ABRINDO A TIME LINE ÀS BESTAS DO APOCALIPSE
Prestes a publicar uma nova página no Face, como
“Figura Pública”, me deparei com um velho dilema. Não foram poucas as vezes em
que dei “likes”, alguns acompanhados de comentários solidários, para muitos
amigos, irritados com posts de conteúdo
ofensivo, não só às suas ideias, como pela forma grosseira com que se referem a
qualquer um que lhes ofereça um contraditório. Fartos, decidiram não só
apaga-los, como deletar, também, essas pessoas de suas vidas no Face.
Eu mesmo, confesso, já fiz isso também. Mas, nesse
momento, decidi ir em sentido contrário: vou abrir a minha página, assim como o
Blog do Mena, para qualquer um que
queira comentar qualquer coisa, mesmo correndo o risco de transformar a time
line em um ringue. Preservarei a minha página pessoal, fechada aos amigos e
familiares, com questões – digamos assim – mais brandas.
A razão é, de certo modo, simples: Estamos perto,
muito perto, de uma campanha eleitoral que será, com toda certeza,
demasiadamente acirrada, marcada pela carência de lógica e pela polarização. E
aí você deve estar se perguntando: vai abrir espaço para isso? Sim, essa é a
ideia. Abrir não só para o debate político, não importa o nível, e para outras
ideias que na maioria das vezes o destino seria a lata de lixo.
Sim, o radicalismo derruba a democracia, a boa
convivência entre as pessoas e passa longe da verdade. A opção pelo ódio e a
recusa ao contraditório é atraente, pois fica fácil jogar a culpa de tudo de
ruim nos outros, nas pessoas que discordam dos seus argumentos. É o que talvez
explique, a quantidade de indivíduos que esgrimem esse tipo de ideias, que os
deixam confortavelmente imune às críticas.
Apesar disso, quero, de forma absolutamente otimista,
abrir espaço para reflexões e diálogos até mesmo com as “bestas do apocalipse”,
aquele tipo de gente que só enxerga o paraíso nas suas ideias e o apocalipse
nas dos outros. Quero acreditar – sem a
pretensão de convencer ninguém – que refletir, dialogar, perguntar, sem
adjetivos, sem insultos, com honestidade, pode ser uma pequena semente para, no
mínimo, deixarmos florescer o conhecimento do outro. No momento em que, no
nosso País, os projetos de nação, de convivência humana e cidadã, sequer
reconhecem a existência legitima do outro, acho que vale, pelo menos,
experimentar a possibilidade de um encontro de ideias sobre a possibilidade de
um futuro de bem-estar que inclua todos nós e não apenas aqueles mais próximos
dos nossos narizes.
Vamos ver, então, o quanto será possível. Que venham
as bestas do apocalipse e também os anjos. O espaço vai estar aberto. Quem
sabe, pelo menos uns dois ou três podem tirar proveito disso.
Veremos.
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