A CONFUSA, PARA DIZER O MINIMO, PESQUISA ELEITORAL DO DATAFOLHA.


Está aberta a temporada das tais pesquisas de intenção de voto e boa parte delas são confundem mais  do que esclarecem. 
Um ótimo exemplo está na mais recente, divulgada pelo Data
Folha, onde se pretende avaliar as candidaturas a Presidência da República.

Pra começo de conversa são nada menos que oito cenários, onde entra todo mundo, inclusive gente que sequer manifestou a intenção de concorrer a Presidência.

Difícil imaginar o que o pobre do entrevistado pensa realmente ao ter que dar tratos à bola para escolher suas possíveis preferências nesse cipoal de alternativas e muito menos o que se pode aferir desses resultados.

Vamos ver para começar, o que deu na espontânea, aquela em que o entrevistador faz uma pergunta simples: sem apresentar os nomes dos possíveis candidatos
Lula é citado, segundo a pesquisa, por 17% dos entrevistados (o mesmo resultado atingido em novembro passado) e Bolsonaro por 10% (dentro da margem do último levantamento, quando marcou 11%). Ciro Gomes apareceu com 2%. Alckmin e Álvaro Dias com1%. Os demais citados não atingiram 1%. A fatia dos que não souberam apontar nenhum nome é de 48% (patamar similar ao de novembro: 46%). Além disso, 19% declaram votar em branco ou nulo. 

Ou seja nada de novo no Quartel de Abrantes. É um cenário que – nem precisa de bom senso, basta o comum mesmo para avaliar – corresponde ao que se poderia esperar do distinto público. As pessoas não estão decididas neste cenário confuso da politica brasileira. Quem pontua alguma coisa é quem está em evidência, para o bem ou para o mal e trabalhado intensamente nas redes sociais, e que tem recall por conta das suas atuações passadas e recentes, que os colocam na mídia. 

A coisa fica realmente confusa quando o instituto apresenta nada menos que oito cenários em combinações cujos critérios são difíceis de entender, colocando a tirando possíveis candidatos

No balaio dos oito cenários, na base do tira um e bota,  a variedade é grande e tem até gente de um mesmo partido, como Jacques Wagner e Fernando Haddad marcando presença em um mesmo cenário, como se isso fosse possível. Até o presidente Temer marcou presença na avaliação. 

Ah, direis, mas isso é para avaliar o eventual potencial dessas candidaturas.
Em primeiro lugar vários desses incluídos sequer cogitam em se candidatar. Com base em que critério foram colocados para avaliação? O do “talvez que sabe”, competindo com outros que são, de fato, pré-candidatos? 

Existem outras formas de avaliar nomes. Colocar todo mundo no mesmo balaio e fazer com que o eleitor faça um exercício desse calibre a pelo menos sete meses antes da eleição não conclui coisa nenhuma. Um estudo real das tendências atuais do eleitorado e para onde elas podem apontar exige bem mais que uma pergunta na base do “se as eleições fossem hoje e esses fossem os candidatos em quem você votaria”
 
Lula, por exemplo, foi avaliado em cinco deles. Bolsonaro, Jacques Wagner, Fernando Haddad, Rodrigo Maia, Luciano Huck, Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Álvaro Dias, Marina Silva, Henrique Meireles, Manuela D’Ávila, Fernando Collor, João Amoedo, Paulo Rabello de Castro, Guilherme Boulos, João Doria, Joaquim Barbosa e Michel Temer também estiveram presentes em vários. Caberia até uma versão simplória daquele comercial da Justiça Eleitoral sobre a biometria: vem pra pesquisa, vem. Não pode faltar ninguém.

Outra coisa pra lá de confusa é a avaliação da condenação de Lula.
As perguntas sobre o “destino de Lula” são essas aí:

Na sua opinião, Lula vai disputar a eleição?
Para 43% não irá. Já 32% acreditam que sim, com certeza e 21% talvez.
A outra é: Na sua opinião, Lula deveria poder disputar a eleição?
51% acham que ele deveria ser impedido de participar da disputa, enquanto 47% vão na direção contrária e acreditam que ele deveria disputar. 4% e 2%, respectivamente cravaram o "não sabe".
 
Elas não expressam o que as pessoas pensam efetivamente sobre Lula. E hajam cruzamentos para se chegar, se for possível a alguma conclusão sobre isso.
A tal avaliação sobre a condenação de Lula passa ainda por um dos mais interessantes itens do questionário e se restringe a tentar saber se os eleitores acreditam que o ex-presidente tinha ou não conhecimento da corrupção. 

Para a maioria dos entrevistados (54%) Lula “sabia da corrupção em seu governo e deixou que ela ocorresse”. 29% acreditam que “ele sabia mas não podia fazer nada para que ela não ocorresse” (13%). Não opinaram 5%. Com esse tipo de perguntas não é possível saber se as pessoas acreditam ou não na participação direta do ex-presidente na corrupção do seu governo e dela se beneficiado. Do jeito que foi feita no máximo ele deixou acontecer. Ah, no entanto, mais adiante pergunta-se se o julgamento e a pena a que foi condenado foram justo ou não. Ah, tá. Chega-se lá por vias transversas, mas qual o motivo para não se fazer uma pergunta direta?

A culpabilidade de Lula fica intuída, mas não claramente, quando 53% dos entrevistados declaram que Lula deve ir para a prisão, uma variação de apenas um por cento com relação à pesquisas anteriores. Para 44%, no entanto o ex-presidente não deveria ser preso (em setembro 40%). Ou seja, nada mudou de lá para cá.

Apesar disso, a maioria (56%) avalia que Lula não será preso, um número menor que os 66% que acreditavam nessa possibilidade em setembro do ano passado. Ainda assim, o percentual dos que ainda acreditam na prisão subiu de 28% para 39%.  Restou saber algo além dos  percentuais as respostas: quais os motivos que fazem os eleitores acreditarem nas nessas duas possibilidades.

Informados de que o julgamento da semana passada condenou o ex-presidente Lula a 12 anos e um mês em regime fechado, 50% consideraram a decisão justa, e para 43% foi injusta, além de 7% que preferiram não opinar. 

Entre os brasileiros mais pobres, com renda mensal familiar de até 2 salários, 51% avaliaram a condenação injusta, e para 41% foi justa. Entre quem tem rendimento de 2 a 5 salários, 60% avaliam que a condenação foi justa, e 36%, que foi injusta. Na parcela com renda de 5 a 10 salários, 64% indicam que houve justiça e 34%, que houve injustiça. Entre quem tem renda superior a 10 salários, 62% indicaram que a decisão foi justa, e 34%, que foi injusta. E aqui nada há a estranhar.


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