PRESIDÊNCIA: BOLSONARO À FRENTE.


Para quem acha que a melhor forma de combater Bolsonaro é com cuspidelas e debate em função de gênero, levados normalmente de uma forma quase histérica, está na hora de repensar e começar a tratar o deputado com mais seriedade. O combate as ideias de Bolsonaro não pode ser feito de acordo com o que ele prega: a intolerância, o radicalismo, a teatralização do combate ou restringi-lo à questão de gênero. Em uma pesquisa recente do Ibope, Jair Bolsonaro atingiu 11% no voto para presidente. Poucos dias antes registrara 8%  das intenções em dois cenários no Datafolha.  A diferença entre as duas pesquisas é que no Ibope foram comparadas opiniões diferentes sobre o deputado, enquanto o Datafolha comparou presidenciáveis entre si. Os resultados do Ibope foram divulgados por José Roberto de Toledo, na última quinta feira, em sua coluna do Estadão.
As diferenças entre os resultados apontam numa mesma tendência Bolsonaro está cativando uma parte significativa do eleitorado. Além do interesse em saber até onde o deputado pode chegar é interessante conhecer que tipo de público Bolsonaro está atraindo.

Um dado interessante é que 54% dos entrevistados, mais da metade, afirmam que não conhecem Bolsonaro o suficiente para opinar. Ou seja, as polêmicas em que costuma se meter, boa parte delas contando com a colaboração do seu inseparável “inimigo”, o também deputado Jean Wyllys, não resultaram em um índice maior de conhecimento.

Bolsonaro é pouco conhecido entre os mais ricos (34%) e entre quem fez faculdade (37%). De um modo geral, o deputado tem um grau de conhecimento inversamente proporcional à renda e à escolaridade. Quanto mais pobre e menos escolarizado, mais desconhecido é Bolsonaro.  É um alívio saber, também, que quanto mais cresce o conhecimento, cresce, também, a rejeição e – por consequência – o potencial de voto.

É possível observar, comparando-se as respostas de todas as faixas de renda que, ao final de uma campanha, que tornasse Bolsonaro, por exemplo, tão conhecido quanto Marina é, atualmente, que a sua rejeição chegaria a dois terços do eleitorado,  o mesmo patamar em que está a de Lula, numa contabilidade feita por Toledo.

Neste momento a questão não é saber de Bolsonaro conseguiria se eleger, coisa que as pesquisas apontam como altamente improvável.  O que já é possível saber é que ele provocaria um belo de um estrago entre os concorrentes. Basta levar em conta uma comparação com Marina, personagem completamente diferente do deputado.

Hoje, como destaca Toledo, a maior superposição de eleitores potenciais de Bolsonaro é com Marina: nada menos que 36% de quem votaria com certeza ou poderia votar em Bolsonaro admite, também, votar em Marina. E 22% de quem votaria em Marina admite votar em Bolsonaro. Toledo fecha a sua coluna com a se perguntando se seriam eleitores conservadores, evangélicos ou eleitores em busca de uma novidade, para concluir que talvez sejam ambos.

Seja lá quem for, vale levar em conta que – independentemente do que buscam, esses eleitores – existe um percentual grande de brasileiros dispostos a votar em figuras fora do “eixo tradicional”, que lhes está sendo apresentado, e que não estão nada felizes com mais do mesmo. Significa, também, que existe uma significativa janela de oportunidade,  para um azarão qualquer tomar a frente na próxima corrida rumo à presidência.  É torcer para que não seja um Bolsonaro de plantão.

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