Onde estão as forças que podem mudar o País?
Qualquer pesquisa sobre a história republicana do Brasil nos revela, que sempre houve grupos e/ou dirigentes, prontos para substituir os que estavam falhando na condução do Estado, em momentos críticos. Como bem destaca, Sérgio Fausto*, em recente artigo publicado no Estado de São Paulo, é verdade, também, que nem sempre os resultados foram os melhores, como no golpe de 64, mas sempre as forças sempre estavam ali, presentes e dispostas a assumirem a tarefa, aliando-se, inclusive, muitas das vezes com grupos dissidentes do governo fracassado.
Não se trata aqui da discussão sobre “golpe”, impeachment ou
qualquer coisa do gênero a respeito do governo da presidente Dilma. O que se
constata é a dificuldade de se encontrar, distinguir, vislumbrar, qualquer
coalizão de forças capaz de
contrabalançar as propostas do atual governo, que – noves fora o pessoal da
torcida organizada – não possui nenhuma condição para propor e conduzir
uma mudança nos rumos do País.
A bem da verdade, ainda que as propostas governistas não
sejam das melhores, pelo contrário, ele até vem propondo, tropegamente, o que acredita serem
soluções, enquanto do lado da oposição, o que temos é – basicamente – a critica
ao que vem sendo proposto e nada mais.
Forças dispares,mas unidas por um País melhor |
A classe política nunca esteve tão desacreditada e, com o
desaparecimento das lideranças que surgiram ou se consolidaram na luta contra a
ditadura, não se encontra ninguém quem os tenha substituídos a altura. Mas a
escassez, como ressalta Sérgio Fausto, não está restrita ao mundo político.
Líderes como Antônio Ermírio de Moraes, Paulo Evaristo Arns, Helder Câmara,
Ulysses Guimarães, Tancredo, o próprio Lula... e muitos outros foram substituídos por quem?
Antes que comecem: é claro que existem lideranças, mas nada
do porte de outras que podem ser encontradas ao longo da nossa história. O ambiente político não favorece o surgimento
de novas lideranças e as explicações para isso são muitas.
Em primeiro lugar a participação política se tornou menos
atraente nos últimos tempos.
Participação popular diminuiu |
Além de outros motivos, temos recentemente o fortalecimento
da ideia de que qualquer ação ou participação na política significa mergulhar em
um universo “sujo”, povoado exclusivamente por corruptos. Ora direis, mas a
corrupção sempre existiu. Sim é verdade, mas nunca tão escancarada como agora,
nunca esteve tão arraigada no imaginário da população, independentemente de
classe econômica ou formação intelectual.
O problema é que se não surgem essas lideranças, pessoas ou
grupos representativos da sociedade que assumam o protagonismo, que se mostrem
dispostas a formar uma nova coalizão de forças capazes de mudar os rumos do
País, estaremos entregues a esses figurantes, atores de baixíssima categoria,
incapazes de escrever, cumprir, participar, atuar dentro de um outro roteiro, que nos conduza
a um tempo de prosperidade e progresso (sim, eu sei, existem as exceções, mas
não são fortes o suficiente para aglutinar as forças necessárias para a
verdadeira mudança que precisamos).
Que venham, logo, que surjam o mais rápido possível. E o que podemos desejar. E que não demorem a aparecer.
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