BEM VINDOS AO IMPEACHMENT II


Michel Temer, que deixou subitamente de chamar Dilma de “presidenta”, (como fazem os adeptos da mandatária, flexionando o gênero do cargo – rsss), um sinal bem claro seu desembarque do Governo, deu – na verdade – em  sua carta,  a senha para a revolta geral do PMDB e a retomada do controle do partido pela ala que está de olho já no próximo governo e que considera o atual com seus dias contados.
 
O movimento começou com o apoio a tal de Chapa 2 para a Comissão Especial do Impeachment e culminou, por enquanto, com a destituição pura e simples do deputado governista Leonardo Picciani da liderança do PMDB.

Do lado governista, muito ruim de estratégia e que sempre parece surpreso com os acontecimentos, a tentativa de recorrer ao STF por discordar dos ritos adotados pela Câmara, termina por beneficiar justamente a oposição, ao postergar o processo, , que deseja prolongar ao máximo o emparedamento da presidente, dando chances para a crise econômica se aprofundar e quem sabe os descontentes irem finalmente às ruas e os oposicionistas conquistarem os votos que ainda lhes faltam.

Temer pode ser um mal escriba de cartas à Presidência, mas é uma raposa política, da melhor estirpe, e já tinha percebido que assumindo o processo de transição terá o apoio, entre outros do PSDB, que embora não tenha lá esses interesses todos neste tipo de arranjo, ao mesmo tempo deseja, neste momento, uma nova eleição presidencial e não sabe direito como sair da sinuca de bico em que está metido.

O vice-presidente também não é exatamente uma figura popular, ainda que em patamares muito inferiores ao da presidente. Segundo o Ibope, 40% dos brasileiros acham a sua atuação, como vice ruim ou péssima. Empossado pode ter que enfrentar a revolta das ruas, caso – praticamente impossível – não consiga, em pouco tempo, dar uma reviravolta na economia que agrade a gregos e troianos.

A ala do PMDB que quer se livrar a todo custo do PT, de olho, por enquanto, nos municípios, mais tarde nos Estados e ao infinito e além, não tem, agora, pelo menos, a força para controlar o partido, nem conta com quadros, em número e qualidade suficientes, para se colocar acima da crise. O novo líder na Câmara já assume enredado com o setor de mineração, de cujo código foi relator, favorecendo empresas que financiaram boa parte de sua campanha e que não estão exatamente no topo da preferência popular, tendo em vista o mar de lama que lançaram sobre Minas Gerais.

Do outro lado, digamos assim, o ainda presidente da Câmara, Eduardo Cunha, usa todos os recursos ao seu alcance e aproveita a confusão e a perplexidade que acomete todos os lados, para tentar evitar a sua cassação. Sua afoiteza, na defesa única dos seus próprios interesses, pode inclusive prejudicar o andamento do processo de impeachment.

O problema para todos os envolvidos é que, à medida em que vão se radicalizando posições e medidas extremadas são adotadas, a roda começa a girar por conta própria. Ninguém tem nas mãos a condução do processo, seja lá qual for o lado em que se encontra. Enquanto isso, as notícias econômicas continuam assustando e ninguém sabe ao certo qual será mesmo o futuro que nos aguarda.

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