PETRALHAS X COXINHAS: CHEGA DESSA DUALIDADE.
Firmou-se conceito: todo sujeito pertencente ao PSDB e afins é reacionário, quer ver o pior para o Brasil e ainda por cima é, muito provavelmente, pedófilo. Por outro lado, qualquer um que pertença ao PT ou simpatize, ainda que vagamente, com o partido e com a sua política é ladrão contumaz. Não é possível, não existe, nenhuma possibilidade de diálogo entre as partes. Não é preciso pertencer a qualquer desses grupos ou agremiações, correntes políticas ou seja lá como se queira chamar, basta apenas emitir uma opinião qualquer, uma ideia qualquer, um conceito , ainda que – remotamente – possa parecer ou ser contra conceitos e ideias da corrente adversária, que isso é suficiente para ser enquadrado, classificado e execrado.
A tolerância entre uns e outros é zero. Não importa o
que esteja em pauta. É o nós contra eles, independentemente de quem seja o nós ou
o eles. Não há, pela lógica dos dois grupos, opositores, mas apenas inimigos a
serem exterminados. Ninguém troca ideias, só insultos. Ninguém escapa, ninguém
está a salvo de ser classificado e marcado como pertencente a um lado ou outro
e por consequência sujeito a insultos.
Assuntos ridículos, qualquer assunto é colocado no
quadrado: coxinha, petralha. Pronto. Não se vai mais a lugar nenhum.
Quais foram os motivos as razões que nos levaram a
tamanha intolerância e aonde chegaremos agindo dessa forma? Esquecemos como
fazer política, esquecemos como negociar com aqueles que divergem de nós por
qualquer motivo.
Em política, para não falar no trato social cotidiano,
é preciso dialogar. Não é crível que a verdade esteja, integralmente, com
apenas um dos lados. Para os “governistas” não existem erros nem nada a
melhorar, para os “oposicionistas” não há nada de certo ou louvável nesta ou
naquela ação de governo. Para os que não fazem parte de nenhuma das duas
correntes, o limbo, já que qualquer opinião ou comentário irá enquadra-los,
necessariamente em uma das duas “correntes”.
A crítica, ou mesmo uma simples discordância, virou
crime de lesa-pátria.
A radicalização, a intolerância, já dá seus primeiros
sinais nas ruas. Precisamos de uma mudança de hábitos já. O país precisa de homens e mulheres dispostos
a nos conduzir para um futuro melhor. E esse futuro não é exclusividade de
nenhum grupo, de nenhuma facção, dessa forma ortodoxa como tudo vem sendo
tratado. Ninguém precisa sair por aí aos
beijos e abraços, mas se as pessoas de bem não demonstrarem nenhuma tolerância,
não conseguirem enxergar o outro, não forem capazes de conviver com a
diversidade não teremos futuro.
A intolerância
é o primeiro passo para a tirania, para a ditadura. Já vivemos isso. Não
precisamos reviver.
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