SAI DILMA, ENTRA TEMER, SAI TEMER ENTRA...?



Fora  Dilma, fora Temer, fora todo mundo não é a solução para os nossos problemas.

Por um momento, parece-me,    todo mundo, ou quase todo mundo, acreditou que todos os nossos problemas “se acabaram-se” com a saída da Dilma da Presidência. Bastava Temer assumir que – num passe de mágica – viriam o crescimento, a punição de toda a ladroagem, o emprego farto e por aí vai. Volta e meia retomamos os “fora fulano, beltrano e sicrano”, na vã esperança que defenestrando uns e outros da vida pública, resolvemos os todos os nossos problemas estruturais. O que não significa que fulanos, beltranos e sicranos não mereçam cair fora, pelo contrário. O que não vale é acreditar que isso basta.

E pra seguir na conversa... ok, ok, o “fora Temer (seja lá por que motivo for, não importa) resulta em que mesmo? Em eleições indiretas, pelo Congresso Nacional, como prevê a Constituição, em caso de vacância nos dois anos finais do mandato?  Por antecipação das eleições gerais, previstas para 2018? E aí? Vamos com qual “Salvador da Pátria” de plantão, para nos meses seguintes estarmos gritando, novamente, mais um “fora não-sei-quem-qualquer? Não se trata aqui, de defender o governo Temer, mas de indagarmos sobre o que precisamos realmente fazer para – no mínimo – pararmos de escavar o fundo do poço, onde nos encontramos. E, sem esquecer, quais os tipos que temos, de plantão, para substitui-lo. Temos algumas opções que, sinceramente, melhor ficar com o que já temos.

O “fora todo mundo”, infelizmente, está vindo junto com a demonização da classe política e, pior, da própria política, com o paralelo e desnecessário endeusamento do judiciário. Cadeia para a ladroagem é algo salutar, seja lá quem for o ladrão, mas também não está nos presídios cheios, nem nas mãos falsamente limpas do judiciário, toda a solução dos nossos problemas.

Sem a política, sem a classe política o que teremos pela frente é a ditadura. E engana-se que imagina que ditadura só acontece quando os coturnos deixam os quartéis e vão para as ruas e depois aos palácios. E, também, não adianta incluir, no “fora todo mundo”, o povo, responsável final por ter elegido todo mundo que está, ou estava, aí no poder. O povo não é uma entidade única, formado por um só pensamento e uma única ação. E no povo estão incluídas todas as poderosas corporações, incluídas aí as que representam o judiciário, que se opõem as mudanças necessárias para nos tirar do atoleiro, com Temer ou com quem quer que seja.

A FAVOR DAS REFORMAS, PERO NO MUCHO.

Todo mundo se diz a favor das reformas, a retomada do crescimento e das oportunidades, mas desde que os sacrifícios sejam feitos pelos outros. A igualdade de todos parente a lei, não faz parte da nossa cultura, muito menos que todos terão que fazer sacrifícios se quisermos sair do fundo do poço, se não quisermos passar a ser um país “esquecido pelo mundo, envolvido apenas com os nossos problemas, cada vez maiores.

Os funcionários públicos não podem continuar tendo um regime diferenciado, das demais categorias de trabalhadores, nas suas aposentadorias. Os políticos também não. E o judiciário muito menos, com seus penduricalhos salariais, como auxilio paletó, de moradia etc., etc. As relações trabalhistas precisam de uma reforma. Os privilégios de corporações, classes e atividades também. Isso para ficar em poucos exemplos. O mundo ideal da Constituinte de 1988 acabou. Não existe mais. 

Precisamos urgentemente de honestidade, muita disciplina, de muito trabalho e aprender a poupar. Isso no sentido amplo. Governantes, as castas, as corporações, o povo, todo mundo precisa aprender isso e já. Não se reconstrói um país sem sacrifícios, mas eles tem que ser gerais. Todo mundo tem que pagar um preço, ainda que este preço seja diferenciado pelas posses. Quem tem mais, quem tem menos...

E, por fim, precisamos esquecer, e já, o “fora todo mundo” como fórmula para sairmos da crise. Quem merecer ser posto para fora deve sair. O expurgo é necessário, geral,  irrestrito e inadiável, mas ele, por si só, não salvará o país.

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