NEM LULA NEM O PT ESTÃO MORTOS
Mais
uma pesquisa, estilo corrida de cavalos do Ibope, sobre uma hipotética eleição
presidencial, e lá vem a mesma conclusão, fruto das interpretações aligeiradas
das pesquisas. Aécio venceria, Lula, que por sua vez venceria, por margem
pequena, Alckmin e por aí vai..., donde se poderia concluir que Lula e o PT
estariam, como disse aliás o próprio ex-Presidente, no “volume morto”,
acabados. Mas, como bem ressaltou a Diretora Executiva do Ibope Inteligência,
Márcia Cavallari, em entrevista ao Estado de São Paulo, “é fato que a base do
Lula diminuiu, mas não se pode dizer que ele esteja morto, em termos políticos.
A dúvida é se vai conseguir se recuperar”
É justamente
em cima dessa dúvida que a análise das pesquisas fica interessante, embora nada
no trabalho do Ibope, e não me parece ser esse o objetivo, indique o que
poderia ser feito, pelo o ex-Presidente e o seu partido, para reverter a
situação. Vale, aqui, a título de exemplo, destacar dois depoimentos publicados
no mesmo jornal, sobre a queda na aprovação de Dilma no Nordeste. Maria das
Neves, uma diarista baiana, afirma que “não confia nela (Dilma) e torço para
que o Lula volte e coloque o Brasil no caminho certo de novo”. A Outra baiana, Alcélia
Salomão, recepcionista, não se arrepende de ter votado em Dilma apesar de estar
há um ano e dois meses desempregada, já que em sua opinião o “outro (Aécio
Neves) seria pior”.
Os
nordestinos tiveram um boom de empregos durante o governo do ex-presidente, vivendo
um período de prosperidade que se estendeu ao primeiro governo Dilma, com
incremento real da renda. Sob os efeitos da Operação Lava Jato, do recuo nos
investimentos do governo federal e da paralisia nos programas vitrine do
governo petista, o Nordeste perdeu nada menos de 152 mil vagas de emprego só
nos primeiros cinco meses do ano. E foi basicamente isso que fez com que a
aprovação do governo, do PT e por via de consequência do Lula, caíssem.
A
questão é: conseguirá Lula e, secundariamente, o seu partido, desvincularem-se
do Governo Dilma? Para a diarista e a
recepcionista da Bahia isso seria mais do que provável. Maria da Neves vai
inclusive mais além e torce para a volta do ex-presidente. Uma nostalgia e desejo de volta por tempos
melhores, que certamente não são exclusividade das duas baianas. Ou seja, apesar
da queda o ex-presidente ainda possui uma boa reserva de atributos positivos a
ser explorada. A forma de se desvincular do fracasso do governo Dilma é que são
elas. Bastaria, por exemplo, um pedido de desculpas à nação do tipo errei ao
indicá-la, mas posso consertar os seus erros? Seria o bastante? A ver.
É
nisso que a oposição está de olho, ou melhor, deveria estar. O ex-presidente ainda é
uma pedra no sapato de qualquer um que tenha a pretensão de substituir a atual
mandatária. Os mais afoitos concluiriam que o momento é agora. Nada melhor que
um impeachment para resolver o problema. Acontece que ninguém quer, de verdade,
esse impeachment e todos estão jogado para a plateia. Assumir o governo, nessa
situação não interessa a ninguém, nem ao Temer, nem ao Aécio, muito
menos ao Alckmin, com o restante de um mandato a cumprir, nem a sumida Marina,
que as pessoas sequer lembram que ainda existe, para ficar apenas nos mais
notáveis. O PSDB, com pelo menos três
postulantes ao cargo (Aécio, Alckmin e Serra, este correndo por fora) precisa
primeiro resolver seus problemas internos. Por ora está ótimo assistir ao
desgaste do PT. O PMDB não podia estar melhor. Manda e desmanda e
transformou-se de aliado injetado no grande e fiel
garantidor da paz na República. Para os dois partidos nada melhor que Dilma
continue caindo e contaminando, com a sua queda, o PT e o seu líder supremo até
as eleições de 2018, quando estarão prontos, imagina-se, para a disputa. Por incrível
que possa parecer, numa análise recente bastante correta da colunista Dora
Kramer, o PT seria o único beneficiário de um eventual impedimento da
Presidente, saindo da situação de vidraça para atirador de pedras, com pelo menos
dois anos pela frente para se recuperar. Uma manobra que sairia caro,
certamente, mas que não pode ser descartada a priori.
Seja
como for, só uma análise bem mais aprofundada do que vai na cabeça dos
brasileiros fornecerá boas respostas para a construção de estratégias
eficientes, seja para a oposição, seja para a situação. A simples leitura das
pesquisas de intenção de voto não conduz a isso. No momento o que elas concluem
é nada mais que o óbvio: pressionados e temerosos com a crise econômica, com a
perda dos empregos e do poder aquisitivo, os brasileiros estão com pouquíssima
paciência para com o governo Dilma e que isso vai contaminando, lenta e gradual
e inexoravelmente, o PT e o seu líder
máximo. E fica por aí.
O
interessante mesmo está em expectativas, esperanças e conceitos como os
expostos pelas duas baianas, que podem revelar muito sobre um cenário político
futuro. É pagar para ver e tudo depende
muito, muitíssimo, do desenrolar da crise.
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