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Mostrando postagens de maio, 2015

OS ESTRANHOS E TORTUOSOS CAMINHOS DO VOTO

Leitura aligeirada de pesquisas dificilmente refletem o sentimento da população com relação a seus governantes e muito menos a intenção, segura e sincera, do voto. Recentemente me deparei com duas histórias curiosas de como, por razões completamente diferentes do “ideário” dos candidatos, alguns eleitores decidem depositar neles os seus votos. As duas histórias não tem nenhum valor estatístico, são apenas curiosas e divertidas, embora provavelmente reflitam bem como são tortuosos e insuspeitados os caminhos percorridos pelos votos. IA VOTAR NO HOMEM, VOTOU NA MULHER A AGORA É CONTRA OS DOIS. Conheço uma senhora, vamos chama-la de F, que é diarista e o marido cobrador de ônibus, moradora da periferia de São Paulo, com um filho adolescente. A família com renda familiar em torno dos três mil reais estava muito satisfeita com tudo, principalmente com os bens recentemente adquiridos, como computador, TV de tela plana e outro eletrodomésticos, inclusive um mod

PESQUISAS POLÍTICAS... AH, AS PESQUISAS.

Faz tempo que nos acostumamos com as “análises” das pesquisas nas áreas de política e administração pública, na maioria das vezes, debruçadas unicamente para os números frios e secos. X por cento são a favor disso ou daquilo, X por cento aprovam ou desaprovam determinado governo e, geralmente, ficamos por aí. Recentemente pesquisas afirmam que mais de 60% por cento dos brasileiros são a favor do impeachment da presidente. Será? A meu ver temos dois problemas na análise dessas pesquisas. O primeiro deles é o bordão, recitado à exaustão por pesquisadores e profissionais do marketing políticos, de que as pesquisas são um retrato do momento – já vamos a ele. O segundo é que, poucas vezes, pouquíssimas vezes mesmo, se procura ver o que há, de verdade, por trás dos números secos e frios. No primeiro caso o bordão é – se me permitem – verdadeiro e falso ao mesmo tempo. Na verdade o que profissionais do MKP e pesquisadores querem dizer é que “em 20 minutos tudo pode muda

OPERAÇÃO ZELOTES: NINGUÉM LEMBRA DE MIM.

  Todos os dias somos bombardeados (surpreendidos não é o caso) por novas denúncias de corrupção e bandalheiras. Corriqueiras, já nem chamam tanto a atenção, nem escandalizam como deveriam. Uma delas, talvez, por ser absolutamente sem graça, quase anônima é a Zelotes, embora o rombo, nas finanças públicas, deixe qualquer mensalão parecendo coisa de meliante pé de chinelo, com as primeiras estimativas girando em torno de 19 bilhões de reais. Zelotes é aquela operação silenciosa, sistemática, que não vai para os cofres dos partidos e alimenta apenas alguns poucos privilegiados com suborno. Talvez por isso seja tão sem graça e aos poucos vá perdendo força nos noticiários. O esquema também é simples, embora só envolva gente grande. Empresas que devem ao Fisco, milhões evidentemente, repassam uma propinazinha para consultores e conselheiros do Conselho de Recursos Fiscais (Carf) da Receita Federal, órgão encarregado de “rever” as autuações das grandes empr

O FRACASSO DO FIES

Criado para permitir o acesso dos mais pobres à universidade, os imensos recursos investidos no Fies, sem fiscalização e padrões adequados, transformou o ensino superior num grande negócio. Hoje a maior parte dos seus alunos tem renda familiar superior a 20 salários mínimo e aptos, portanto, a pagar escolas privadas. Grande parte da renda das universidades que aderiram ao programa vem do lucro sem risco, garantido pelo dinheiro do Estado. Ganhos da iniciativa privada versus perdas de dinheiro público seriam aceitáveis se as escolhas estudantis recaíssem sobre áreas estratégicas e estivessem efetivamente voltados para os mais carentes. Acontece que as áreas mais procuradas estão longe dos saberes tecnológicos, de áreas que produzissem efetivos conhecimentos para o progresso do País. Mas o que se vê são 1/3 dos contratos do Fies indo para direito, administração e enfermagem, enquanto matérias próximas ao que seria o “eixo do desenvolvimento” apenas engenharia civil a

FINANCIAMENTO PÚBLICO DE CAMPANHAS: VERDADES E MENTIRAS

Opinião é que não falta, mas, sem dúvida, a doação por parte de empresas e grupos econômicos, tem sido eleita como a grande vilã do processo, aliada ao “alto custo” das campanhas. E o tal de financiamento público surge como solução mágica para o processo, sem que ninguém, ou poucos, se deem conta das intenções, nem sempre nobres, que estão por trás da proposta. Fala-se de financiamento público como se ele já não existisse, o que não é verdade. Existe isenção fiscal para as emissoras de rádio e TV que transmitem o tal “horário gratuito” e o tal fundo partidário, na casa dos milhões, tudo financiado, em última instância, pelo distinto público. E do jeito que se está desenhando, a tal de reforma vai beneficiar partidos bem específicos, deixando outros fora do processo, por um longo período, como veremos em seguida. Pelo critério – já existente – as legendas que captaram mais votos, na eleição imediatamente anterior para a Câmara dos Deputados, receberiam ma

É O ALGORITMO, ESTÚPIDO!

A União Europeia está em pé de guerra com o Google. Com o padrão monopolista, não apenas do Google, que domina a web e é ruim para o mercado e para os usuários. Alegam que o site faz uma concorrência desleal com os seus colegas europeus e mais: direciona as buscas de acordo com as suas conveniências comerciais. Você pode até achar que não tem nada com isso, mas tem. Na verdade quando você digita uma palavra, em busca de resultados, o Google lhe dá respostas de acordo com os seus (lá dele) interesses comerciais. Os resultados apresentados podem até lhe serem úteis, mas existem outros, talvez melhores, ou não, mas que “selecionados” pelo Google “sabotam” o nosso poder e a possibilidade de diversidade de experiências. O ideal é que todos nós tenhamos acesso, fácil, que fique bem claro, a outras alternativas de consulta e de busca, que permitam que o leque seja mais aberto. O monopólio real do Google impede isso. E é exatamente aí que está a polêmica da co

DIREITA, ESQUERDA, CENTRO, VOLVER

Estamos vivendo um fim de um ciclo, representados por 12 anos de um Governo tido como de “esquerda”, seja lá qual for o resultado do tal ajuste fiscal e das eleições de 2018. O PT, gostem ou não, jamais será o mesmo. O que, obviamente, não impede o partido de se reinventar, mas isso é outra história. Com as esquerdas (o PT e seus satélites) em baixa, ficam duas interrogações: quem representará a “nova” esquerda e quem vai se apresentar, como alternativa, representando a “direita”, rótulo que provoca urticárias em todos os partidos e políticos? Um fato é certo: quanto mais baixo o apoio ao PT e seus aliados fiéis, mas cresce a busca por um campo oposto. Mas quem faz esse contraponto? O mais adequado seria o PSDB, certo ou equivocadamente classificado, ou tratado, como de “direita”, mas que não se assume como oposição (com projetos claros), oscilando, ora no franco combate, ora no cantinho, escondido, como se convencionou chamar, em cima do muro. Os outros

CONSUMIDORES PESSIMISTAS FOGEM DAS MARCAS MAIS CARAS

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Pesquisas realizadas recentemente, por vários institutos (*) revelam que o consumidor brasileiro está mais que pessimista, segurando gastos e procurando as marcas mais baratas para fazer economia. Os dados revelam que 55% dos consumidores acham que as perspectivas de emprego vão piorar contra 34% que acreditam na possibilidade de melhora. 10% não sabem/não responderam. 79% acreditam que os preços continuarão a subir, contra apenas 12% que acham que irão parar. Nesse caso 9% não sabem/não responderam . Para fazer frente a esse tempo que exige aperto na economia doméstica, os consumidores estão restringindo suas compra. Nos supermercados comprando menos. Nos alimentos a redução é de 17%, nas bebidas não alcoólicas 16%, nas cervejas 15%, produtos de limpeza 13% e higiene e beleza 8%. Para economizar nos supermercados 41% já abandonaram as marcas tradicionais e dirigem suas compras para as mais baratas. Só 20% pretendem se manter fiéis as marcas líd

AINDA SOBRE WYLLYS E BOLSONARO

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Recentemente compartilhei um texto, de Victor Mascarenhas, na Gazeta dos Buzios, via Aninha Franco, sobre a simbiose existente entre os dois parlamentares e de como o bate-boca, e briguinhas de ocasião, da dupla têm alavancado os seus votos. Vale ler, está na minha time line. Mas o comentário aqui é a respeito de como os dois usam, com maestria, as redes sociais e os factoides para se manterem ativos e divulgarem suas “ideias”, de forma bastante diferenciada dos seus colegas parlamentares. Assim como, quase, todos os demais políticos, Wyllys e Bolsonaro estão presentes nas redes sociais, com sites, Facebook, Twitter, Instagram, YouTube e o que mais estiver disponível. A diferença entre os dois e os demais colegas está na forma como usam, com muito sucesso esses instrumentos, conseguindo, inclusive, ótimos espaços na mídia tradicional. O fato é que, independentemente de suas respectivas posições, a dupla tem muito a ensinar em termos de comunicação e

QUEM SÓ SE COMUNICA SE TRUMBICA . APRENDENDO COM GOEBBLES.

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Lido ou não, Joseph Goebbles, tem inspirado – e muito – a comunicação política nos quatro cantos do mundo. A sua provavelmente mais famosa frase, de que uma “mentira contada mil vezes, torna-se realidade”, tem servido de “inspiração” para “marqueteiros” e políticos que não avaliam, no entanto, os riscos, enredando-se em exageros tão descabidos, que impedem as suas mentiras, por mais repetidas que sejam, de se tornarem verdades ou a má qualidade do invólucro da mentira, que de tão ruim perde a credibilidade. Sim, senhores, até para mentir é preciso ser criativo e ter pelo menos um pé na realidade. E é o próprio Goebbles que ensina. Goebbles, com seu amigão e mentor. É muito comum achar, principalmente no marketing político, que uma boa comunicação resolve tudo, ou quase tudo. Gobbles, nos ensina, no entanto, que “quando se faz um bom governo, uma boa propaganda é consequência. Uma coisa segue a outra. (Mas) um bom governo sem propaganda se sai melhor do que uma boa

POUCA GENTE NOTOU, MAS A REFORMA POLITICA JÁ COMEÇOU.

Cantada em versos e prosas e vista como uma das soluções mágicas para esses tempos de crise político/institucional, a reforma política já está em andamento, com a aprovação no Senado do voto distrital. Ainda que inicialmente restrita a eleição dos vereadores de municípios com mais de 200 mil eleitores, se aprovada pela   Câmara, será uma revolução no processo eleitoral brasileiro. Como quase todas as leis aprovadas pelo Congresso o texto, que o Senado enviará à Câmara, é impreciso e não estipula regras claras de como será a divisão dos distritos, deixando a tarefa para os tribunais eleitorais, que passarão, assim, a ter um poder inédito para determinar não apenas a lisura do pleito, mas de influenciar, decisivamente nos seus resultados. As estimativas são que a maioria absoluta dos atuais vereadores não consiga se reeleger e que, provavelmente, a maioria deles será injetada da política. Além disso, o voto distrital vai implicar na redistribuição de p