ELEIÇÕES 2018: CONVÉM PRESTAR ATENÇÃO NA ITÁLIA.

Como assim na Itália? Porque a Itália teve a sua Lava Jato, a tal de Mãos Limpas, e podemos aprender alguma coisa com isso antes que seja tarde demais. A pergunta é: o que resultou depois da operação, que lá – e como provavelmente terminará aqui – onde a louvável ação de perseguir e prender corruptos, terminou, tendo como efeito correlato, a liquidação da classe política democrática? O avanço da direita burra e xenófoba. Ah, direis, mas és a favor da corrupção, de deixar tudo como dantes no quartel de Abrantes? Nada disso. Minha implicância é com os efeitos colaterais, com o resultado de se deixar tudo, literalmente tudo, nas mãos dos justiceiros.

O que vemos aqui, e foi visto lá, foi o judiciário assumir o protagonismo na cena política. Criou-se um clima de vamos acabar não só com os corruptos, mas com a classe política toda (que é por natureza corrupta) e, por via de consequência, o que é muito pior com a polí

tica. O resultado pode ser visto nos eleitos na recente eleição italiana: predominância do populismo, de uma direita hostil a imigração e a comunidade europeia.

Berlusconi: rindo a toa.
A coligação que chegou em primeiro lugar foi a do Silvio Berlusconi com 37% dos votos. Dentro desta coligação o partido mais votado: a Liga do Norte, neofascista, com 17,37%. Em segundo lugar o tal de Movimento Cinco Estrelas, fundado pelo humorista Beppe Grillo, em cujo programa e ideias estão o ódio à política e aos políticos, colado na coligação do Berlusconi.

Por sorte a Itália, pelo menos por enquanto, é um país que está entre as 10 melhores economias do mundo e, por tanto, tem uma certa gordura para gastar. O problema é que, nessas condições, o futuro pode ser bem sombrio. Para azar nosso, as coisas aqui podem andar bem mais depressa, pois não temos gordura nenhuma.

Grillo: ódio à política
Neste cenário obscurantista os russos também venceram. Como assim os russos? O resultado dessas eleições foram influenciados claramente pelos russos, em mais uma das suas rodadas mundo afora, interferindo em processos eleitorais. Está mais do que provado que as redes russas trabalharam assiduamente para aumentar o cacife da extrema direita, atuando junto aos meios de comunicação, para impulsionar o populismo, o nacionalismo torto e a xenofobia.

E aí vale a pergunta: o que eles ganham com isso? O mesmo que ganharam com Trump e o que estão tentando em todos os países onde possam desestabilizar a democracia, a União Europeia e a ordem mundial atual. Ao ajudar a eleger gente, no mínimo perigosa perigosa e tacanha, como o atual presidente americano, os russos buscam o protagonismo que perderam, com o fim do império soviético. Ao mesmo tempo em que lutam, ainda que não diretamente, para evitar que a China assuma o lugar que lhes pertenceu no passado.

Barroso: cruzada moralista e retrógada
Ainda há muito o que falar e pesquisar sobre essas interferências russas nos processos eleitorais mundo afora, mas – neste momento – o que precisamos refletir é sobre o protagonismo do judiciário brasileiro, que hoje se intromete em tudo, sendo muito o que não lhe diz respeito, incutindo na população o ódio e o desprezo pela política. Não se trata de proteger meliantes. Se trata de restringir o judiciário às suas funções de poder moderador e nada mais que isso. Ou melhor, que olhe também para suas questões internas, pois se aplicada a eles a mesma cruzada moralista, que tenham implantar no País, poucos deles se safariam. Basta lembrar o auxílio moradia, que recebem mesmo morando em endereços próprios, nas suas cidades de origem, e dos penduricalhos mil que o populacho jamais sonharia em ter acesso.

Dos políticos espera-se atos de coragem e de resistência a esta revolução moralista as avessas. Precisam deixar de aplaudir as ilegalidades e perseguições oriundas do voluntarismo e da vaidade dos magistrados, mesmo quando dirigida a adversários. Não haverá vencedores neste processo. Hoje uns, amanhã todos.

Não é preciso ir às primeiras e segundas instâncias para se constatar a bagunça instalada. Basta olhar para o Supremo, onde decisões cruciais para a vida do País, são guiadas pela vaidade e voluntarismo dos seus membros, num processo que começou no chamado Mensalão, ganhando fôlego insuspeitado com a composição atual da corte.

As eleições deste ano, sejam lá quais forem os personagens que consigam chegar a reta final, poderá nos levar para um futuro mais ou menos certo ou vamos todos dançar, todos, irresponsavelmente, à beira do abismo. À classe política cabe o papel de trazer de volta a esperança e a seriedade que só a política, a verdadeira política, pode proporcionar a nação. Aos cidadãos assumir o controle, participando cada vez mais da política, assumindo o protagonismo, forçando a criação de instrumentos de fiscalização e controle, para manter a classe politica, o judiciário e todas as demais instâncias de governança nos seus devidos lugares e sujeitas a recall tão logo extrapolem as funções que exercem. Não existe outra saída.


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