GUERRA PELA ÁGUA


GUERRA PELA ÁGUA – 4 estados em disputam mananciais e a demagogia já se faz presente. Confiantes em São Pedro, as autoridades assistiram de braços cruzados o principal reservatório que abastece a cidade de São Paulo chegar a menos de 14% do volume armazenado. O cidadão não fez a sua parte e abusou. Agora fala-se em obras que só poderão ficar prontas daqui há três anos e a grande São Paulo e cidades próximas podem viver os seus dias de sertão nordestino.


Reservatório da Cantareira: paisagem de sertão nordestino.

Não há solução imediata para resolver o problema. A única possibilidade é o racionamento, coisa que faz os políticos tremerem nas bases, principalmente em ano eleitoral. Racionamento significa consumir menos que o usual e só existem duas formas para isso. Primeiro um rodízio, fechando e abrindo registros em diferentes setores da cidade. O segundo é um racionamento com medidas não estruturais: bônus para quem economiza, multas pesadas para quem extrapolar. Nada, voltamos ao ponto, que agrade aos governantes em época de eleição.

O outro problema é que a gestão das águas. A rigor ela é competência do município. É o que está na Constituição, mas na prática o Estado se envolve na questão e assume a responsabilidade. Quando se trata de captar água de rios que atravessam mais de um estado entra também a União e temos órgãos municipais, estaduais e federais, agência reguladoras e, com todo mundo metendo a colher, vai sobrar pro cidadão, diga-se de passagem um perdulário no consumo, a conta ou a falta d’água.

Enquanto não se leva a sério a questão: não é possível consumir água potável como se consome perdulariamente, como hoje, e a população (governantes incluídos) que a água é um bem escasso no planeta, os governantes partem para tratar o assunto de olho em problemas imediatos e com a habitual demagogia. O plano do governo de São Pauoo, que de resto não resolverá a seca imediata, já levou o governador do Rio a ameaçar de ir a Justiça e tentar envolver o Governo Federal na questão, afirmando que os técnicos do Rio vão elaborar “todos os estudos possíveis” para impedir qualquer projeto de ajuda a São Paulo, utilizando as águas do rio Paraíba do Sul. “Esta falta de água no Estado é um problema de gestão dele e não do Rio”, afirma Cabral.

Opositores ao governador de São Paulo parecem torcer para que o problema se agrave e influencie nas eleições. A presidente que evitar se meter nessa briga entre Cabral e Alckmin, mas está preocupada com a situação do abastecimento em São Paulo e teme os reflexos de um possível racionamento no período anterior ou durante a Copa do Mundo. Ela sabe que se a situação continuar se agravando vai sobrar pra todo mundo, já que o brasileiro não distingue bem as responsabilidades inerentes aos municípios, estados e união. Pelo sim, pelo não já ordenou que a Agência Nacional das Águas (ANA), sim existe isso, trate de apressar os estudos sobre o caso.

A guerra entre municípios e Estados mal começou mas vai sobrar, mais cedo ou mais tarde pra todo mundo. O fato é que todos, muncipios, estados e União veem negligenciando a administração das águas. Não temos uma política de saneamento adequada, não tratamos os esgotos para reaproveitar a água para consumo, não conscientizamos os cidadãos para um consumo consciente, de forma efetiva, e o problema só tende a piorar. No que diz respeito a São Paulo – e que sirva de exemplo para outras cidades – é preciso reduzir drasticamente a demanda, com sobretaxas ao consumo excessivo e pensar seriamente no reuso da água, o que passa pela despoluição dos rios e por um programa sério de captação e tratamento de esgotos. A situação chegou ao limite. Vamos ver se soluções séria serão adotadas ou vamos ficar na guerrinha demagógica entre estados e a espera que São Pedro, que não costuma aparecer por aqui no outono e no inverno dê o ar da graça fora de época.

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