GENTILEZAS, O PT E AS MANIFESTAÇÕES (again)
Por conta de alguns posts, no Face, foi chamado, ainda que
amistosamente(rss) de integralista (ô coisa velha), de anti-PT (não sou) e
muito veladamente de direitista (admito, mais ou menos – rss) e classe média golpista
(classe média sim, golpista não). Vou esclarecer, em palavras, já que não dá
pra desenhar.
Vamos por partes, o negócio de integralista nem vou
comentar, que dizer não muito. Não vou ser gentil, com um bando de gente que –
quando muito – participou de carinha pintada, sem apanhar da polícia, de
passeatas pedindo o impeachment do Collor, ou da campanha das Diretas-Já e se
julgam os maiores representantes da esquerda de todos os tempos. O integralista
aqui foi da Ação Católica Especializada, uma organização de esquerda da Igreja
Católica, militou na AP - Ação Popular, foi durante anos militante em tempo
integral do PCB, do qual sai, na dissidência de Marighella, para compor,
modestamente, os quadros da ALN – Ação Libertadora Nacional. Portanto, integralista,
deve ter sido a senhora sua mãe. Esclareço, logo, que apesar de ter tomado uns
“telefones” de agentes da PF, que me deixaram meio surdinho, não creio ser
adequado me incluir na “lista dos torturados pela ditadura” e não considero ter
direito a pensão vitalícia da viúva. Deixo isso para quem foi efetivamente
torturado, com traumas maiores que uma leve surdez, que por sinal muitas
vantagens, hoje em dia me dá, evitando ouvir inúmeras tolices. Muita gente
morreu, muita gente foi torturada, de verdade, e sinto certo constrangimento
todas as vezes que vejo, aqui e ali, uns e outros jactando-se do que passou,
enquanto a maioria dos que sofreram nos porões da ditadura, continuam por aí,
heróis/vítimas anônimos (não faço parte disso) dessa luta que embora não fosse
pela democracia, é bom frisar, nela resultou.
Vamos então ao PT. O PT, meus caros, é governo. E todo
governo é vidraça, está sujeito a levar pedradas (já, já falo do PSDB – cada um
a seu tempo). Entretanto, é bom, também,
deixar bem claro, que o PT tem relevante e inegáveis serviços prestados a nação
brasileira (lá em baixo tem uma lista, para ficar mais claro ainda), mas isso
não significa que tudo de bom na história brasileira se deve ao Partido dos
Trabalhadores. Vem daí a minha implicância com os “postadores” de coisas no
Face, avessos a qualquer crítica e, o que – confesso – mais me irrita, com a
mania de desqualificar qualquer pessoa que não reza pela sua (lá deles)
cartilha, que – acreditam- está acima de qualquer crítica ou reparo.
Acrescente-se a lista a falta de autocrítica, sem falar na
supervalorização de quaisquer feito ou atitude, e de querer sempre “dividir”
com alguém, preferencialmente com FHC, (desculpem, não resisti) qualquer mal
feito ou barbeiragem apontada. Um bom
exemplo é essa coisa de “ajustes na economia”. Ora, se a economia está
desajustada é porque alguém desajustou ou deixou que assim ficasse. E quem foi?
Tudo que se pretende fazer agora,
nitidamente neoliberal, seria bem aceito se o governo tivesse a modéstia
e a gentileza de ser bem claro: olha erramos nisso e naquilo e agora vamos
precisar fazer aquilo e aquilo outro. Segura aí, na Mão de Deus, que depois
melhora. Atribuir a não sei lá o que os
problemas, não cola. Leiam o que o ministro da Fazenda, diz, como pode, todos
os dias, sobre a origem da crise e depois venham me esculachar no Face.
Isso do “nós e eles” não trouxe benefício nenhum para a
democracia brasileira, tanto é que agora o Governo se põe a falar em diálogo,
insistindo que é com todo mundo e informando (ah, é, é?) que governa para todos
e não apenas para os que votaram na presidente.
Essa coisa de que hoje a democracia é mais democrática,
porque o PT (digo, seus apoiadores aqui no Face) são mais democratas que o
resto do mundo e que devemos agradecer todos os dias por isso, também não cola.
Foram eleitos para que? Entre outras coisas para cumprir com o que reza a
Constituição. Não estão fazendo favor nenhum. É obrigação. Ah, mas não sei quem,
não fez, não foi... E eu com isso? Se candidatou? Foi eleito? Cumpra como seu
papel.
Pra finalizar, ainda sobre o PT. O partido é hoje um saco de
gatos, como sempre foram, e são, os demais partidos, com uma enorme quantidade
de tendências, que pensam de forma diametralmente opostas, principalmente à
atualmente dominante. Eu conheço, pessoalmente, inclusive por ter trabalhado
com elas, muita gente, muita gente mesmo, boa e honesta que faz parte do
Partido. E, vamos deixar claro, tem muito picareta e pica-tonta também. A
maioria reunida aqui no Face, falando besteira, se julgando imune a crítica e
ao contraditório. Muito mais teria a dizer, mais ficou grande demais.
Em tempo, as coisas boas, bem rapidinho, prometidas lá em
cima: o Bolsa Família, ainda que não inclua uma saída bem pensada para o
programa, o Minha Casa Minha Vida, que precisa de ajustes (não dá para
construir só nas quintas dos infernos), o FIES, (que precisa de ajustes, como
diz o ministro da Fazenda), o ProUni, a política de valorização do salário
mínimo, a atenção dada ao Nordeste (não, não estou me referindo a farta distribuição
do BF) e por aí vai.
Agora, não me venham, com churumelas, tentando e convencer
que ninguém viu, não percebeu, milhões e milhões de dólares circulando na roubalheira
que resultou na quebradeira da Petrobrás. E que a roubalheira vem desde os
tempos do Cabral. É demais pra mim.
Finalmente sobre as manifestações: elas são difusas, de
gente insatisfeita, principalmente com a crise econômica, não têm "palavras de ordem" claras, nem lideranças com que dialogar. Podem não resultar em nada ou em tudo. O que é claro, manés, é que quando tudo vai bem
ninguém reclama. E, quem sente primeiro, por uma série de fatores
inclusive acesso a informação, são as tais classes médias, incluídas aí o
pessoal que ascendeu com os governos do PT.
Melhor rezar para que as coisas
entrem nos eixos antes que o pessoal do andar de baixo, que já está sentindo a
crise no bolso e na comida, não comece a pensar que pode ser bom ir pra ruas
protestar. Pois é aí que o bicho vai pegar. Eles não vão desfilar na avenida
cantando “ sou braisileirooooo, com muito orgulhooooo.
Fui, por enquanto.
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