PRESIDÊNCIA: BOLSONARO À FRENTE.
Para
quem acha que a melhor forma de combater Bolsonaro é com cuspidelas e debate em
função de gênero, levados normalmente de uma forma quase histérica, está na
hora de repensar e começar a tratar o deputado com mais seriedade. O combate as ideias de Bolsonaro não pode ser feito de acordo com o que ele prega: a intolerância, o radicalismo, a teatralização do combate ou restringi-lo à questão de gênero. Em uma
pesquisa recente do Ibope, Jair Bolsonaro atingiu 11% no voto para presidente.
Poucos dias antes registrara 8% das
intenções em dois cenários no Datafolha. A diferença entre as duas pesquisas é que no Ibope foram comparadas opiniões diferentes sobre o deputado,
enquanto o Datafolha comparou presidenciáveis entre si. Os resultados do Ibope
foram divulgados por José Roberto de Toledo, na última quinta feira, em sua
coluna do Estadão.
As
diferenças entre os resultados apontam numa mesma tendência Bolsonaro está
cativando uma parte significativa do eleitorado. Além do interesse em saber até
onde o deputado pode chegar é interessante conhecer que tipo de público
Bolsonaro está atraindo.
Bolsonaro
é pouco conhecido entre os mais ricos (34%) e entre quem fez faculdade (37%).
De um modo geral, o deputado tem um grau de conhecimento inversamente
proporcional à renda e à escolaridade. Quanto mais pobre e menos escolarizado,
mais desconhecido é Bolsonaro. É um
alívio saber, também, que quanto mais cresce o conhecimento, cresce, também, a
rejeição e – por consequência – o potencial de voto.
É
possível observar, comparando-se as respostas de todas as faixas de renda que,
ao final de uma campanha, que tornasse Bolsonaro, por exemplo, tão conhecido
quanto Marina é, atualmente, que a sua rejeição chegaria a dois terços do
eleitorado, o mesmo patamar em que está
a de Lula, numa contabilidade feita por Toledo.
Neste
momento a questão não é saber de Bolsonaro conseguiria se eleger, coisa que as
pesquisas apontam como altamente improvável.
O que já é possível saber é que ele provocaria um belo de um estrago
entre os concorrentes. Basta levar em conta uma comparação com Marina, personagem completamente diferente do deputado.
Hoje,
como destaca Toledo, a maior superposição de eleitores potenciais de Bolsonaro
é com Marina: nada menos que 36% de quem votaria com certeza ou poderia votar
em Bolsonaro admite, também, votar em Marina. E 22% de quem votaria em Marina
admite votar em Bolsonaro. Toledo fecha a sua coluna com a se perguntando se
seriam eleitores conservadores, evangélicos ou eleitores em busca de uma
novidade, para concluir que talvez sejam ambos.
Seja lá quem for, vale levar em conta que – independentemente do que buscam, esses eleitores – existe um percentual grande de brasileiros dispostos a votar em figuras fora do “eixo tradicional”, que lhes está sendo apresentado, e que não estão nada felizes com mais do mesmo. Significa, também, que existe uma significativa janela de oportunidade, para um azarão qualquer tomar a frente na próxima corrida rumo à presidência. É torcer para que não seja um Bolsonaro de plantão.
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