A MOSQUITA, A LAMA, O TRIPLEX , AS AMANTES E O MARQUETEIRO
Talvez você ache que nenhuma dessas coisas tem a ver
com a outra. Mas têm. Ultimamente a cada hora, a cada dia surge um novo assunto
que toma as manchetes e logo-logo saem de cena, dando lugar a outro mais
espetaculoso. Não discuto a importância desses assuntos, mas é preocupante que,
no momento em que o Brasil enfrenta uma das mais graves crises político
econômicas da sua história, governo, oposição e mídia fiquem presos ao assunto
do dia, sem que nenhuma ideia, projeto ou ação destinadas a debelar a crise
sejam tomadas.
A oposição parece ter um único interesse: tirar a
presidente da sua cadeira, de
preferência acompanhada pelo vice. O que se
estima é que na hipótese altamente improvável do governo conseguir tomar as
rédeas da economia e fazer o que é preciso ser feito, vamos precisar, na visão mais
otimista, de uns três anos, pelo menos, para voltar ao patamar de antes da
crise.
Primeiro foi a lama da Samargo, nada menos que o maior
desastre ambiental já sofrido no país, cujas soluções e punições até hoje estão
no já conhecido processo enrolatório. A população prejudicada, milhares de
pessoas, só conseguiu até agora, quando muito, receber mensalmente um salário
mínimo, independentemente das perdas reais sofridas. E a Samargo ainda teve a
cara de pau de gastar milhões com uma propaganda fajuta, onde seus funcionários
afirmam estar fazendo o possível e o impossível para resolver a lameira. Seja como for, serviu para a presidente dar
uma voltinha de helicóptero nas regiões afetadas e tomar conta, justamente,
neste caso do noticiário.
Na situação catastrófica em que se encontra o país,
pode parecer sacanagem, mas até tragédias como esta são bem vindas para tirar o
governo e os atores políticos do foco. Por conta disso muita gente deve ter
ficado feliz com a chegada do aedes aegypti. Afinal, pela gravidade da epidemia parecia possível unir a nação em torno do combate a
mosquista. Não durou muito. Assim como a guerra das amantes entrou e saiu da
pauta.
As
propriedades do Lula continuam rendendo, afinal tem uma certa similaridade com
a Operação Lava a Jato, mas perdeu força assim que foi anunciada a prisão do
jornalista João Santana, que – pelo menos no entendimento da oposição – pode reanimar
a questão do impeachment da presidente, desde que surjam grandes revelações/escândalos
e confirmações de maracutaias relacionadas com a campanha da presidente.
Ou seja,
volta o governo para as cordas do ringue, passando mais uma vez para a
defensiva, não importa o que surja no depoimento de João Santana. Enquanto se
especula sobre isso, medidas concretas sobre a economia, que não para de gerar
más notícias, continuam na estaca zero. A grande providencia da oposição foi
criar um tal de comitê do impeachment e a do governo.. bem, o governo continua
como estava: parado.
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