OUTSIDERS DE FORA
Peço
desculpas pelo pleonasmo multilíngue, mas acho que ele reflete muito bem o que
foi alardeado aos montes, desde o primeiro turno dessas últimas eleições. Por
mim, inclusive. Mas o que se viu foi que elas não privilegiaram, nem consagraram
os tais outsiders da política.
Alexandre Kalil, outsider? |
João Leite |
Ok, ok, tem o Alexandre Kalil, vencedor em Belo Horizonte, que se apresentou como o antipolítico, concorrendo pelo inexpressivo
PHS contra o tucano João Leite.
E acaba a história dos outsiders. E, a bem da
verdade, o Kalil de outsider não tem nada. Mas usou o discurso e ganhou.
A
expectativa de que os outsiders aparecessem e vencessem com base no
esgotamento, sentido pela população, com relação aos políticos tradicionais,
não aconteceu. K, ok, de novo: vai ter gente pensando em João Dória, como um
belo exemplo de “gente de fora” da política, um “fenômeno” capaz inclusive de
fazer avançar e solidificar as pretensões do governador Geraldo Alckmin à
Presidência da República.
Dória e padrinhos. Longe, muito longe de ser um outsider |
Acontece
que João Dória, ainda que não tivesse exercido nenhum mandato antes, fez tudo
como manda o figurino, sem contar que, ainda pela periferia, nunca esteve
totalmente à margem da política. Dória disputou as prévias partidárias, fez
campanha sob o patrocínio do governador, ao lado de deputados e vereadores. Fez
sua estreia como manda o figurino tradicionalíssimo.
Em todas as
capitais onde houve segundo turno, por exemplo e eleição foi entre políticos. A
política, para o bem ou para o mal, deixo para isso para os meus queridos
leitores, continuou/continua sendo dos políticos. Os protestos, o cansaço dos
políticos e da política, foram expressos pela crescente abstenção, pelo voto
nulo ou em branco. O desencanto foi expresso também nas redes sociais, com
muita ênfase, diga-se de passagem, mas o povo que foi às urnas preferiu não
assumir riscos e foi no tradicional mesmo.
O equivoco
nesses casos é acreditar que a população, o eleitorado, não está interessado em
mudanças e/ou na renovação na política e dos políticos. O caso é que a
esperança no surgimento de outsiders capazes de encantar o eleitorado não
aconteceu. Quem se apresentou foram os políticos tradicionais e, sem alternativa,
a população com o que deu. E nem dá para citar o caso de Kalil em BH. O
camarada é um empreiteiro, que se fez à sombra do Estado e está encalacrado com
a lei nos mesmos moldes daqueles que pretende se apresentar como diferente. Já
foi condenado pro apropriação indébita do INSS dos seus funcionários e deve
nada menos que 16 anos de IPTU. Nada de novo, como se vê.
No mais é
aguardar as próximas eleições e ver se algo de novo acontece no quartel de Abrantes
ou se vamos com os mesmos, vários deles com apenas uma roupinha e outra mais ou
menos nova. A ver.
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