DILMA E PT: DISCUTINDO A RELAÇÃO

No momento em que o PT comemora seus 36 anos de existência a sua relação com o governo está mais do que estremecida e beira a esquizofrenia. Está claro, mais do que claro, que o partido discorda da presidente, em praticamente tudo, sequer se movimenta - institucionalmente - para defende-la, mas - ao mesmo tempo - precisa sair em sua defesa, pois afinal - supõe-se - este seja é um governo do PT.
No centro da tempestade perfeita, dançando à beira do abismo.

O governo neste momento tem que se entender com três pautas, que desagradam completamente ao partido: o fim da exclusividade da Petrobras sobre os poços do pré-sal, a Reforma da Previdência e a Lei Antiterrorismo.

A primeira, uma proposta do senador José Serra, foi aprovada ontem (25/02) com apoio de senadores "governistas" e a revelia do recém-empossado líder do governo, Humberto Costa do PT/ PE. A tal propalada Reforma da Previdência parece ter um único objetivo: informar ao mercado e afins que a inclinação do governo para medidas de âmbito liberal são para valer. Com o bônus de pelo menos mais um consenso com a oposição. O problema é que essa reforma só vai mostrar resultados a médio e longo prazos, não melhora as contas do governo e desagrada profundamente a base sindical do PT.

Como se não bastasse ainda tem a Lei Antiterrorismo, que vai de encontro, apesar de todas as exceções já colocadas, com o que pensam os movimentos sociais que foram às ruas em apoio a Dilma e contra o impeachment, que se sentem ameaçados pela nova lei.

O problema de Dilma é ela não não parece entender que um governo que entra em crise sem o apoio das elites estabelecidas, só pode contar, para se manter com a mobilização social. O PT é a sua única ponte com os "movimentos sociais", já que a própria presidente não possui nenhuma liderança própria, como possuía, por exemplo, o seu antecessor.

Por outro lado o PT não pode defender nenhuma política econômica que vá de encontro às suas bases sociais, mas também não pode aceitar a queda de um governo que, pelo menos em teoria, é seu. O descontentamento com Dilma, que até então era meio velado, está  - a cada dia - mais explícito. Já ;e dado como certo que a presidente não comparecerá à festa dos 36 anos e já tem dirigentes, como Washington Quaquá, presidente do PT fluminense, que não nenhum constrangimento em afirmar que "não faria questão da presença dela" na festa do partido, embora frise estar falando apenas em seu nome.

O partido, além disso tudo, prepara também um documento, onde propõe lançar mão das reservas internacionais para criar um Fundo Nacional de Desenvolvimento, uma forte redução da taxa básica de juros e a volta da CPMF, entre outras medidas, polêmicas, mas do agrado da sua base. Dilma já se manifestou contrária ao uso das reservas para enfrentar a crise, mas o partido vai pressionar o governo, entre outros motivos porque não desejar ficar a reboque do PMDB, que apresentou um programa intitulado "Uma Ponte para o Futuro", já chamado, com ironia, pelos petistas de "Uma Pinguela para o Amanhã".

As consequências dessa DR ainda não são fáceis de prever. Mas dificilmente essa divisão entre partido e Dilma vão resultar em dividendo positivos para o País.

Enquanto isso a oposição, feliz com as agruras do jornalista João Santana, o homem da comunicação petista nos últimos anos, tenta, com o apoio do PMDB, uma nova via para promover a saída da presidente do cargo, coisa nada fácil, se forem considerados os desdobramentos.

Seja como for, nada no horizonte indica um céu de brigadeiro para a presidente e muito menos para o País. Pelo visto ainda teremos pela frente a continuidade da tal tempestade perfeita, com os principais atores políticos e a população, ainda que a sua revelia, dançando na beira do abismo.

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