HOUVE MESMO UM ESTELIONATO ELEITORAL NA CAMPANHA DA DILMA?
César
Maia, em seu “Ex-blog” publicado ontem (7/01) levanta uma questão que sempre me
preocupou, enquanto analista, mas sobre a qual nunca tinha me debruçado: o que
levou, de fato, à vitória de Dilma nas últimas eleições.
Maia
lembra, e está certo, que até hoje a versão da oposição, mais especialmente do
PSDB, é de que houve um estelionato eleitoral, uma espécie de golpe, onde a
verdadeira situação da economia brasileira, na época, teria sido ocultada.
Atribui-se,
inclusive ao jornalista/publicitário João Santana, a culpa do estelionato, como
se a ele coubesse, enquanto “marqueteiro” determinar sozinho os rumos e o
conteúdo da campanha. CM lembra,
corretamente, que por mais realista que a coordenação da campanha quisesse ser
realista não seria possível projetar o desastre econômico que se seguiu às
eleições. Lembra ainda que assim foi,
também, ainda que em cenário diverso, a campanha do segundo turno FHC, em 1998,
quando foram fartos também o populismo fiscal e cambial. A diferença e
semelhança entre as suas está na rapidez com que as medidas corretivas foram
aplicadas já no ano seguinte.
É
óbvio que uma coisa não justifica outra, mas tratar a campana da Dilma como
algo completamente fora de contexto, coisa dantes nunca vista neste país,
também não é verdade. Cesar Maia recorre a Samuel Popkin, que em The Reasoning
Voter (o raciocínio do eleitor), teoriza sobre os atalhos pelos quais o eleitor
médio percorre para passar do seu cotidiano rumo a uma avaliação e a sua
consequente projeção do que é melhor para ele.
É
isso que o eleitor médio teria feito na eleição presidencial passada. Isso
depois de ver Marina sucumbir diante dos ataques da campanha de Dilma, assistida, também, passivamente por Aécio. A
equação confiança/não confiança poderia ter levado Marina para o segundo turno,
mas com o esfacelamento da sua candidatura e a ascensão de Aécio reabriu, ou
desfez, conforme a preferencia, a equação, com o eleitor novamente retornando a
sua busca pelos atalhos do que considerou na época o melhor para ele.
E o
quase empate no resultado final reflete bem isso. Já que o atalho da confiança
favoreceu muito mais a Dilma do que Aécio, por motivos óbvios.
O
que não se costuma levar em conta, nas análises políticas, é que o cidadão
médio não faz, não lê, sequer se interessa pela sofisticas e complexas formulas
esgrimidas pelos economistas e analistas políticos. O eleitor médio projeta a
sua confiança em determinado candidato na esperança/expectativa de dias
melhores para a sua vida, partindo, obviamente, do seu dia a dia. Aquele que lhe parecer mais adequado, será o
depositário da sua confiança, do seu voto.
Quando
a oposição entender isto melhor, ou seja que o eleitor ainda não a vê com a
confiança necessária, digna portanto de merecer o seu voto, continuará chegando
quase lá. A não ser que a situação se encarregue de fazer o seu trabalho,
estragando com tudo e não deixando outra opção para o eleitor. Mas convém ficar
de olho, pois é neste cenário que costuma aparecer o tal de terceira via e
aí... E aí tudo pode acontecer.
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