Mentirinhas convenientes, sobre a Petrobras, que querem que vc acredite.
Provavelmente nenhum de nós, pobres
contribuintes, sabemos como é que funciona de verdade essa tal de Petrobras,
uma empresa esquisita que horas se comporta com da iniciativa privada, horas
como estatal, responsável, em última instância pela política de preços dos
combustíveis do país.
Pra começar é bom saber que 80% do
combustível consumido no Brasil é feito com petróleo nacional. O restante (20%)
é importado. E aí fica aquela pergunta: Por que – então – os preços dos
combustíveis no Brasil são corrigidos com base no que acontece no mercado
internacional?
Se a Petrobras considerasse apenas os
custos nacionais de produção poderia portanto vender para o mercado não só o
óleo diesel, mas também a gasolina por um preço bem abaixo do atual.
Continuaria lucrando, não tanto quanto gostariam os seus acionistas
minoritários, mas lucraria e ao contrário do que vivem contando por aí, também
não quebraria.
Para isso a Petrobras teria que usar mais e
melhor as suas refinarias que hoje – pasme o caro leitor, opera com dois terços
– apenas – da sua capacidade, coisa denunciada recentemente pelos petroleiros,
que infelizmente escolheram uma péssima hora para isso, confundindo o distinto
público, como se o dia parado fosse exclusivamente em solidariedade aos
caminhoneiros.
Petrobras: muita gente manda, mas só os patos pagam a conta |
A essa altura é lícito perguntar: então,
quais são os motivos que impedem a empresa de tomar essas atitudes? É preciso
ver quem de fato manda na “estatal/privada”.
Um grupo de uns 600 mil (sim, gente que não acaba mais), entre pessoas
físicas, grandes investidores e os tais fundos de investimento. Esse é o
pessoal que se lixa para o tal de interesse social. Do outro lado temos o
glorioso governo federal, que detém 63,5% das ações ordinárias (as que dão
direito a voto) e 23,3% das ações preferenciais (que não votam). Na outra ponta
estão os consumidores (que aqui no Brasil podem ser chamados também de “otários”,
ou “patos”, tanto faz), que formam um contingente variado, composto por pessoas
físicas, jurídicas, proprietários de automóveis, caminhões etc., etc. Nesta
seara que manda de fato é o governo, acionista majoritário, que pode dar, como
quiser, as cartas sobre a política da empresa.
O problema é que cada vez que esse sócio
majoritário se mete na política de preços da companhia, costuma dar as cartas
erradas. Duas decisões recentes são a prova. Primeiro a Dilma congelou os
preços por tempo demais e quase quebra a empresa (não estamos falando aqui de
roubalheira, que é outro assunto). Depois veio o Temer e deixou rolar os
aumentos, praticamente diários, com base na paridade internacional, e deu no
que deu, afetando não só os consumidores comuns, mas também setores importantes
da indústria que utilizam os derivados do petróleo para produzir. Vale
ressaltar, que mesmo as pessoas que não possuem automóvel, também fica a mercê
das oscilações nos preços dos combustíveis, uma vez que, praticamente toda a
produção brasileira é transportada em rodovias e o seu custo reflete nos preços
de todos os produtos de consumo.
O que precisa ser explicado a opinião
pública, e o que tudo indica ninguém tem interesse em tocar nesses assuntos,
são os motivos pelos quais a companhia insiste em fazer reajustes com base nos
preços internacionais, sendo que a maior parte do petróleo que utiliza é muito
mais barato. E mais: porque está diminuindo o ritmo do trabalho nas refinarias?
Esse governo, pego de calças arriadas na
greve dos caminhoneiros, cujo acordo ainda se arrasta com planilhas de custo de
fretes e tudo o mais, sendo refeitas por minuto, precisa também vir a público
se explicar. Afinal, trata-se do tal acionista majoritário da Petrobras, que
tudo pode quando interessa e que – quando não interessa – faz de conta que não
sabe nada do funcionamento da empresa.
Queimaram o Pedro Parente, como se ele
fosse o único responsável pelas trapalhadas na política de preços. Tiraram o
bode da sala, mas não sabem o que colocar no lugar.
Enquanto isso, resta ao distinto público
esperar que as quedas de braços, entre caminhoneiros, governo e todos os
setores que dependem do transporte rodoviário, cheguem a algum final. Por
enquanto vai pagando mais caro pelos produtos disponíveis. Mais tarde só Deus
sabe o que pode acontecer. O que parece ser mesmo a saída dos sonhos do Governo
é que o caso todo vá parar no judiciário. Assim, lava-se as mãos e pronto.
Resta saber como as partes envolvidas
reagirão. E quanto os “patos” poderão aguentar, caladinhos, pagando as contas.
Considerando-se o volume dos problemas que provavelmente virão, não acho que
seja uma boa ideia pagar para ver. Até os “patos” têm um limite de tolerância.
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