NEM DILMA NEM TEMER?
Pelo visto, e não por isso, a crise política ainda
vai render muito. Com impeachment, sem impeachment, com renúncia (mais
improvável que o “apeamento da presidente) nada no horizonte indica o seu fim política e, nem de quebra, a econômica. Já é consenso, entre as partes, que
mesmo que o atual pedido de impeachment seja rejeitado, pelo Congresso, a
presidente continuará sem condição alguma de governar, sem nenhuma
possibilidade de contornar a crise e propor as medidas econômicas necessárias
para tirar o País do buraco. Com isso já começam a surgir outras alternativas,
como a antecipação das eleições presidenciais, que seriam realizadas ainda em
outubro deste ano, simultaneamente com as eleições municipais.
A ideia já foi defendida, com todas as letras, no
Senado, pelo aliado do vice-presidente Michel Temer, Valdir Raupp (PMDB-RO).
Temer, por sinal, depois de patrocinar a “pretensa” saída do PMDB do governo, o
vice-presidente, anunciou a sua intenção de se licenciar, temporariamente, da presidência
do Partido, com uma forme de se “blindar” das críticas (!?). Para justificar a proposta, Raupp revelou que
a ideia de substituir Dilma, na Presidência, não estaria agradando nem mesmo ao
vice, que não desejaria ser presidente da República “em uma situação dessas
porque com impeachment ou sem impeachment, isso não vai acabar bem”.
Na teoria a antecipação das eleições “pacificaria as
ruas”, uma alternativa ao impeachment e também a mais ainda improvável
renúncia, surgiria de uma proposta de emenda constitucional, a tal de PEC. A
ideia já provocou perplexidade e revolta entre várias lideranças no Congresso,
até mesmo entre os tucanos, que até pouco tempo andaram namorando essa ideia.
Seja como for, faltando apenas 10 dias para a votação
do impeachment essa é uma proposta que não tem como prosperar, nem mesmo no
Planalto, onde a presidente a vê como equivalente à renúncia do seu mandato, no
que a bem da verdade, ela tem toda razão.
O problema é que ninguém vê como Dilma poderá escapar
da crise, ainda que escape do impeachment, com dificuldades gigantescas para
compor uma maioria confiável no Congresso que garanta a governabilidade para o
restante do seu mandato. A expressão “pato manco”, que os americanos usam para
classificar/definir os últimos meses de mandato dos seus presidentes, cabe como
uma luva para a nossa mandatária.
Não é a toa que a Rede Sustentabilidade, o partido da
ex-ministra Marina Silva, tenha lançado a campanha: “Nem Dilma, nem Temer. Nova
eleição é a solução”. Marina e seus adeptos, estão de olho na última pesquisa do
Datafolha, realizada entre 17 e 18 de março, onde ela aparece com 21% e 24% das
intenções de voto, dependendo de que seja o candidato do PSDB.
Pesquisas neste momento são, como nunca dantes na
história deste país, como diz o chavão, que institutos e pesquisadores não
cansam de repetir, “um retrato do momento”. E como o “momento” muda a todo
instante, numa velocidade estonteante, impulsionado, basicamente, pelos motores
da Lava a Jato, seria bom combinar bem direitinho do eleitorado. Uma coisa é o
sujeito dizer que votaria em fulano ou sicrana, “se as eleições fossem hoje”.
Outra, ainda que aparentemente não pareça é apoiar a ideia da antecipação das
eleições. E não estamos nem falando da confusão que isto iria provocar na
cabeça do eleitor comum, tendo que votar para presidente, prefeito e vereador
tudo ao mesmo tempo. Sem contar com a duração deste mandato extemporâneo e suas
posteriores combinações com as eleições para governadores e o congressistas.
Estamos bem longe de qualquer solução.
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