UM SONHO DE XOXOTA EM BARRA GRANDE
Quem
me apresentou a esse inacreditável sonho foi o Luís Lamego. Estávamos indo rumo
a praia, em nosso primeiro dia em Barra Grande, povoado famoso, hoje frequentado
por milionários, na Baía de Camamu, uma das mais belas do país,
poucos meses antes da virada do século XXI. Íamos em direção à praia, quando nos deparamos com Lamego, que de pronto nos indicou o melhor local para o sol e o banho.Depois de algum tempo, admirando a fantástica vista, Lamego surge, repentinamente, com a pergunta: querem curtir algo espetacular? Sim, claro, respondemos de pronto, ainda que sem saber do que se tratava. E Lamego, com sua voz potente, lança um grito em direção ao mar: hei, Xoxooootaaaa! Surpresa geral, quase pânico. O que viria a seguir? Eis que surge um nativo, cesta em punho, cara de poucos amigos, mas obviamente solicito, pronto para atender ao desejos de Lamego, fosse lá o que fosse aquilo.
poucos meses antes da virada do século XXI. Íamos em direção à praia, quando nos deparamos com Lamego, que de pronto nos indicou o melhor local para o sol e o banho.Depois de algum tempo, admirando a fantástica vista, Lamego surge, repentinamente, com a pergunta: querem curtir algo espetacular? Sim, claro, respondemos de pronto, ainda que sem saber do que se tratava. E Lamego, com sua voz potente, lança um grito em direção ao mar: hei, Xoxooootaaaa! Surpresa geral, quase pânico. O que viria a seguir? Eis que surge um nativo, cesta em punho, cara de poucos amigos, mas obviamente solicito, pronto para atender ao desejos de Lamego, fosse lá o que fosse aquilo.
- Este
é o melhor sonho do mundo,
esclarece Lamego entusiasmado. - Solta três aí Xoxota".
Foi assim que conhecemos o Xoxota, vendedor de sonhos em Barra Grande e
personagem famoso, querido e vivenciador de episódios marcantes no povoado, um
dos quais como protagonista, ou quase, de um dos números mais bizarros
apresentados pelo circo mambembe que se apresentava na city. Nunca soubemos a
origem do “codinome” desse vendedor de sonhos. Lamego também, pelo que sei,
desconhece, mas não deixa de ser bizarro, para dizer o mínimo, um vendedor de
sonhos chamar-se Xoxota. Ou não, talvez, como diria Caetano. Enfim, na Bahia e
em Barra Grande, exotismo é o que não falta.
Mas
vamos ao circo e a quase performance de Xoxota em um dos mais grotescos número
circenses que jamais imaginei fosse possível.
Não é Xoxota, mas poderia ser - rss. |
Durante
o “espetáculo” um dos números mais – digamos assim – exóticos, era o momento em
que o apresentador, vinha para o centro do picadeiro, com uma galinha debaixo
do braço e a “depositava” num buraco previamente cavado no centro. O pobre
galináceo ficava apenas com o pescoço do lado de fora, movendo-o nervosamente
para todos os lados. E, surpresa, munido de um pedaço de pau, com um prego,
isso mesmo, um prego, gigante preso na ponta, o apresentador desafiava os espectadores e
acertar o bicho com o dito cujo. Para quem conseguisse, obviamente que de olhos
vendados e depois de ser girado inúmeras vezes sobre o seu próprio eixo, um
grande prêmio, que nunca soubemos exatamente qual seria, pois ao pedir um
“voluntário”, o circo inteiro começou a gritar a plenos pulmões: Xoxota,
Xoxotaaa, Xoxotaaaa, que – se presente – declinou da honraria.
Perplexo, já
que não poderia saber que Xoxota era na verdade uma pessoa e não o que ele
estava a pensar, o apresentador foi pelo caminho que lhe parecia estar sendo
indicado pela platéia e bradou, tomando um outro rumo: Vocês querem mulhé?
Vocês querem mulhé? E o povão: Não! Xoxota, Xoxota, Xoxota... Pelo sim, pelo não entre
em cena uma senhora, já madura, em trajes que pretendiam ser sexy, que há
poucos minutos estava amamentando uma criança, logo ali, atrás da lona,
praticamente à vista de todos, que se pôs a rebolar mecanicamente durante
poucos minutos antes de se retirar, com os devidos pedidos de aplausos do
apresentador, que ainda assim não conseguiu acalmar a platéia, ainda aos gritos
de Xoxota, Xoxotaaaaa!
A
ESTRANHA PRAGA DOS CACHORROS PERNETAS
Ainda
em Barra Grande, fui surpreendido pela quantidade enorme de cachorros que
mancavam visivelmente, a maior parte com problemas nas pernas traseiras. Fiquei
curioso. Nada levava a crer que se tratasse de alguma doença exótica, que teria
acometido praticamente toda a cachorrada do vilarejo. Socorreu-me mais uma vez
Lamego ao explicar o aparentemente inexplicável.
Recentemente,
me disse, tinham aparecido no vilarejo uns indivíduos, com um novo negócio que
agitou os nativos: aluguel de motos. Ninguém precisava apresentar qualquer
habilitação, nem mesmo fazer um teste rápido, que demonstrasse um mínimo de conhecimento
em pilotar as dita cujas. Bastava pagar e sair por aí. Obviamente, da
cachorrada, que desconhecia completamente a existência de tais veículos, muito
menos em tal quantidade e com tais pilotos, poucos escaparam, ainda mais
porque, intrigados com a súbita aparição daqueles bichos barulhentos, deram
também de tentar correr ao lado, ameaçando-os, o que se revelou fatal para a
grande maioria. O ápice da praga deu-se quando a padaria, na praça principal,
foi invadida por um dos barbeiros, que sem saber como parar a máquina, só o fez
depois de estrebuchar-se de encontro ao balcão dos pães, colocando em pânico
fregueses e proprietário.
Assustada, parte da população recorreu a polícia, que
mandou um forte destacamento, composto por dois policiais, encarregados de acabar com
a bagunça. Pelo sim, pelo não, a praça foi cercada por correntes, impedindo o
acesso pelos motoqueiros loucos e os locadores intimados a só alugarem os
veículos a quem habilitado o fosse, o que levou a falência imediata do
empreendimento.
A
REVOADA DE AVIÕES DO PT EM BUSCA DE DUDA MENDONÇA
Essa
quem meu contou foi Justino Pereira, fiel militante petista, mas individuo de
fino humor e muito curioso. Passando férias no local, decidiu perguntar a um
garçom de um dos restaurantes locais sobre o paradeiro de Duda Mendonça que, sabia Justino, ser proprietário de uma exuberante, para dizer o mínimo, propriedade local. Eram tempos de mensalão (quem lembra?) e Duda Mendonça
um dos protagonistas do enredo, com seu franco e inacreditável depoimento na CPI do caso. Corria a boa grande e pequena que, naquela época, Duda encontrava-se recluso na sua propriedade e isso bastou para Justino perguntar ao garçom se ele era visto circulando pelo vilarejo
Às
gargalhadas Justino tentou explicar para o moço que o prefixo PT dos tais aviãozinhos não significava que fossem de propriedade do partido, sendo apenas um símbolo de
classificação de origem das aeronaves. Não convenceu. Pro nosso garçom eram
todos do partido, pousavam quase diariamente na propriedade do Duda e ponto
final.
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