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Mostrando postagens de novembro, 2016

A "SOCIEDADE DO ESPETÁCULO" EXPLICA TRUMP?

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Guy Debord Em artigo recente, publicado no jornal O Estado de São Paulo, o professor do Departamento de História da Unicamp, Gabriel Zacarias, tenta explicar, usando o conceito do teórico francês Guy Debord, de “sociedade do espetáculo” a vitória de Donald Trump. É um conceito que usa o "paradigma da representação", inclusive da representação política, para explicar como chegamos a uma sociedade do espetáculo e o papel exercido pelos seus vários atores.  Nas sociedades modernas, que se tornam cada dia mais complexas, as experiências individuais, no entanto, seguem numa direção contrária, se tornando cada vez mais reduzidas, já que no capitalismo moderno a maior parte do nosso tempo é dedicado a tarefas produtivas hiper-especializadas. É o que, em linhas muito gerais, leva ao conceito de "sociedade do espetáculo". Para suprir essa carência da nossa participação individual na representação geral da sociedade, as pessoas passam

AUTOBIOGRAFIA DE RITA LEE. VALE LER. E MUITO.

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Nesta quarta-feira, 16, Rita Lee lança a sua autobiografia, publicada pela Globo Livros, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional na Avenida Paulista, em São Paulo. O livro é uma delícia e um marco importante na história das autobiografias brazucas, principalmente as do meio artístico. Rita se coloca no texto de uma forma muito honesta e até mesmo impiedosa com ela e com muito que passaram por sua história, pela sua vida. Está sendo comparada a livros autobiográficos lançados por Keith Richards, Eric Clapton e Rod Stewart, entre outros que resolveram contar suas histórias com sinceridade, abordando os seus erros e acertos, contando de fato as suas vidas. Na autobiografia de Rita episódios obviamente desconhecidos do público, contados com muito bom humor, um verdadeiro exemplo para os grandes nomes da MPB, que se levam demasiadamente a sério e, pior, extremamente zelosos das duas imagens chegaram inclusive a patrocinar movimentos tristes e reacionários, como o tal  Procure Saber , cu

MANIFESTAÇOES CONTRA TRUMP NOS EUA

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Como será que Trump vai reagir aos protestos? Trata-se de algo totalmente novo, esses protestos de rua, logo após o anúncio da vitória de Trump. Ainda que boa parte constituída por jovens, muitos exibindo cartazes com a frase: " Donald Trump não me representa ", tem atraído outros segmentos. Não há registro de manifestações deste porte, após uma eleição para presidente nos EUA. Já foram registrados embates com a polícia. Trump, como sempre, logo no início, como costuma fazer com qualquer um que lhe conteste, tentou desqualificar os manifestantes, mas já voltou atrás e elogiou os participantes. O que vai acontecer com essa de protestos é difícil de saber agora, mas já está mais ou menos claro, que o novo presidente vai ter problemas com uma parte significa dos americanos, contrários as suas ideias e propostas. Vamos aguardar para ver. O certo é que a administração de Donald Trump não será nada tranquila.

E O TRUMPISMO NACIONAL? ALGUÉM VIU POR AÍ?

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Futuro incerto com ele Interpretações e comentários mil pululam em tudo quanto é mídia internet incluída, sobre a “surpreendente” eleição de Donald Trump. Por isso vou ficar restrito, aqui, no meu canto, a duas questões que me interessam mais de perto, antes que Donald Trump chocalhe o mundo, com consequências imprevisíveis. A primeira é o que se convencionou dizer que praticamente ninguém atentou para a existência e a força do eleitorado trumpista, incluindo aí os institutos de pesquisa, e que a sua vitória pegou o mundo de calças curtas. Além disso, seria uma sinalização clara de uma reviravolta do eleitorado americano, que teria optado, de forma significativa, pelo populismo demagógico de Trump. Institutos: erros e acertos.   A segunda, que nos interessa, mais de perto, é a revelação de que existe, em toda as regiões do Globo, um contingente significativo de pessoas que se sentem marginalizadas do processo econômico/social dos seus países e está muito, muito mes

MARIANA: 1 ANO. E VEM MAIS TRAGÉDIAS POR AÍ.

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Foi em 5 de novembro, do ano passado, que a barragem do Fundão rompeu, derramando 35 milhões de m3 de “lama” em uma área de 700 km, deixando desabrigadas 1.500 pessoas, 18 mortas e uma desaparecida. 27 cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo foram prejudicadas na economia e no abastecimento de água. E pior: ainda hoje, um ano depois, a lama da barragem continua a tingir de marrom o Rio Gualaxo do Norte, que deságua no Rio do Carmo e segue tragicamente até o Rio Doce e o oceano Atlântico.   Sabe-se hoje que existem cerca de 500 mineradoras, operando do mesmo jeito irresponsável da Samarco. Metade delas em Minas Gerais. São tragédias anunciadas. E ao que tudo indica o triste exemplo de Mariana pode se repetir, já que nossas autoridades primam pela lerdeza e falta total de senso de justiça. O que se assiste hoje é o já conhecido jogo de empurra e faz de conta, entre a empresa, que provocou a maior tragédia ambiental do país, e as autoridades e demais ór

OUTSIDERS DE FORA

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Peço desculpas pelo pleonasmo multilíngue, mas acho que ele reflete muito bem o que foi alardeado aos montes, desde o primeiro turno dessas últimas eleições. Por mim, inclusive. Mas o que se viu foi que elas não privilegiaram, nem consagraram os tais outsiders da política.  Alexandre Kalil, outsider? João Leite Ok, ok, tem o Alexandre Kalil, vencedor em Belo Horizonte, que se apresentou como o antipolítico, concorrendo pelo inexpressivo PHS contra o tucano João Leite. E acaba a história dos outsiders. E, a bem da verdade, o Kalil de outsider não tem nada. Mas usou o discurso e ganhou. A expectativa de que os outsiders aparecessem e vencessem com base no esgotamento, sentido pela população, com relação aos políticos tradicionais, não aconteceu. K, ok, de novo: vai ter gente pensando em João Dória, como um belo exemplo de “gente de fora” da política, um “fenômeno” capaz inclusive de fazer avançar e solidificar as pretensões do governador Geraldo Al

"Perdoando Deus" | Clarice Lispector

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Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade. Tive então um sentimento de que nunca ouvi falar. Por puro carinho, eu me senti a mãe de Deus, que era a Terra, o mundo. Por puro carinho mesmo, sem nenhuma prepotência ou glória, sem o menor senso de superioridade ou igualdade, eu era por carinho a mãe do que existe. Soube também que se tudo isso "fosse mesmo" o que eu sentia - e não possivelmente um equívoco de sentimento - que Deus sem nenhum orgulho e nenhuma pequenez se deixaria acarinhar, e sem nenhum compromisso comigo. Ser-Lhe-ia aceitável a intimidade com que eu fazia carinho. O sentimento era novo para mi

JUSTIÇA DO TRABALHO. INOPERANTE E CARA. CARISSIMA.

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Entre as múltiplas jabuticabas que somos pródigos em criar,  uma das mais emblemáticas é essa tal de Justiça do Trabalho. Recentemente o deputado Nelson Marchezan Júnior, do Rio Grande do Sul, numa dessas comissões da Câmara, revelou que a Justiça do Trabalho deu aos trabalhadores que a ela recorreram, no ano passado, cerca de 8 bilhões de reais em benefícios. E, agora a parte mais interessante, nesse mesmo ano, ela custou aos cofres públicos – muita atenção aos números – nada menos que 17 bilhões de reais. J.R. Guzzo publicou uma crônica na revista Veja, abordando essa maluquice, onde se consome duas unidades para produzir uma e ainda achamos que está tudo certo. Foi a conclusão a que chegou o deputado, ao afirmar que seria melhor se a Justiça do Trabalho simplesmente não existisse. O governo daria diretamente aos trabalhadores, que apresentassem queixas trabalhistas, todos os anos, os tais 8 bilhões de reais. Assim as empresas ficariam satisfeitas, sem

Democracia en prueba

(Publicado pelo meu amigo José Rafael Vilar no jornal El Deber) Pocas veces la democracia que dejaron los padres fundadores de la Unión Americana ha estado tan en entredicho como en estas elecciones. La verborrea más agresiva, la falta casi general de propuestas, los populismos de la más diversa orientación —Trump y Sanders—, la proliferación de precandidatos —iniciaron 19 republicanos y 7 demócratas—, los candidatos más rechazados —a fines de agosto (Washington Post/ABC News), Clinton tenía 59% de rechazo en votantes registrados y Trump 60%—, un candidato del que su propio partido se aparta —Trump— a la vez que admira un gobernante poco amigo —Putin— y amenaza desconocer resultados, además del aparente intento del director del FBI —James Comey, republicano— para favorecer a Trump son parte de un álgido escenario que mantendrá en vilo a todo el mundo hasta los resultados del próximo martes. Hoy las encuestas daban a Clinton ventaja entre 2 y 3% sobre Trump, una caída tras el anunci

ABSTENÇÃO: PROTESTO OU DESINTERESSE?

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Com um dos maiores índices de abstenção registrado nessas eleições, não são poucas as análises sobre o seu significado. Pra começar é bom lembrar que entre os milhões que preferiram não votar estavam os dois últimos presidentes, Lula e Dilma, um fato assaz curioso, mas que não mereceu muita atenção da mídia. Lula alegou que tendo ultrapassado a barreira dos 70 anos não estava mais obrigado a comparecer às urnas e a Dilma foi visitar um parente adoentado fora do seu domicílio eleitoral. Protesto, desinteresse ou puro desânimo pela intuição dos resultados? Além da abstenção, chamou a atenção a quantidade de votos brancos e nulos: 14,3% dos eleitores, que foram às urnas, deixaram de escolher candidatos, nesse segundo turno. O maior número desde 2004. O mais provável, para explicar tanto os votos anulados quanto a abstenção seja, realmente, uma mistura de voto de protesto com desinteresse pelos resultados. Há um profundo desencanto com os políticos e a política que