EXISTE POLÍTICA SEM POLÍTICOS?


Começamos a assistir, ou participar, dependendo das inclinações de cada um, de mais duas “grandes” manifestações,  a favor e contra o governo

Se levarmos em conta as “reivindicações e palavras de ordem” das realizadas recentemente o script será, mais ou menos, mais do mesmo: o pessoal a “favor” será a favor, mas com restrições. Foi o que aconteceu hoje (07/04). Querem estabilidade, mas nada de muito sacrifícios, principalmente perda dos direitos trabalhistas. Nas manifestações de hoje, que reuniram poucas pessoas, o principal protesto foi contra a terceirização (a regulamentação da própria)que Eduardo Cunha avisou que colocaria em votação na Câmara, mas que foi adiada para amanhã, por acordo dos líderes.

O pessoal do “contra” é contra. Contra tudo que está aí, incluído aí no tudo a classe política.

O pessoal a “favor” não quer crise institucional, mas a sua relutância em aceitar medidas impopulares não ajuda muito o governo. O pessoal do “contra” , caso consigam mobilizar as multidões das manifestações passadas, enfrenta um desafio: construir mecanismos que possam canalizar a mobilização a favor de mudanças institucionais. Precisam também encontrar lideranças que possam negociar com a classe política, que por sua vez precisa se posicionar, se encontrar com esses manifestantes, por enquanto extremamente arredios a qualquer um dos seus representantes.

Caso permaneçam apenas protestando “contra tudo o que está aí”, vão correr o risco de se esvaziar, sem interlocução com os poderes constituídos, seja através da “oposição” ou não. Sem diálogo, sem interlocução para pressionar por avanços, o que provavelmente acontecerá será, mais uma vez, apenas ganhos substantivos, com os políticos voltando a ignorar a sociedade, tratando dos seus interesses e nada mais.

O pessoal a “favor” precisa se decidir. Continua apoiando o governo, mas oferecendo alternativas para a superação dos problemas, caso contrário, ainda que não queiram, de maneira torta, vão pra ruas, fazer oposição. 

O Governo, por outro lado, precisa sair da sua proposta vaga de “diálogo com todos” e dialogar de fato. E nesse caso dialogar significa fazer autocrítica e aceitar o contraditório, incluindo aí o do pessoal a favor, mas não apenas, nesse caso, para manter gente do seu lado.

Enfim, seria bom que todo mundo de março/abril de 2015 aprendesse com junho de 2013. Não há como melhorar a política negando a política. E a política é a arte do diálogo e a busca de um consenso. Se todo mundo continuar falando para o próprio umbigo não avançaremos e perderemos um grande oportunidade de fortalecermos a nossa democracia e construirmos um futuro melhor.

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