JAIR DORIA X JOÃO BOLSONARO
Ainda que em formatos e conteúdos diferentes, o prefeito de São Paulo, João Doria e o deputado federal Jair Bolsonaro tem conseguido espaço na mídia, como potenciais candidatos à Presidência da República. Em comum, os dois, registram em pesquisas recentes um índice alto de desconhecimento, algo em torno dos 30%, do eleitorado brasileiro. Com essas taxas, supõe-se, teriam ainda grandes possibilidades de crescimento, seja na aprovação ou rejeição de suas eventuais candidaturas.
Os dois tem mais coisas em comum: “somos diferentes dos
demais políticos”, como bem observou Bolsonaro, em um evento militar, realizado
em São Paulo, onde estiveram frente à frente pela primeira vez e trocaram
delicadezas.
Bolsonaro é candidato declarado a Presidência. Doria é
frequentemente citado como um potencial candidato, por amigos (ou seriam
inimigos) e ultimamente abusa dos discursos com um tom nacional, criando
inimizades entre as hostes do seu padrinho, o governador Geraldo Alckmin.
Mas o que torna atraentes os dois, capazes de mobilizar um
exército bastante significativo de eleitores que os aprovam? Bolsonaro é
nitidamente de direita. Ou melhor da extrema direita, o tipo de político que
ameaça consertar “tudo isso que está aí” usando a força. Doria apresenta-se
como gestor, afastando-se, sempre que tem oportunidade, das características dos
políticos tradicionais.
Se Bolsonaro abandonar, pelo menos em parte, o seu discurso
ultra radical, pode sem dúvida aumentar e diversificar o seu grupo de apoiadores. Não é difícil
encontrar eleitores enfurecidos com os políticos e com a política em geral, que
podem ser atraídos pela retórica belicosa do deputado. Vale ressaltar que mesmo
radical, o seu discurso encontra eco, inclusive, em setores aparentemente
refratários ao tipo de ideias defendidas pelo deputado. Em palestra na Hebraica
do Rio de Janeiro falou em acabar com as reservas indígenas e quilombolas, além
de restringir a entrada de “qualquer tipo de pessoa” no País e foi aplaudido.
Doria faz o tipo gestor, bem ao gosto dos eleitores cansados
das estrepolias e ineficiências dos políticos tradicionais. Prestes a completar
100 das à frente da maior e mais rica prefeitura do País, apesar do sucesso de
algumas de suas intervenções e de outra nem tanto, ainda falta muito chão para
consolidar ( e ser testado) o seu jeito de governar.
O fato é que os dois retratam, cada um no seu quadrado, o
desalento da sociedade com os seus atuais representantes, no executivo e no
legislativo. Resta saber para que lado penderá a balança, se os votos, no
futuro irão para o modelo “gestor anti-político” ou para a direita mais
radical.
A lançamento de Doria como presidenciável é de uma precipitação
obvia. Já a de Bolsonaro, no momento, parece longínqua de se consolidar, mas
sem dúvida as suas ideias encontram cada vez mais ressonância entre o
eleitorado insatisfeito.
É esperar para ver.
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