O BRASIL, A TEMPESTADE PERFEITA E O NÓ GORDIO.
Sai
Dilma, fica Dilma... sai Levy, fica Levy... fora Cunha, salve-se Cunha... façamos
ajuste fiscal, não façamos... volta, não volta a CPMF... dólar sobe muito, sobe
pouco... Dizem que foi Serra que cunhou (ops) a expressão “tempestade perfeita”
para tentar adjetivar o atual clima político econômico brasileiro. Na "tempestade", como é óbvio estariam presentes todos os ingredientes para que ela seja realmente considerada "perfeita", espetacular. A vantagem, inerente a expressão, é que as tempestades são datadas.
Mais cedo ou mais tarde vem a bonança, ainda que hajam prejuízos a serem
contabilizados. Agora, no entanto, já tem gente falando em nó górdio para
adjetivar o crise.
O nó
górdio, reza a lenda, seria impossível de ser desatado a não ser que se
procurasse uma solução “fora da caixinha”, algo inusitado ou mesmo através de
uma trapaça. O sucessor do rei Górdio, da Frígia, o
autor do tal nó impossível de ser desatado, foi sucedido pelo seu filho, Midas, que, no entanto, ao morrer não deixou herdeiros. O oráculo real declarou, na época, que aquele que conseguisse desatar o nó dado pelo rei Górdio dominaria toda a Ásia.
Quinhentos anos se passaram até que Alexandre, o Grande, ao passar pela Frígia,
foi até o templo de Zeus e depois de muito analisar, mas pensando “fora da caixinha”
ou trapaceando, como querem alguns, simplesmente desembainhou a sua espada e cortou o nó. Coincidência
ou não, lenda ou não, o fato é que Alexandre se tornou o senhor de toda a Ásia
Menor poucos anos depois.
Para quem
acha que a nossa situação, está cada vez pior, mais para nó górdio do que para tempestade perfeita, a sugestão é clara: está mais do que na hora de se tentar uma solução que fuja da caixinha, que se procure
algo original, nem que seja uma trapaça, como a de Alexandre, o Grande.
A pergunta,
que não quer calar, no entanto, é se entre os atores políticos atuais, governantes,
legisladores... seja lá quem for, existe alguém com uma vontade real de desatar o nó,
ainda que através de uma trapaça qualquer? Sejamos honestos: somos bons de
trapaças, mas haverá clima para trapacear? A opinião pública, que só se
expressa vigorosamente através de pesquisas e parece bem desinteressada de ir
às ruas, toleraria, no entanto, uma trapaça, uma jogada fora das regras? A ver. E por favor não me venham falar de impeachment sai não sai. O fato é que sequer um plano para trapacear nós temos. Como já disse um certo governante, "o tempo é o senhor da razão", ou seja, dá-se um tempo que a solução, real, verdadeira, racional, aparece. Mas será que temos tempo para recuperar o que já perdemos, principalmente em
termos econômicos? Afinal, ao contrário da lenda, não podemos esperar 500 anos
por uma solução.
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