O PAPA, O MEIO AMBENTE E A AMÉRICA LATINA
O Papa Francisco
apresentou no último dia 18 a sua encíclica dedicada ao meio ambiente, apelando
para a responsabilidade de todos na proteção do planeta, “que está sendo
destruído”. É interessante observar, no momento em que a maior autoridade
católica, pela primeira vez, se debruça sobre este tema, como se comportam as
nações latino-americanas, entre elas, obviamente o Brasil, com relação ao
meio-ambiente.
Na verdade, fala-se
muito e faz-se pouco nessa região. Preferimos as palavras aos fatos.
As consequências do
mal trato com o planeta já se fazem sentir, mas na América Latina ainda vigora
a política equivocada de que precisamos primeiro de “desenvolvimento”. A
proteção e o cuidado com o meio ambiente podem ficar muito bem para depois.
Assim o desmatamento
da Amazônia continua, ainda que mais moderado, e tenta-se ideologizar o debate
acusando os Estados Unidos, de fato uma das maiores poluidores do planeta, mas deixando
de lado por conveniências ideológicas, muito mais que as econômicas, a China e
a Índia, onde políticas populistas/desenvolvimentistas tem levado o meio
ambiente ao extremo da degradação, como de resto já aconteceu na antiga União
Soviética e continua acontecendo na Rússia atual.
O descaso com o clima
está hoje mais claro que nunca: furacões, secas, ondas de calor, precipitações
incontroláveis, desaparecimento de geleiras. Tudo indica que não existe
desenvolvimento real quando se luta contra a natureza.
Muita ou pouca chuva
vai afetar a produtividade do campo, pragas e doenças em pessoas e animais vão
aumentar, a biodiversidade será afetada, a oferta de água potável vai diminuir
– a guerra pela água, coisa de ficção, até recentemente, já é uma possibilidade
real, considerada pela ONU. Populações inteiras, que vivem nas regiões
costeiras estão ameaçadas e tudo isso terá um impacto extremamente negativo
sobre a economia.
O desafio para a
América Latina está em esquecer a ideologização do tema e tomar providências
urgentes para salvar as suas riquezas, independentemente dos grandes poluidores
do planeta. Isso não quer dizer que não devam pressionar Estados Unidos, China
e Índia, pelo contrário, mas não podem ficar ignorando seus problemas, a espera
de providências eficazes dessas nações.
A próxima Conferência
Internacional sobre Mudança Climática será realizada em Paris, em dezembro, com
o objetivo de parar o aquecimento em 2 graus Celsius, o que pode significar um
avanço fundamental, mas se olharmos para a conferência que a antecedeu podemos
ter, também, um fracasso total, patrocinado pelos mesmos protagonistas da
degradação ambiental.
Seria muito bom que os
esquerdistas e governos populistas da região, que tanto falam em
desenvolvimento a favor dos pobres, refletissem, um pouco que fosse, sobre as
palavras do Papa Francisco, que deixa claro, em sua encíclica, o que muitos
parecem não querer acreditar: a destruição do meio ambiente prejudica a todos,
mas muito especialmente os mais pobres.
É preciso, como
ressalta o Papa, estimular um novo estilo de vida, com a busca de outras
maneiras de entender a economia e o progresso, o valor de cada criatura, o
sentido humano da ecologia, a grave responsabilidade da política e a abolição
da cultura do descartável.
Queira Deus que as
palavras do Papa tenham alguma ressonância em nossos governantes e dirigentes e
que se faça alguma coisa antes que seja tarde demais.
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