Como já aconteceu com outros veículos e meios de informação a morte do livro de papel foi anunciada há mais ou menos uma década. O assassino seria o livro eletrônico, o tal e-reader, que levaria as pessoas a abandonar os livros de papel. Contra todas as expectativa o livro de papel permanece firme e gozando de boa saúde.

Segundo a consultoria Euromonitor, mais de 130 milhões de aparelhos foram vendidos mundo afora desde 2007 e após o pico de vendas em 2011 só fazem cair. No Brasil então que - diga-se de passagem não é exatamente uma liderança em leitura de livros, de papel ou eletrônico - os e-readers só conseguiu alcançar o patamar em 76,2 mil.

Os motivos, para o fracasso da investida do e-readers começam pelo fato dos leitores não conseguirem se acostumar com a novidade. Os livros eletrônicos são frios, se comparados aos de papel, que tem, além da dimensão artística, tato e olfato, qualidades ainda muito apreciadas pelos leitores. O custo também influencia, já que se trata de um dispositivo que não será usado tão constantemente. No EUA, por exemplo, a média de leitura é de apenas 12 livros por ano. No Brasil a média é muito pior: apenas 4,96 livros lidos anualmente.

A venda dos smartphones também influenciou o mercado dos livros eletrônicos, com mais recursos que permitem uma leitura mais cômoda, com modelos inclusive dotados de telas maiores, algumas chegando a até 6 polegadas, tornando-se assim mais atraentes que os e-readers. Não é a toa que os fabricantes dos e-readers começaram a investir em aplicativos para leitura, que podem ser baixados tanto nos dispositivos móveis, como nos notebooks e PCs.

A mudança, digamos assim, de foco, está no reconhecimento de que os compradores de e-readers e um leitor voraz, que compra muitos livros, tanto os eletrônicos como os de papel. Assim, ao contrário de vítima, o livro de papel passou a conviver com o livro eletrônico. Os especialistas acreditam que o futuro dos e-readers pode estar em dois caminhos: seguir vivo, como um objeto de nicho, especifico, mas faturamento o suficiente para se manter de pé ou será vítima dos smartphones, dependendo apenas do surgimento de um celular com uma tela boa de leitura e uma configuração que desligue as notificações.

Vale aqui, para fechar, um trecho de uma entrevista do filósofo Umberto Eco, publicada no EStadão em 2010, onde defendeu o livro de papel, considerado por ele um objeto tão eterno quanto a colher, o machado e a tesoura. Ferozmente criticado na época, hoje a sua visão é a que parece mais próxima da verdade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DE QUEM É ESSE JEGUE, ESSE JUMENTO NOSSO IRMÃO?

UM SONHO DE XOXOTA EM BARRA GRANDE

ABSTENÇÃO: PROTESTO OU DESINTERESSE?