"COMO GANHAR UMA ELEIÇÃO". CAIA DE QUEIXO COM ESSES CONSELHOS.



Em 64 a.C., Cícero, um político romano, apresentou-se como candidato ao posto de cônsul, um cargo importante, talvez o mais importante, na cena política de Roma. Seu irmão, Quintus Tullius, general e também político, escreveu-lhe uma espécie de memorando, o Commentariolum petitionis, para ajuda-lo na campanha.

Para Rubens Barbosa, Presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp, que escreveu a apresentação do livro Como Ganhar uma Eleição, da editora Edipro, “os conselhos nele contidos podem surpreender pelo cinismo e pelo pragmatismo, mas mostram que os costumes e as práticas políticas não se modificaram substancialmente. Em mais de dois mil anos, nada ou quase nada parece ter mudado”.

Vale salientar que Cícero (Marcus Tullius Cicero) ganhou as eleições.  

Segundo Nick Owchar, que escreveu uma resenha sobre o livro no Los Angeles Times, “se estivesse vivo, hoje, não há dúvida de que Quintus estaria ganhando rios de dinheiro como consultor político (...). As palavras (...), que percorreram uma distância de mais de dois milênios até nós, são incisivas e reveladoras: elas nos fazem lembrar que, quando se trata dessa estranha coisa conhecida como política, a natureza humana não mudou muito desde então. O passado, como se vê, nem chegou a passar”.

Cinismo e pragmatismo à parte, vale uma reflexão sobre as palavras de Nick Owchar. O que aconteceu conosco para estarmos convivendo ainda com as mesmas práticas de nada menos que dois milênios atrás? Porque, até hoje, ainda nos defrontamos com os mesmos métodos, as mesmas artimanhas para vencer eleições? A tentação é colocar a culpa nos políticos, que não mudaram, saldo as exceções de práxis, durante todos esses milênios. Mas quem elege os políticos somos nós, que os coloca no poder somos nós. Será que, também como eles, nós os eleitores não mudamos praticamente nada e continuamos a eleger pessoas com base nesses mesmos mecanismos destinados unicamente a arrancar os nossos votos, acreditando em vagas promessas, nos deixando levar por tão pouco? Seria bom pensarmos um pouco sobre isso.

Aqui alguns dos “conselhos” pinçados aleatoriamente. Vale a leitura completa.

-       Três coisas garantem votos: favores, esperança e relações pessoais.

-       Faça promessas de todo tipo. As pessoas preferem uma mentira de conveniência a uma recusa direta. Prometa qualquer coisa a qualquer um.

-       Mas não faça promessas especificas. Fique em vagas generalidades.

-       O candidato deve ser um camaleão, adaptando-se a cada indivíduo  que encontra.

-   Diga aos Senadores que você vai manter os privilégios e os poderes que tradicionalmente tiveram; deixe a comunidade de negócios e os mais ricos saberem que você é favorável à estabilidade e à paz; assegure ao povo que você sempre esteve ao seu lado, tanto em seus discursos como na defesa dos seus interesses.

-   Para impressionar os eleitores dê atenção a cada um deles, sendo pessoal e generoso. Nada impressiona mais um eleitor do que o candidato não ter esquecido dele. Por isso, faça um esforço para se lembrar de seus nomes e rostos

-       Para ganhar eleitores indecisos, você pode fazer-lhes pequenos favores.

-     Uma campanha deve ser competente, digna, mas cheia de vida e de espetáculo, o que tanto atrai as massas.

-      O mais importante numa campanha é incentivar a esperança no povo e criar nele um sentimento de boa vontade com relação a você.

-     Mesmo nas eleições mais corruptas há muitos eleitores que apoiam os candidatos em que eles acreditam, sem receber em troca nenhum.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DE QUEM É ESSE JEGUE, ESSE JUMENTO NOSSO IRMÃO?

UM SONHO DE XOXOTA EM BARRA GRANDE

ABSTENÇÃO: PROTESTO OU DESINTERESSE?