POLÍTICA NA REDE: A ERA DA MENTIRA?
Estamos
vivendo tempos estranhos, onde é difícil olhar para fora e – por isso – muitas
vezes, ou na maioria delas, voltamos o nosso olhar para dentro. O foco deste post é, por conta disso, uma
tentativa de análise do que acontece nessa tentativa de autoconhecimento, desse
desejo de entender também o que se passa no “mundo lá fora” que nos leva a
informação e contrainformação na internet e nas redes sociais, um ambiente,
para o bem e para o mal, onde está se formando uma consciência coletiva, mas que
em vez de abraçar – para fora – que ela nos oferece, o que vemos, numa
constância assustadora, é um afundar num mundo escuro, de mentiras e de
difamação, principalmente nas discussões políticas, onde todos, sem exceção são
demonizados e vistos como mentirosos.
É
nesse ambiente, nos mundos off-line e online, que prosperam, cada vez mais, os líderes mentirosos, que não se acanham das
suas inverdades, pelo contrário, fazem delas um trampolim para vencer. O
problema é que boa parte dos eleitores parece não se preocupar com isso e quer
ouvir apenas as suas verdades pessoais, ouvir a reverberação das suas crenças e
preconceitos. Quando fogem desse posicionamento, rebelam-se contra todos os
políticos, abominam, odeiam a política, como se fosse possível viver, mudar,
construir um novo mundo sem ela.
No
mundo virtual a mentira se apresenta, e é aceita, com o mesmo peso da verdade,
num processo de exacerbação crescente que assusta. Poucos vão a internet e nas
redes sociais em busca de informações e argumentos verdadeiros. Estão no
ambiente virtual apenas para confirmar as suas convicções e atacar aqueles que
consideram adversários, sem qualquer concessão do diálogo e ao contraditório.
Em
seu novo livro, The Internet Us, o
filósofo Michael Lynch, levanta a tese de que as inovações tecnológicas podem
estar produzindo um paradoxo: hoje sabemos mais, temos muita mais informações
disponíveis, a distância de um clique, mas, apesar disso, parece que estamos
compreendo menos.
Dito
de uma outra forma, a internet democratiza o acesso a informação, onde a
verdade está ali, ao alcance de qualquer um conectado, mas a desinformação e a
mentira também estão lá e o que é pior, junto com aqueles que as fazem
prosperar. E se não soubermos diferenciar podemos nos perder facilmente.
Ouso
dizer que este é – ainda que numa certa medida – o retrato do que vemos nas redes
sociais aqui no Brasil. De um lado aqueles fechados em torno de suas verdades,
demonizando todos os demais que ousam contestar, mesmo que em parte, as suas
verdades e posicionamentos. Do outro lado, uma parcela em crescimento dos
descrentes, que abominam todos os políticos e por via de consequência a própria
política, com argumentos onde nem sempre a verdade prepondera.
São tempos
extremamente perigosos, propensos a ascensão de lideranças demagógicas, à
esquerda e à direita, que mentem deslavadamente e estimulam o ódio, o
preconceito e o caos.
Cabe
às pessoas de bem lutar com muito vigor contra isso, principalmente nas redes
sociais, ainda que não exclusivamente. É preciso descortinar a verdade,
propaga-la, dissemina-la. É preciso denunciar a mentira e estimular o hábito da
discussão sem preconceito, do apreço pelo contraditório. É preciso resgatar a
política, a política verdadeira, aquela que vai ao coração das pessoas, que
lida com a verdade. Se não fizermos isso, vamos abrir caminho para as forças
escuras, do retrocesso, as promotoras do caos, da desordem e da infelicidade.
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