ANISTIA INTERNACIONAL: BIRUTA DE AEROPORTO
Confesso que me surpreendo cada vez mais – e negativamente – com a Anistia Internacional. Na sua ânsia de estar ao lado dos “oprimidos”, coisa aparentemente correta, vem enfiando os pés pela mãos em suas análises e com isso perdendo credibilidade.
Agora
deu de criticar o chamado “abuso das polícias” nas manifestações “pacificas” de
rua. Pra início de conversa todo mundo concorda com o despreparo das polícias
brasileiras. Nenhuma novidade. O problema está quando a Anistia resolve omitir
o papel de toda a rede de comando da repressão e da ação dos vândalos e Black
Blocs da vida.
Parece
que a polícia vai as ruas por conta própria e decide, em precisar se reportar a
ninguém, quando, como e contra quem
vai usar a sua força repressiva. Onde estão
os governadores, os secretários de segurança e afins?
No
documento da entidade, lançado ontem em frente ao Congresso Nacional, “as
autoridades locais” como são chamados, são cobrados apenas pela suposta omissão
na investigação dos excessos policiais.
Fora do documento, o diretor executivo da Anistia Internacional, Átila Roque, afirma que que a proposta é focar no governo federal, que centraliza o comando da segurança de grandes eventos, como a Copa e no Congresso onde tramitam leis que põem em risco o direito da manifestação pacífica.
No final das contas a Anistia vê o problema da violência nas manifestações, aliás muito mais grave fora das manifestações, incluindo aí o comportamento das polícias, apenas por um lado e com ênfase, apesar das tentativas de reparos do seu diretor, em apenas um dos protagonistas.
Governadores e seus secretários de segurança investem pouco ou nada na formação dos policiais, incluindo aí a polícia científica e em inteligência. Resta a clássica política de “descer o pau”. Por outro lado, ao não mencionar os danos provocados pelos desordeiros de “tendências” políticas variadas, criam a fantasia de que todos os que vão para as ruas são manifestantes pacíficos a serem tratados “à inglesa”, o que também é totalmente falso.
O
problema da violência policial excede em muito a repressão às manifestações,
sem contar a violência a que estão expostos, diariamente, os próprios
policiais. No primeiro semestre deste ano, em São Paulo, por exemplo, foram
registradas 156 mortes em confrontos com a PM– fora das manifestações. E 85
policiais militares foram mortos. Números preocupantes, que mereceriam uma
maior atenção da Anistia que as pancadarias relacionadas com as manifestações.
O
que precisamos no Brasil é repensar a política de segurança como um todo e as
manifestações parciais da Anistia, com foco exclusivo nas manifestações e
colocando a culpa exclusivamente nos policiais não ajuda em nada na solução do
problema.
Unificar
as policias, dar ênfase aos setores de inteligência e modernizar a polícia
científica são algumas das providências que melhorariam em muito a segurança e
permitiriam uma ação mais civilizada da polícia, mas resta ainda as condições
sub-humanas dos presídios, onde se amontoam os pobres e desvalidos e uma
justiça arcaica que não faz justiça nenhuma, com suas leis ultrapassadas e
ritos lenientes.
A Anistia prestaria melhores serviços se olhasse para o todo,
e não para uma parte apenas, do problema.
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