BEM VINDOS AO IMPEACHMENT
Qual será mesmo o desfecho deste processo está difícil de saber. Especulação é o que não falta, muito menos esperanças de um lado e de outro. Mas o que importa mesmo é que a deflagração deste processo é um alivio para um impasse que parecia jamais chegar a um fim. Mais cedo ou um pouco mais tarde saberemos afinal se a presidente sai ou fica até o final do seu mandato.
A votação de ontem na Câmara surpreendeu e pode ser vista
como uma derrota fragorosa do governo, mas ao mesmo tempo deu alento à base
aliada ao confirmar que o número necessário de votos para a rejeição do pedido
de impeachment, o cabalístico 171, fosse superado, ainda que por apenas uns 20
e poucos votos.
Como o processo, o andamento do processo foi parar, como
quase tudo neste país, na Corte Suprema, que deverá decidir sobre a
legitimidade dos ritos decididos e aprovados pela Câmara dos Deputados,
prevista para a próxima quarta-feira. O que significa mais uma semana, pelo
menos do país paralisado.
Uma tarefa inglória para a Corte, que poderá decidir um assunto
que, a rigor, deveria ficar restrito a área da política, ainda que com base em
argumentação jurídica. O impeachment não é um julgamento estritamente jurídico.
É um julgamento político. Vale lembrar, inclusive, que deposto e cassado pelo
Congresso, o ex-presidente Collor foi, no final, inocentado pelo Supremo, sem
que isso significasse a anulação do ato, político, tomado pelo Congresso.
A carta lamentosa do vice-presidente, cujos desdobramentos
ainda estão por vir, jogou mais lenha na fogueira, aprofundando e escancarando
as divisões internas do PMDB, acrescentando mais um fator de instabilidade ao
cenário político atual.
Muita água, portanto, ou lama para ser mais atual, ainda vai
rolar por baixo da ponte, mas seja como for algum passo foi dado. Queira Deus
que seja para a frente e não para trás, mas seja como for melhor que se decida
alguma coisa do que ficar no eterno paradeiro, sem que uma decisão qualquer
seja tomada.
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