AS TRÊS NARRATIVAS, RUINS, DA CRISE

Para “explicar” a crise e tentar arregimentar adeptos, as maiores correntes politicas do país oferecem três narrativas sem nenhuma proposta realista para o futuro ou indicação de rumos, centradas, todas três, na sobrevivência de curto ou- no máximo – de médio prazo.

Duas dessas narrativas são praticamente idênticas. Fui condenado e/ou estou sendo processado sem provas, ao contrário do meu adversário, acusado/condenado com base em fatos robustos e verdadeiros. A diferença é um já estar condenado e outro, por enquanto, apenas processado. A terceira é da turma do PSDB, cujo presidente também está na mira da Justiça, que não sabe se fica ou sai do Governo e não oferece aos seus eleitores nenhuma leitura realista e do interesse da população/eleitorado para a crise.

A vitimização esgrimida pelo PT e seus aliados é coerente com o momento, mas não pode estender-se ao infinito e além. Serve para energizar a militância, tentar despertar solidariedade, mas é um discurso datado, com prazo de validade e dependente do julgamento do Lula, na segunda instância. Falta a narrativa um projeto de superação da crise que vá além do recall, retomada, dos tempos positivos da primeira gestão do Lula. O ex-presidente aliás já se deu conta disso e inseriu no seu discurso os “bons tempos” das suas gestões, principalmente a primeira, embutindo a promessa de que eles podem voltar, com a sua volta a Presidência.

A defesa do Temer é semelhante, ainda que sem a ênfase na vitimização. O presidente quer se contrapor as denúncias, realçando as conquistas do seu curto governo e com a necessidade de mudar o foco para a aprovação das necessárias reformas para tirar o país da crise. Resta saber se as vitórias políticas que conseguiu até agora no Congresso serão repetidas na volta do recesso e o apoio que possui se manterá quando novas denuncias do PGR forem apresentadas.


No PSDB a liderança tradicional é sacudida do muro no qual sempre se refugia, por figuras novas, outras nem tanto, que desejam se desligar do governo, mas cujas propostas se resumem ao vago “apoio às reformas”, com ou sem Temer. Com o seu presidente e presidenciável maior, também abatido pelas acusações do PGR, afastado “provisoriamente” do cargo,  o que sobra são as indefinições de sempre. A exceção agora é que a briga interna está chegando às ruas, onde entram inclusive a pressão pela indicação do seu candidato às próximas eleições, vivenciando uma crise declarada, que não fazia parte, até agora, do seu modelo tradicional.

Correndo por fora temos o pessoal mais a direita, neste momento capitaneada pelo deputado federal Jair Bolsonaro, que muitos apostam que não chega nem ao segundo turno, mas é sempre bom lembrar de exemplos recentes, de candidatos que ninguém apostava e que foram eleitos. Creio que Trump basta.  Os demais, Ciro Gomes, Marina Silva e etc., permanecem lá atrás, sem muita perspectiva e pior, sem um discurso que entusiasme o eleitorado.

O distinto público, os eleitores, por enquanto, pelo menos, não parecem se entusiasmar com nenhuma dessas narrativas ou personagens. Lula continua na dianteira das pesquisas com o seu piso tradicional de 30%. Até quando depende muito mais do Judiciário do que de qualquer outra coisa. 

A economia dá sinais cambaleantes de melhora, mas nada que entusiasme, muito menos aos milhões de desempregados. As panelas estão mudas, as manifestações a esquerda ou a direita, restritas as torcidas organizadas.

Por enquanto é torcer para que apareça algo melhor do que está colocado e nos dê esperanças de dias realmente melhores

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