BOLSONARO, O TRUMP DOS TRÓPICOS?
Mais que um palhaço: uma ameaça |
Aqui como acolá, gente como Jair Bolsonaro e Donald Trump
não costumavam, ou ainda não são, no caso brasileiro, levados a sério. Nos
Estados Unidos Trump foi considerado, de início, apenas um palhaço, uma
criatura exótica, a ser descartado, no seu devido tempo. Na melhor das hipóteses,
poderia até servir como elemento de pesquisas, de termômetro, para que certos
anseios da população, pudessem até ser adicionados às propostas dos candidatos
republicanos, mais sensatos e experientes, mas que – ao contrário do que se
imaginava – foram sendo descartados. Trump desprezado e/ou ignorado pelos
políticos e a mídia vai crescendo.
Aqui, como acolá, quem presta atenção em Bolsonaro é
no mínimo taxado de idiota. Tá o homem tem posições, teorias e propostas que
envergonham os bem pensantes do país. Mas, acolá, como aqui, Trump também foi –
inicialmente – ignorado e motivo de chacota e repulsa. O que interessa
especular, entender, analisar, são os motivos pelos quais o eleitorado, boa
parte do eleitorado, se interessa e termina dando o seu voto a representantes do tipo Bolsonaro/Trump. E nunca é demais lembrar, por exemplo, que Hitler
também foi eleito. E deu no que deu.
Aplaudido nas manifestações |
Nunca é demais lembrar, também, que pessoas como Trump
e Bolsonaro, são eleitas, recebem apoio/adesão, quando o medo começa a superar a
esperança. E medo aqui, como acolá, pode suas causas em motivos bem variados. O medo vence a esperança quando milhares de pessoas começam a
se desiludir com a política e os políticos tradicionais. Vence quando elas deixam
de ver nas instituições, nos poderes constituídos, competência para encontrarem
uma saída para as suas vidas, aqui e agora. Como são “simplificadores”, elas não
avaliam corretamente as causas dos seus problemas e abraçam qualquer proposta
que pareça atender as suas necessidades. Por aí vão junto o ódio a imigrantes,
que imaginam avançando sobre seus precários empregos atuais, a resistência à
política tradicional, o preconceito racial, o abraço a ideias exóticas para
resolver os problemas econômicos e por aí vai.
Quando manifestantes vão às ruas, como no Brasil, para
reclamar de “tudo o que está aí”, sem abraçar nenhuma proposta para resolver
os seus problemas, querendo nada mais que a saída (o que não é pouco) dos atuais governantes e a prisão de políticos e empresários
corruptos, incluindo aí até mesmo gente da oposição, abre-se uma janela de oportunidades
para gente como Trump e Bolsonaro.
Seria bom, aqui, e o mais rapidamente possível, que
políticos, veículos de comunicação, a tal sociedade civil organizada e os cidadãos
bem intencionados, prestassem mais atenção ao que acontece nos EUA, ressalvadas
todas as diferenças. Ou a sociedade começa a pensar melhor sobre o que quer,
além do “fora fulano e beltrano” e da moralização da politica, com o fim da
roubalheira institucionalizada, ou vamos terminar elegendo qualquer um que pode
ser mais uma decepção que solução.
E bom refletir sobre isso. Antes que, aqui como acolá,
seja tarde demais.
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