC eleva Selic para 12,75% - Dúvida sobre ajuste fiscal não dá folga aos juros. - Comércio e serviço planejam demissões nos próximos meses. - Governo atrasa pagamentos do PAC - Menor desoneração encarece infraestrutura. - Fiat dá férias coletivas para 2 mil em Betim - Gerdau vai investir menos 17,4% em 2015 E por aí vai. Dá pra

SÃO PAULO, A CAPITAL DO GRAFITE?

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A duvidoso título é alvo de um artigo de Roberto Dualibi, publicado (4/03) no jornal O Estado de São Paulo. O publicitário, sócio fundador da renomada agencia DPZ Propaganda, afirma que "a coerência estética de uma cidade pode ser arruinada sem o devido planejamento" e cita o fato de que "sem consultar ningué, os nossos governantes decidiram franquear as fachadas públicas aos multicoloridos grafites". Dualibi, embora emita opiniões sobre o grafite em si, aborda e se indigna, com o fato de se estar entregando a cidade a uma verdadeira sanha grafiteira, sem respeitar, inclusive, acervos arquitetônicos, como é o caso dos arcos da 23 de Maio que, como diz muito bem o publicitário, "deixou de ser histórico e nem pode ser considerado artístico". O problema, como quase tudo nessa cidade, é que tudo, ou pelo menos quase tudo, se faz sem planejamento. Temos uma ideia! E pronto. "Quem se reuniu com quem para concluir que poluir visualmente toda a cidade era u

PRIVATIZANDO (OPS) A PETROBRAS

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A questão, de uma eventual privatização da petroleira que já rendeu muita polêmica e foi pano de fundo de muitas campanhas eleitorais, deixou agora a retórica de lado e está sendo posta em prática, justamente pelo PT, que ao longo da história sempre se colocou como um adversário implacável dessa ideia.  Mas nada como um dia após o outro, ou um choque de realidade para que antigas bandeiras sejam postas, estrategicamente de lado. É claro que a privatização agora tem outro nome: venda de ativos, mas, no funfo, no fundo, é tudo a mesma coisa. Na verdade não vejo nenhum mal nisso. A empresa precisa de dinheiro para se recuperar e o caminho é esse mesmo, mas politicamente o episódio é interessante. A Petrobras tem muitos tentáculos no mercado, vai desde fábricas de fertilizantes a termelétricas, refinarias, gasodutos, postos de gasolina, dutos, plataformas de exploração, campos de petróleo e gás.... a lista é grande. A venda de alguns ativos pode render imediatamente alguma coisa

UM SHOPPING PARA A CÂMARA DOS DEPUTADOS

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O parlamento brasileiro inova. Confesso que não fiz nenhuma pesquisa e corro o risco de errar feio, mas não conheço nenhuma casa legislativa mundo afora, onde existam dois plenários e um shopping center. A Câmara está negociando com os bancos oficiais para construir mais um anexo, o de número 5, um complexo de três prédios com gabinetes, um plenário novo(?) e um... shopping center, estimado, atualmente, em 1 bilhão de reais. Segundo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a ideia é construir um shopping próximo ao atual anexo 4. O objetivo seria atrair a iniciativa privada para financiar a obra do anexo 5. “Ninguém vai fazer o shopping com dinheiro público”, declarou Cunha. É provável que alguém se interesse. Se levarmos em conta que são 513 deputados e que cada um ganha pro mês cerca de 33,8 mil reais e dispõe de uma verba de 78 mil para pagar os servidores dos seus gabinetes, os quais podem chegar a um salário, para os concursados, de até 23

LIÇÕES DO MENSALÃO E BARBAS AO MOLHO

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Nessa terça-feira o procurador geral da república manda a tal lista dos políticos envolvidos com o Petrolão para o Supremo. Pelo que se sabe não oferecerá denúncias, mas um pedido de investigação, com alguns – não se sabe também quantos – pedidos de arquivamento. Se aceito pelo nobre ministro Teori Zavascki, significa, mais ou menos, começar do zero, no caso dos políticos, com a entrada da Polícia Federal (ou seria reentrada?), com o início de investigações, depoimentos de testemunhas e por aí vai. Vai demorar, obviamente. Ah, o procurador vai pedir também o fim do sigilo, com isso saberemos, caso Zavascki concorde, os nomes dos envolvidos e do que estão sendo acusados. Nada mais do que isso, mas o suficiente para colocar um monte de gente sob suspeita e aumentar o nervosismo no Congresso e cercanias, onde rola mais uma CPI, cuja âmbito, já avisou Eduardo Cunha, vai ficar mesmo restrita ao período Dilma/Lula. As barbas ao molho estão com os empreiteiros e demais “civis