INTERNET, DEMOCRACIA E AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES II
Em post anterior comentamos sobre a mudança de hábitos, constatada no
eleitorado, que – cada vez mais – vai deixando de lado as conversas cara a cara
com as pessoas do seus círculos familiares, de amizades e profissional para se
informar e decidir sobre o voto, através dos chats, digitados nos seus
celulares, tablets e computadores.
Brasil: novos hábitos para decidir o voto |
Aqui, vamos falar um mais um pouco da cultura digital, cada vez mais comum,
e dos “bombardeios políticos nas redes sociais”, na expressão de José Roberto de
Toledo, em sua coluna no jornal Estado de São Paulo (14/01), onde analisa recente
pesquisa do Ibope sobre os novos hábitos dos brasileiros relacionados ao debate
político e a decisão sobre o voto.
Além dos dados analisados no post anterior, onde se constata que no
decurso de apenas duas eleições o número de pessoas, que consideravam importante
o diálogo face to face, saiu dos 47%
para apenas 23%, vale lançar os olhos sobre outra pesquisa, esta internacional, feita pelo também pelo Ibope, em parceria com a rede de institutos Win, que reforça a importância dos meios digitais na
formação da opinião pública no Brasil. Nada menos que 87% dos internautas
brasileiros disseram, nessa pesquisa, que usaram o Facebook, Twitter ou WhatsApp,
nos últimos 12 meses, para ler sobre temas políticos ou sociais, no que seria a
maior taxa das Américas.
Marcia: lembra do pouco tempo nas próximas eleições |
Com isso, fica mais que evidente, como ressalta Márcia Cavallari, CEO do
Ibope Inteligência, à coluna de Toledo, a necessidade dos atuais pretendentes
aos cargos de prefeito e vereador, começarem já as suas campanhas. Cavallari
lembra que "serão apenas 45 dias de campanha, autorizada na TV e só 35 com
horário gratuito eleitoral, o período mas curto em décadas". Isso sem levar em
conta, como lembra Toledo, a atenção dividida com a Olimpíada no Rio de Janeiro, desviando a atenção do público até o meio de agosto, pelo menos. Com tudo isso, o candidato
que esperar apenas a TV entrar em campo para pedir votos vai sair em
desvantagem.
Outra coisa que se deve levar em conta, observada também pelo colunista,
é que – enquanto a campanha eleitoral, concentrada na TV, via debates, programas
e spots publicitários, tem um “time” definido – a comunicação digital é
permanente. Faz parte do dia a dia. Além de ser sub-reptícia e praticamente impossível de
controlar e fiscalizar.
Os políticos, precisam enfrentar esta realidade (a maioria ainda
mais para analógica), e encarar a escassez de recursos, nas
próximas eleições para prefeito e vereador. Usar a internet e os seus mais
variados meios é muito mais barato, que utilizar com eficiência o instrumental
necessário para uma boa campanha off-line. Para ficar num só exemplo, citado
inclusive por Toledo, na coluna, cada disparo para um milhão de celulares sai
por cerca de 10 mil dólares, algo em torno dos 40 mil reais, atualmente. E o
melhor é que podem ser disparados do exterior, são difíceis de rastrear e podem
sumir, com a maior tranquilidade, da contabilidade oficial.
Marta Suplicy, pré-candidata do PMDB à prefeitura de São Paulo, aborda,
sob outro ângulo a importância do mundo digital na política, em artigo publicado
na Folha de São Paulo (15/01). Marta vê com bons olhos a novidade, mas
ressalta, no entanto, que “apesar das
redes sociais oxigenarem a democracia representativa, elas não se sobrepujarão
sobre a democracia assentada nos partidos políticos”.
Marta:"investindo na democracia digital |
Para a senadora o ideal é que haja “uma
convivência, uma articulação positiva, jamais qualquer subordinação, entre a
velha política partidária e o contemporâneo ativismo civil nas redes sociais”.
Marta acredita ainda que a cidade de São Paulo, nas próximas eleições, venha a
ser “um bom laboratório” para o que
ela chama de “política 2.0” e faz um
apelo: “Vamos acreditar e investir na
democracia digital”.
Marta, nessa questão, como em muitas outras, está à frente da maioria dos
seus colegas, mas os políticos, se quiserem obter algum êxito, daqui pra
frente, vão ter que se deparar e se entender com o mundo digital. E não vai
demorar muito. Basta lembrar os números constatados pelo Ibope no espaço de
apenas duas eleições. Quem sobreviver verá.
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