O PCC FALOU TÁ FALADO
Ao contrário de outras
“instituições” da nossa República, o PCC não vacila, não emite ordens dúbias,
nem permite interpretações à gosto. A última, foi ordenar o fim das brigas das
torcidas organizadas, feita no dia em que as quatro dos grandes times de São
Paulo, prestaram uma homenagem à Chapecoense e firmaram um acordo de paz nos
estádios. Na mídia cenas jamais registradas: bandeiras do Corinthians,
Palmeiras, São Paulo e Santos, agitadas, lado a lado, na mistura de torcedores,
juntos, sem nenhuma animosidade registrada.
Sem querer, querendo, ser gaiato,
taí um bom exemplo de como as coisas poderiam funcionar melhor, nas
esculhambadas instâncias oficiais do nosso país, onde até o “salve” da Suprema
Corte é alvo de chacota e descumprimento às claras.
Os porta-vozes da organização
disparam ordens, em áudios, que circularam nas redes sociais e cuja veracidade
está sendo investigada pela Polícia Civil. Em duas delas, os homens, que
participam das conversas, afirmam que a ordem para a pacificação das torcidas
partiu do Marcola, dado como o chefe máximo da organização.
“Receberam ordem do Marcola, que é
pra não ter briga nenhuma de torcida. Nem morte, nem briga, nem nada. O cara
que brigar vai apanhar, o cara que matar vai morrer. É ordem do PCC, entendeu?”
Na outra gravação, mais no estilo do PCC, um suposto líder de torcida deixa
tudo, também, bem claro: “Quem deu o salve foi maninho Marcola, acabou a briga,
acabou guerra de torcida, mano. Se tiver quem vai (morrer) são os líderes aí, os
caras (da zona) norte estavam falando. Acabou mano”.
Um chefe de torcida expressa suas
preocupações: “Isso cabe pra todas quebradas, mano. Não estou brincando. É
referente ao comando. Pôs a pedra em cima do bagulho, tá ligado? Se brigou na
zona norte, a gente brigou, o que acontece? O bagulho vai berrar para nós que
somos lideranças. Matou um moleque que é inimigo, nós vamos morrer também”.
O PCC não é uma organização para se
levar na brincadeira e muito menos com o desleixo com que as autoridades agem
contra ela. Hoje ela passa por uma reestruturação (olha aí mais uma lição, esta
para os partidos políticos) e se prepara para adotar um novo modelo de
organização.
Os responsáveis pela “lei e a ordem”
afirmam que estão se mexendo. No mês passado nada menos que 33 advogados foram
presos. Eles atuavam como mensageiros do PCC, fazendo a ligaçãoo entre os
presídios e os que atuam fora deles. Médicos, enfermeiras e dentistas também
estão sendo presos, por atuarem do mesmo jeito dos advogados.
Hoje o PCC atua em 22 dos 27
Estados. Em alguns deles está em luta contra facções rivais, em busca do
monopólio do crime, estendendo, também, os seus tentáculos em países vizinhos,
como o Paraguai.
O PCC vem demonstrando a sua força e
audácia há mais de duas décadas, sem que as “otoridades” consigam vitórias
expressivas contra a organização. Até quando isso vai durar ninguém sabe. Fica
a dúvida e uma ironia sem igual: no Brasil o que funciona mesmo são as
organizações criminosas.
Comentários
Postar um comentário