AS MANIFESTAÇÕES FORAM PRA CASINHA. E AGORA?



As multidões que saíram às ruas para protestar contra tudo o que está aí e que, em seguida, se encantou com a visita do Papa Francisco e suas lições de humildade, tolerância e atenção para os que mais precisam, recolheram-se às suas casas.

Nas ruas permanecem grupos esparsos, os Black Blocs da vida, os representantes tupiniquins dos Anonymous e, agora, diferentes grupos, aliados de uns e outros, tentando levar a brasa para suas sardinhas.

As ruas, tal como se expressaram em junho, calaram, principalmente pela falta do que propor e por falta de um elemento catalisador da revolta expressa. O povo reclamou de tudo o que está ruim, mas não tem a mínima ideia do que pode ser feito para melhorar.

Os tais de “vândalos” alcunha com a qual se decidiu classificar todos os insatisfeitos e delinquentes de plantão, também ajudaram a espantar aqueles que queriam mudanças, mas não aprovam a anarquia nem a depredação do público e privado.

Políticos e governantes, que se mostraram – de início perplexos e assustados – começam a desconfiar que tudo pode continuar como dantes no quartel de Abrantes.

Será? O tempo nos dirá.

A história, mais antiga e recente, nos ensina que reivindicações, ainda que esparsas e difusas, quando represadas tendem a voltar quando encontram um novo canal – motivo – para se expressarem. Como e quando é esperar para ver.

De resto, ao que tudo indica, não terá grande influência nas questões maiores das próximas eleições de 2014. Em outras palavras, salvo algum acontecimento fora do padrão, não se deve ver uma nenhuma alteração significativa no quadro atual.

A presidente Dilma vai se recuperando. O PSDB e a oposição em geral, não conseguiu tirar nenhuma proveito dos acontecimentos. Marina e Eduardo Campos sobem alguma coisa na avaliação das pesquisas, muito mais por não terem “decepcionado” do que por qualquer virtude em especial reconhecida. O PT está por aí rindo das agruras tucanas, agora também de posse do seu escândalo particular, o tal de cartel dos trens, mas terá pela frente o “novo” julgamento do mensalão.

É verdade também que essas mesmas pesquisas indicam que o contingente  dos “contra tudo o que está aí” continua firme na faixa de um quase quinto do eleitorado, ainda crescendo de certa forma, mas órfãos de pai e mãe, sem ter ninguém que abrace as suas causas e consiga colocar-se como uma liderança capaz de encantá-los.

No mais se ficou alguma lição mais importante tudo isso é que os expedientes políticos, remendos institucionais e providências variadas tomadas por uns e outros como “resposta” as manifestações não foram capazes de responder a nada. O formato usado, por todo o mundo político, sem exceções, revelou-se esgotado.

Como a classe política reagirá a longo prazo, substituindo esse formato, por alguma outra coisa, seja lá ela qual for,  ainda é uma incógnita. A bem da verdade, é necessário deixar claro, esse não é um problema exclusivo dos brasileiros. Políticos e administradores andam perplexos por todo o mundo, em graus variados, mas  – infelizmente – isso não nos ajuda em nada.

A possibilidade de tudo continuar como dantes, até que novas explosões aconteçam é enorme, mas uma janela de oportunidades foi aberta e quem souber aproveitar o momento pode se qualificar e ser protagonista de um novo e promissor momento para o nosso país.

Se nada acontecer vamos continuar na mesma, na espera de sempre pelo surgimento milagroso de algo melhor. Ruim mesmo vai ser se ficarmos presos à máxima do Barão do Itararé: de onde nada se espera é de onde nada virá.





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