I LIKE TO TRUMP AND BOLSONARO
Escrevi recentemente
sobre o meu interesse em tudo que envolve Donald Trump. Seus comentários
racistas, xenófobos, machistas, sua inexperiência enquanto político, as
acusações de sonegação de impostos e os abusos sexuais tudo me interessa,
principal e basicamente por ter descoberto que nada menos de 40 milhões de
americanos estão se lixando para tudo isso, mantendo-se fiel à sua candidatura.
O que faz com que todas essas pessoas, abracem, sem qualquer constrangimento,
ideias que há bem pouco tempo estavam apenas nos sussurros e nas entrelinhas de
candidatos e eleitores? Classificar, genericamente, todas essas pessoas como
reacionárias e direitistas não esclarece nada. Afinal quem são elas e será que
vivem apenas nos Estados Unidos?
Leandro Mohallen, Edson Salomão, Paulo Enéas e Denis Heiderich |
E esse meu interesse
só aumentou – e muito – quando tomei conhecimento que ex-petistas e ex-MPL organizaram
ato pró-republicanos para evitar uma “nova Dilma” nos EUA. O advogado Leandro
Mohallem (sim, um descendente de árabe) e Dennis Henrique Possani Heiderich
(que faz questão de se declarar gay) são membros do movimento Juntos pelo Brasil e organizadores de
uma manifestação de apoio a Donald Trump. Juntos, estão o professor de
matemática e dono do site Crítica
Nacional, Paulo Enéas e o corretor de seguros do grupo Direita São Paulo, Edson Salomão. Heiderich e Mohallen participaram
das manifestações junto com o Movimento Passe Livre e estiveram próximos ao PT
(Heiderich chegou, inclusive, a se filiar ao partido).
Os quatro rebatem uma
por uma as acusações contra Trump e acreditam que os Estados Unidos correm, de
fato o risco de “eleger uma nova Dilma”. E mais, no caso da democrata Hillary
Clinton vencer, estariam se “rendendo ao bolivarianismo. Ah, e o que considero
mais do nosso interesse: são adeptos do deputado Jair Bolsonaro, que publicamente
prefere ficar à margem das eleições americanas, mas não se furtou em postar um
vídeo, no Facebook, exaltando Donald Trump.
Tá, a gente pode
simplificar tudo chamando esse pessoal de reacionários, pertencentes a
grupelhos com uma visão enraivecida da realidade e cheia de clichês, uma bando
de deploráveis, como os classificou Hillary Clinton, ainda que voltando atrás
depois. Ok, mas as classificações e adjetivos não os farão saírem de cena.
O meu interesse – e
torcida – para que mais gente abrace abertamente essas ideias, com as quais
comungam, geralmente em silêncio, vem de acreditar que é melhor para o país e
para a nossa democracia que assumam claramente suas posições.
Quando ideias, como as
defendidas por Trump e Bolsonaro e afins, são defendidas abertamente descobrimos
que não são coisas de malucos solitários, essa, sem dúvida, a pior forma de se
precaver/classificar. Para combate-las nada melhor que saibamos muito bem quem
são e quantos são os seguidores. Mais ainda se conseguirmos entender, com
clareza, o que há por trás desses apoios. Classificar esse povo como malucos
simplesmente não vai ajudar.
É salutar que saibamos
que no Brasil, existe um eleitorado, bem significativo, capaz de abraçar ideias
"exóticas", como as Trump e do deputado Jair Bolsonaro. As evidências
estão aí para quem quiser ver.. O que penso é que seria saudável para a nossa
democracia que todos se assumissem, sem medo. Eleitores e candidatos.
Chega de tanta gente
escorregadia. No Brasil, praticamente, não temos ninguém se assumindo como de
direita. Todos são progressistas, todos são democratas e afins. E quanto mais
cedo acordamos para o fato de que muitos de direita e de esquerda desejam
apenas instalar um regime opressor, que deve ser combatido no seu nascedouro e
absolutamente às claras, melhor para a nossa democracia. É difícil combater um
inimigo oculto. Não precisamos, nem devemos tolerar que a esquerda, a lá Maduro,
e a direita, fã de Donald Trump, se estabeleçam no poder. A história está aí
para nos ensinar que todos começam de fininho, sem serem levados muito a sério.
Os exemplos de povos que sofreram com a chegada desta gente ao poder estão
ainda por aqui. E fazer de conta que não existem é a pior política que podemos
adotar.
Comentários
Postar um comentário