E LULA TEM RAZÃO


Segundo o ex-presidente “nós (se referindo ao PT) precisamos começar a dizer o que nós vamos fazer neste segundo mandato, qual é a política de desenvolvimento que nós vamos colocar em prática, qual é o tipo de indústria que nós vamos incentivar”.

Independentemente das motivações específicas, Lula estava falando para o público interno, na abertura do 3o. Congresso das Direções Zonais do PT/São Paulo, a fala faz todo sentido. Lula tem reclamado – e isso valeria também para a oposição – que o único tema nos últimos cinco meses tem sido o ajuste fiscal.

Se, por um lado o PT, entenda-se aí o governo, precisa dizer o que pretende, afinal, além do ajuste fiscal, apresentando ao país um projeto de desenvolvimento claro e objetivo, pós ajuste, seria desejável, por outro lado, que a oposição saísse do seu cantinho, onde espera quieta apenas que o Governo Federal sangre até à morte e apresentasse também o seu contra projeto.

Hoje o país está parado, discutindo apenas os prós e os contras do ajuste. Suponhamos que dê tudo certo e até o próximo ano as contas estejam saneadas, a questão fiscal esteja resolvida e que os sacrifícios tenham valido à pena. Muito bem. E depois? Quais serão os caminhos? Vamos fazer as mesmas coisas que estavam sendo feitas antes e que, por sinal, não deram certo? Se a opção não for essa quais seriam os outros caminhos? Lula volta a falar em incentivar determinados tipos de indústrias. O que isso significa exatamente? O bom e velho incentivo através da redução de impostos para este ou aquele setor? Não deu certo e não vai dar.

A oposição continua atabalhoada. Se continuar apostando na sangria, até a morte, do governo, como fez na época do mensalão, estará enverando por um caminho de alto risco. No mensalão acreditavam que o ex-presidente e o PT sairiam tão desgastados que enfrentariam um fracasso estupendo nas urnas. Não foi o que se viu, pelo contrário.

Sem um projeto alternativo, fica difícil acreditar que a população venha a se interessar pelo que tem (terão) a dizer as lideranças oposicionistas, principalmente se o discurso for apenas o “somos diferentes deles”, até porque ninguém acredita muito nisso e a classe política anda mais desgastada do que nunca.

Enfim, o que vale para o PT vale para a oposição. Está mais do que na hora de ambos dizerem o que realmente pretendem para o nosso futuro. O primeiro porque está no governo e precisa apresentar algo mais do que um ajuste fiscal e pedir paciência com vistas a um futuro melhor, que ninguém sabe qual é. A oposição precisa de algo mais que ficar sentada, esperando que o governo caia, vítima dos seus percalços, sem apresentar um alternativa que venha a interessar o eleitorado. Neste tipo de cenário o que pode acontecer é a abertura de espaço para um maluco de ocasião (é sempre bom lembrar de Collor) que encante o distinto público com um canto de sereia qualquer. Aí estaremos, mais uma vez, entregue às baratas. E não vai ser por um curto período de tempo.


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