LIÇÕES DO MENSALÃO E BARBAS AO MOLHO


Nessa terça-feira o procurador geral da república manda a tal lista dos políticos envolvidos com o Petrolão para o Supremo. Pelo que se sabe não oferecerá denúncias, mas um pedido de investigação, com alguns – não se sabe também quantos – pedidos de arquivamento. Se aceito pelo nobre ministro Teori Zavascki, significa, mais ou menos, começar do zero, no caso dos políticos, com a entrada da Polícia Federal (ou seria reentrada?), com o início de investigações, depoimentos de testemunhas e por aí vai. Vai demorar, obviamente.

Ah, o procurador vai pedir também o fim do sigilo, com isso saberemos, caso Zavascki concorde, os nomes dos envolvidos e do que estão sendo acusados. Nada mais do que isso, mas o suficiente para colocar um monte de gente sob suspeita e aumentar o nervosismo no Congresso e cercanias, onde rola mais uma CPI, cuja âmbito, já avisou Eduardo Cunha, vai ficar mesmo restrita ao período Dilma/Lula.

As barbas ao molho estão com os empreiteiros e demais “civis” envolvidos na operação. Se o caso do Mensalão servir como exemplo, ou parâmetro, para o que pode acontecer, a lição do caso é que na cadeia mesmo só ficaram os “operadores” do esquema. Os políticos envolvidos estão todos fora da prisão, condenados que foram à penas menores e, por isso, beneficiados com a redução do tempo atrás das grades e outras benesses proporcionadas pela legislação.

Os “civis”, portanto, do Petrolão, não têm como não pensar nisso. Será que se o Marcos Valério, que pegou 40 anos de cana, logo no início tivesse negociado uma delaçãozinha premiada não teria se dado melhor? Dizem por aí que ficou calado devido a ameaças de morte que incluiriam a sua mulher e filhos. Vai saber. O fato é que ele, o sócio, a dona do banco rural e auxiliares próximos receberam penas maiores e estão até hoje longe de qualquer benefício.  E Marcos Valério é um peixe pequeno, se comparado aos figurões que estão amargando cadeia, que dispõe de muito mais recursos para se defenderem. E, que – obviamente – não pretendem passar anos e anos presos.

Recentemente houve alguns recuos no ímpeto de aderir a delação premiada, com a promessa de que haveria alguma espécie de intervenção, destinada a minimizar penas, investigações etc., e tal. Podem até acreditar nisso, mas com as barbas de molho, nenhum desses empresários vai topar assumir a culpa por toda a roubalheira se os políticos envolvidos se safarem integralmente dos processos, ou – pelo menor – com penas muito menores. Mas não vão levar todo o tempo do mundo esperando os resultados. Foi o que fez o Marcos Valério e Cia e não se deram bem.

Outro fator de "turbulência", tomando emprestado a expressão usada pelo ex- governador da Bahia, o atual ministro da Defesa, Jacques Wagner, é a tal de CPI, que prometia investigar todo mundo, até Pedro Álvares Cabral, mas se seguir o script das suas anteriores, vamos ter muita fumaça e pouco fogo, correndo o risco de colaborar mais para encher o saco do distinto público, com esse assunto, e contribuir para que – pelo menos uma – das pizzas vá para o forno.

De qualquer forma, sempre podem aparecer surpresas, na segunda-feira passada, Janot, num gesto incomum, deu demonstrações de que está gostando da exposição e segurou para a imprensa um cartaz do Movimento Vem Pra Rua, onde ele é dado “como esperança do Brasil”. Nunca se sabe do que pode ser capaz alguém cujo ego seja exaltado, ainda que por parte da opinião pública, nesse nível.

Muita água ainda vai rolar por baixo da ponte e o escândalo, desta vez, pela sua influência na economia e por envolver organismos internacionais na questão, imunes as pressões políticas paroquianas, tende a se aprofundar e a permanecer nas manchetes por muito mais tempo, e com muito mais vigor que o seu antecessor, o Mensalão. Isso aliado aos percalços político-econômicos do governo federal, promete afetar de maneira muito rigorosa a vida do país por muito, muito tempo.

Os resultados finais são imprevisíveis. Se as delações premiadas, ainda em curso, produzirem provas efetivas, esse será o escândalo mais duradouro e melhor documentado da história nacional, estendo-se inclusive à Justiça de outros países. Vale lembrar que algumas das mais recentes investigações sobre as bandalheiras que assolam o País, só foram para a frente por conta das suas conexões externa, pressionadas pelo judiciário de outros países, como foi  caso do cartel da Alstom, por exemplo. A oposição, com parte das suas barbas também de molho, por enquanto parece disposta só mesmo a fazer barulho na CPI.
E a grande novidade apresentada até agora parece ser mesmo, e unicamente, a barba de Aécio Neves.

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