José Dirceu quer esquerdas com candidato único


Sob o ponto de vista da competitividade, José Dirceu tem toda razão. Enquanto as esquerdas e os centristas entram na competição divididos, em dezenas de candidatos, a extrema direita segue firme com o deputado Jair Bolsonaro, hoje a candidatura líder nas pesquisas, atrás apenas de Lula, que – dificilmente – poderá participar dessas eleições.

Bolsonaro aposta na desilusão de parcela significativa do eleitorado, que não vê saída para os problemas da segurança, da corrupção e dos desmandos administrativos, que levaram o País a enfrentar uma das maiores crises da sua história. Lula, o único personagem que – por enquanto – supera Bolsonaro nas pesquisas, por outro lado, não poderá usar do seus prestígio para inflar uma candidatura se as esquerdas continuarem divididas, com várias candidaturas já postas.

A melhor alternativa para as esquerdas seria apoiar a candidatura mais competitiva, vamos chamar assim, da centro esquerda, a de Ciro Gomes, que vem se saindo bem nas pesquisas, amealhando, inclusive uma parte do eleitorado de Lula, que procura outra alternativa de voto, convencida da impossibilidade do ex-presidente ser candidato.

O centro também está dividido e o seu principal representante, o ex-governador Geraldo Alckmin, de São Paulo,  não dá sinais de crescimento e todos os demais nomes continuam patinando com índices baixíssimos de conhecimento e intenção de voto.

Outro que poderia ser animar a disputa, o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa, cuja entrada no PSB parecia sinalizar a possibilidade do centrismo se tornar mais competitivo, enfrenta resistências entre os socialistas. O atual governador de São Paulo, Márcio França, gostaria que o PSB apoiasse a candidatura Alckmin, facilitando a sua campanha ao governo estadual e outra ala, também forte na agremiação, deseja fechar com Marina Silva, da Rede, reeditando a coligação das eleições passadas.

Para complicar ainda mais este quadro pulverizado, com a exceção única do Jair Bolsonaro, é que mantida, em linhas gerais, a proporcionalidade das pesquisas atuais de intenção de voto, é possível que qualquer candidato com cerca de 20% dos votos chegue ao segundo turno. Se Jair Bolsonaro não desidratar antes, será com ele que este candidato irá disputar, com a extrema direita, até então uma ala envergonhada da política nacional, se colocando com uma corrente suficientemente forte para ser, obrigatoriamente, ouvida.

Por enquanto é observar com mais cuidado as oscilações do chamado “eleitor pêndulo”, formado pelos viúvos do Lula e descontentes em geral, que tem transitado entre algumas candidaturas, ao mesmo tempo em que bate ponto entre os que pretendem cotar nulo ou em branco.




Ou seja, apenas há seis meses das eleições muita água ainda irá rolar por baixo da ponte, mas uma coisa é certa: se as esquerdas não se aglutinarem em torno de uma única candidatura, com o apoio do  ex-presidente Lula, sofrerá uma acachapante derrota, tendo que despender muitos esforços para voltar a serem minimamente influentes na política nacional.


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