GUERRA DAS AMANTES
Antes da prisão de João Santana ocupar as manchetes e os destaques nos noticiários, as amantes tinham entrado com força na arena política. O uso deste tipo de recurso, para desmoralizar
adversários, é relativamente recente na história política brasileira. Assuntos
como esse sempre foram comentados à boca pequena, normalmente sobre uma
perspectiva machista e ficava nesse campo. A mudança ocorre na campanha
presidencial de 89, quando Collor fez uso da enfermeira Miriam Cordeiro para
atacar e praticamente nocautear o seu adversário, na época, o ex-presidente Lula.
O caso de Lula, guarda no entanto
diferenças com os mais recentes. Collor usou a questão moral, batendo na tecla
dos abortos a que a enfermeira teria se submetido por pressão do ex-presidente.
Os mais recentes estão na mídia por conta da origem duvidosa de dinheiro para o
pagamento de “pensões alimentícias”.
O que não se sabe ao certo, apesar
dos adversários, de parte à parte, usarem esses subterfúgios com entusiasmo,
quais são na realidade o impacto que provocam na população/eleitores, mas pelo
visto continuarão sendo utilizados na política brasileira. Nas redes sociais o
assunto bomba, com documentos sendo exibidos com muito entusiasmo pelas
torcidas de cada lado, ambas falando para seu público cativo. Em que poderá
influenciar na aprovação ou desaprovação dos envolvidos, só mesmo o tempo dirá
Para quem já esqueceu D. Miriam (com
“m”) acusou o candidato, Lula, entre outras coisinhas menores, de tê-la forçado
a fazer pelo menos dois abortos. Foi quando o Brasil ficou sabendo, também, que
Lula tinha uma filha, na época, acho, com uns 15 anos, fruto do seu
relacionamento com a enfermeira. O caso, pela agressividade com que foi
apresentado causou muita polêmica e certamente teve influencia no resultado das
eleições.
Posteriormente, o público ficou sabendo
das aventuras extraconjugais do atual presidente do Senado, que ficou conhecido
como Renagate, Renan Calheiros teria recorrido a empreiteiros para pagar a
pensão alimentícia da jornalista Monica Veloso, com a qual Renan teria uma
filha. A divulgação quase provocou a cassação do senador, mas, ao contrário do
uso feito por Collor, nitidamente de ordem moral, o problema com Renan estava
relacionado com possível troca de favores, com empresas, e falsificação de
documentos para provar que não tinha recursos para pagar a pensão.
Agora, surge outra Mirian (essa com
“n”), também jornalista, como a Mônica, que veio a público expor a sua relação
extraconjugal com o também ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso. Como o
caso já era conhecido do público, as revelações são de outra ordem: origem dos
recursos da mesada paga por FHC, que envolve uma empresa ligada ao setor do
duty free e a rede Globo, empresa para a qual a jornalista prestou serviços.
Do lado de Lula ainda existe a
Rosemary Noronha, que apesar das insinuações de caráter sexual, na sua relação
com o ex-presidente, foram superadas pelo imbróglio relacionado a uma
transferência, nunca devidamente explicada, de 25 milhões de euros para o banco
Espírito Santo, da cidade do Porto, em Portugal.
Ou seja, a guerra das amantes tem
ainda todos os ingredientes para durar. Resta saber se ficará restrita à
questões relativas à pensões ou poderão ser acrescentados detalhes picantes. Resta saber, também, se a mosquita, a lama da Samargo, a prisão de João Santana e o impeachment de Dilma não voltarem ao noticiário ou outro escândalo qualquer.
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