AUMENTA NO BRASIL A INFLUÊNCIA DOS ROBÔS NO PROCESSO ELEITORAL

(Via CMSI - Comunicação & Marketing - Soluções Integradas - cmsi-solucoes.com)
O uso, cada vez maior de robôs nas eleições brasileiras, tem chamado a atenção de pesquisadores e alvo de estudos sobre a sua importância. A Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV/DAPP) tem divulgado alguns deles, uma fonte importante para entendermos como as chamadas “contas automatizadas” tem interferido com muita intensidade no debate político e no processo eleitoral. 
Essas interferências, que muitos creditavam apenas aos acontecimentos registrados em outros países, já são objeto de preocupação das autoridades brasileiras, principalmente pela possibilidade de propagação de noticias “fakes”, mas a ameaça dos robôs é bem maior que isso. E vamos vê-los atuando, queiram ou não nossas autoridades, com muito vigor nas próximas eleições.
O estudo da FGV revela que a maior ameaça das contas automatizadas está na manipulação dos debates nas redes sociais e a influência que podem exercer, levando a “audiência” a adotar até mesmo posições contrárias aos seus verdadeiros interesses. Nas últimas eleições presidenciais americanas, por exemplo, uma enorme quantidade de postagens (só possível com o auxilio das contas robôs) aparentemente geradas por eleitores de Bernie Sanders, aquela altura já derrotado, pregavam a abstenção como forma de protesto. Na verdade os posts, gerados pelos conservadores, tinham como objetivo diminuir a presença dos eleitores de Sanders, que poderiam optar pelo voto em Hillary Clinton, criando espaço mais confortável para a presença dos mais conservadores, os eleitores de Donald Trump. 
Os robôs não chegaram agora no Brasil. O estudo da FGV/DAPP demonstra que eles vem atuando mais fortemente no Brasil desde 2014, durante as eleições presidenciais, quando geraram mais de 10% dos debates nas redes. Em 2017, na greve geral de abril, foram mais de 20% das interações no Twitter, entre os usuários a favor da greve, provocadas por esse tipo de conta. 
A pesquisa da FGV/DAPP emite um alerta muito importante: “não estamos imunes aos robôs e devemos buscar entender, filtrar e denunciar o uso e a disseminação de informações falsas ou manipulativas por meio desse tipo de estratégia e tecnologia”.
O estudo leva a conclusões óbvias, mas extremamente importantes. Uma delas é que a proximidade das eleições de 2018, que definirão o próximo presidente da República, torna essencial mapear as ações dos robôs, como forma de evitar intervenções extremamente danosas e ilegítimas ao processo, como já aconteceu em inúmeros países recentemente.
Dar atenção ao perigo das contas automatizadas é importante, principalmente quando se constata que é crescente o número de pessoas que se informa por meio das redes sociais em todo o mundo. No Brasil, a Pesquisa Brasileira de Mídia 2016, realizada pela Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, revela, por exemplo, que 49% das pessoas já se informam pela internet e que existe uma clara tendência de crescimento. É aí que atuam os robôs e, mais que isso, se proliferam.
Através da manipulação, como concluem os pesquisadores da FGV, “os robôs criam a falsa sensação de amplo apoio político a certa proposta, ideia ou figura pública, modificam o rumo de políticas públicas, interferem no mercado de ações, disseminam rumores, notícias falsas e teorias conspiratórias, geram desinformação e poluição de conteúdo, além de atrair usuários para links maliciosos que roubam dados pessoais, entre outros riscos”.
Desprezar o força, o poder e a influência dessas contas automatizadas é se entregar a manipulação, com perdas expressivas nas políticas públicas. Ainda que existam centenas de exemplos do uso positivo dos robôs no mundo online, as suas interferências no mundo da política podem muito rapidamente colocar a sociedade em situação de risco. Sem uma política intensa de fiscalização e combate as ações dos robôs, baseada no conhecimento das mais modernas tecnologias, as eleições de 2018 podem ter seus resultados manipulados, ameaçando seriamente a lisura do pleito e, o que é muito pior, ameaçando seriamente o nosso futuro.
>> Confira a íntegra do estudo em PDF
>> Leia também: Os robôs nas redes sociais, por Marco Aurelio Ruediger

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